Como forças políticas do Flamengo e lendas de 81 se mobilizam na eleição
Com o futuro dos próximos três anos em jogo, a mobilização na Gávea é intensa nesta segunda-feira (9) para a eleição presidencial do Flamengo.
Forças políticas de várias correntes do clube e até alguns campeões do mundo em 1981 disputam o voto dos sócios para cada uma das três candidaturas deste ano: Rodrigo Dunshee de Abranches, Luiz Eduardo Baptista (Bap) e Mauricio Gomes de Mattos.
A votação começou às 8h e vai até as 21h. Tem urna eletrônica, o que agiliza muito o processo.
No geral, o clima foi tranquilo ao longo da manhã. Com as campanhas tentando fazer volume em termos de presença na porta do ginásio em que acontece a votação, ficando de olho no resultado da pesquisa de boca de urna.
O cenário aponta equilíbrio entre Bap e Dunshee, com Mauricio correndo por fora.
Quem está com quem?
Desde que a votação abriu, os três candidatos e seus principais apoiadores já estavam na sede do clube fazendo questão de cumprimentar quem passava. A tentativa de colar adesivos por vezes era em vão, quando o eleitor em questão já tinha se decidido pelo concorrentes.
A campanha de situação, de Dunshee, usa camisa roxa. Rodolfo Landim, presidente atual e futuro CEO, caso Dunshee vença, fez questão de participar do corpo a corpo.
Entre os campeões de 1981, conta com o apoio de Nunes, ativo no boca a boca, e Leandro, que também apareceu na Gávea pela manhã.
Entre os nomes da política do Fla, quem apareceu com o adesivo do 3 foi a ex-presidente Patrícia Amorim.
Da parte de Mauricio Gomes de Mattos, que usa a cor azul, a campanha é puxada pela figura do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello. Bandeira é frequentemente parado para fotos e cumprimentado por eleitores das diferentes vertentes. O trabalho de saneamento das contas para que o Flamengo pudesse investir e ganhar títulos não é esquecido.
Bap também recorreu ao azul. Trouxe para o seu lado ex-dirigentes do Flamengo nesta fase moderna e reestruturada do clube. Ricardo Lomba, ex-VP de futebol, Alexandre Póvoa, ex-VP de esportes olímpicos, e o próprio vice da chapa, Flavio Willemann, ex-VP jurídico, são alguns que tentam angariar votos.
Na ala dos campeões de 1981, Zico declarou apoio, mas não veio ao clube. O nome mais conhecido é o do ex-goleiro Raul Plassmann, que decidiu apoiar Bap após conversa justamente com o Galinho.
"Eu confio na administração atual. Vamos dar continuidade naquilo que está dando certo. Aqui vai ganhar o artilheiro, porque é quem faz os gols. Raul e Zico são meus amigos, mas estou lutando por algo que está dando certo. O Flamengo pode se tornar o maior do mundo", disse Nunes.
"Eu passo e cumprimento todos. É um clima cordial, ninguém está fazendo cara feia. Nunes trabalha aqui e não tinha alternativa. Mas não tem confronto. Pelo contrário. É um prazer que ele esteja aqui, porque os pesos são iguais. Nunes foi importante, porque fez os gols no Mundial. Mas eu também fui, porque não tomei gol. Com 0 a 0, sem ninguém fazer gol, também dá para ser campeão. O grande momento pode ser evitar o gol", rebateu Raul, em tom amistoso também.
Pouco antes, o UOL até viu uma "provocação" entre as chapas na entrada da votação.
"Zico é BAP!", gritou uma apoiadora do candidato de oposição.
"Zico não está aqui!", respondeu outro do lado, da situação.
Mas tudo em tom de brincadeira.
Quando a tensão aumenta
De todo modo, o acirramento dos votos deixa, sim, um certo clima de tensão a respeito do desfecho do pleito.
A discussão não é de hoje. A eleição já foi motivo de judicialização. Até mesmo no debate sobre a quantidade de documentos seriam exigidos para votar.
O que prevaleceu após liminar favorável a Landim é a necessidade de apresentar apenas um documento com foto. E não ter que mostrar carteirinha de sócio, como queria a Assembleia Geral, presidida por um apoiador de Bap.
A campanha de Bap, inclusive, está de olho na movimentação e nos dispositivos usados na eleição, para evitar que a "máquina" da situação possa gerar algum tipo de irregularidade.
O candidato chegou a fazer uma denúncia de um suposto uso de um software do clube por parte da campanha de Dunshee, para verificar se o associado teria direito ou não a voto. Mas, ao fim das contas, a denúncia não procedia.
Dunshee e Mauricio Gomes de Mattos têm conversado e dado entrevistas tranquilamente. Bap só fala extraoficialmente. Por superstição, prefere esperar a votação acabar.