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Algoz do Corinthians, goleira do Palmeiras deixou a polícia pelo futebol

do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/11/2024 05h30

O uniforme era preto. Nada do verde atual, que caiu tão bem.

As luvas e caneleiras? Proteção para conflitos. E não para defesas, como nos três pênaltis na final do Paulistão Feminino 2024.

A vida de Kate Tapia era bem diferente anos atrás. Antes de ser algoz do Corinthians, brilhando no título mais recente do Palmeiras, ela era policial na Colômbia.

O "time" era o Escuadrón Móvil Antidisturbios (Esmad), uma polícia de choque da Colômbia.

Tapia tem policiais na família. Mas o futebol falou mais alto. Curiosamente, o esporte já estava em parte da rotina dela também como policial.

Ela fazia parte da escolta que costumeiramente levava o Atlético Nacional ao estádio Anastasio Giradot, em Medellín.

Nessas idas e vindas ao estádio, ainda toda protegida pelos equipamentos da polícia, dava até para tirar fotos com figuras famosas do clube. René Higuita — ex-goleiro famoso pela defesa escorpião — e Franco Armani, goleiro campeão do mundo com a Argentina, foram alguns deles.

Kate Tapia, goleira do Palmeiras, quando era policial na Colômbia - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Kate Tapia, goleira do Palmeiras, quando era policial na Colômbia
Imagem: Arquivo pessoal

O vínculo nas forças de segurança durou cinco anos e meio, quatro deles em Medellín. Nesse tempo, jogava por times locais. Até que em 2017 conseguiu passar num teste para o próprio Atlético Nacional. Em 2018, estava no grupo vice-campeão colombiano.

Tapia era reserva de Karen Hipólito, hoje goleira do Santos.

A vida de policial e goleira começou a ter conflitos de agenda. E a escolha pela bola precisou ser oficial e definitiva, em termos profissionais.

Ela não se arrepende. Chegou à seleção colombiana, foi aos Jogos Olímpicos de Paris e tem dias como os da final do Paulistão 2024 para recordar.

Foi a segunda vez que superou o Corinthians em uma disputa de pênaltis. Quando jogava no América de Cali, pegou duas cobranças diante das corintianas na semifinal da Libertadores 2020.

Agora, pegou três dos quatro pênaltis desperdiçados pelo rival do Palmeiras na final do estadual.

Em dezembro, Tapia completará 32 anos. Ela chegou ao Palmeiras em janeiro de 2023. Mas uma lesão no joelho entre meados do ano passado e perdeu boa parte da temporada atual.

Esportivamente, a colombiana disputa posição com outra goleira com certa badalação: a suíça/brasileira Natascha, que vira e mexe também é convocada. Atuações como no clássico diante do Corinthians ajudam, e muito, nessa concorrência e também em criar uma certa idolatria na famosa escola de goleiros do Palmeiras — que agora tem uma representante feminina.

São Marcos até já ofereceu a auréola para que Kate Tapia faça parte do rol de santos do clube.

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