Despedida de Gabigol tem atrito com a diretoria e clima de até logo com Fla
Gabigol manteve a palavra e se despediu do Flamengo com uma grande festa no Maracanã. A emoção da ligação com a torcida teve o momento de catarse no gol marcado já no segundo tempo. Ovacionado, preferiu deixar um clima de até logo e uma promessa de que pode voltar. Mas nem o adeus deixou passar desapercebido o atrito com a diretoria, que ficou exposto para quem quisesse ver.
O que aconteceu
O climão com a diretoria se manteve até o fim. Gabigol entrou no campo antes do aquecimento para ser homenageado, deu apenas um aperto de mão nos dirigentes e recebeu um quadro das mãos do presidente Rodolfo Landim. Ao invés de tirar foto com o trio, ele saiu, apontou para a torcida e evitou as imagens, priorizando apenas os familiares.
Landim foi xingado, mas Gabriel evitou ter muitas reações. Na primeira vez, balançou a cabeça em tom afirmativo enquanto se posicionava ao lado da família para tirar foto com as taças conquistadas. O clima foi de certo constrangimento.
A torcida tomou pela última vez o lado do atacante na história. Além de pedir pelo 'fico' que não vai acontecer, xingou diversas vezes a atual diretoria às vésperas da eleição. Os alvos foram Landim e Marcos Braz, mas este de maneira mais discreta e apenas uma vez. Ele também se despede do Flamengo em dezembro.
Gabigol evitou os microfones. Ele deu entrevista somente para a equipe de transmissão da partida, quando disse sem citar nomes que algumas pessoas não tinham palavra e, por isso, ele estava saindo. Depois, não quis mais falar e passou direto pela zona mista. Ele irá ao Podpah nesta segunda-feira.
A eleição influenciou em tudo que aconteceu na despedida. A diretoria tinha receio de como seria um discurso de Gabigol, o que se confirmou na entrevista ainda no campo. Ele também não teve a chance de pegar um microfone para fazer um discurso ao Maracanã. Houve indefinição até o último minuto sobre uma entrevista do camisa 99, inclusive, mas não só pelo lado do clube. Gabriel era aguardado na zona mista, onde Marcos Braz falou primeiro. No fim, avisou aos funcionários que já tinha falado o suficiente.
Eu tenho palavra, diferente de outras pessoas. Meus pais me criaram como homem, e acho que a coisa mais honrosa do homem é ter palavra. Não tiveram palavra comigo, mas minha palavra é mantida, eu não vou ficar. O que importa mesmo é o que as ruas falam, tenho certeza que quando eu andar na rua daqui a 15 anos ou daqui a 15 minutos, eu vou ser idolatrado, vou ser amado. O que me importa é a torcida, sempre joguei por eles e sempre tentei mostrar que queria ser um deles dentro de campo. Foi paixão à primeira vista, desde o primeiro dia em que eu pisei no Maracanã eu senti algo que acho que nunca mais eu vou sentir na minha vida. O que importa é o carinho que eles têm por mim. Eu sou homem, e homem tem palavra. Gabigol
Sinergia
Com a torcida, porém, o adeus foi cheio de amor. Apesar de a relação ter se desgastado nos últimos meses, o estádio ficou completamente lotado para ver o camisa 99 se despedir com mais de 67 mil pessoas.
Camisas, cartazes, bandeiras e objetos do jogador encheram a arquibancada. Na entrada em campo, um mosaico relembrando os momentos mais marcantes subiu no setor norte.
Foi uma despedida emotiva. Vários torcedores foram às lágrimas, especialmente com o gol, o 161º dele pelo Fla. O pai do jogador também chorou no gramado e prometeu que o filho voltaria.
Gabigol prefere lidar com essa saída do Flamengo como um até logo. Durante a semana, conversou com Marcos Braz sobre a situação e fez uma promessa: quer voltar ao clube. Não depende, claro, do jogador e nem do dirigente, mas esse reencontro ainda pode acontecer antes da aposentadoria.
Seria um sonho [voltar], confesso. Futebol a gente não sabe o que vai acontecer, muita coisa aconteceu. Sou muito grato e tenho uma promessa com aquele ali [Marcos Braz], e ele sabe o que prometi para ele e o que ele prometeu para mim. Então um dia eu acho que eu volto. Gabigol