PM monta operação especial para evitar encontro entre Mancha e Máfia Azul
As autoridades do estado de São Paulo organizaram um esquema especial a fim de evitar um novo confronto entre as torcidas uniformizadas de Palmeiras e Cruzeiro, a Mancha Verde e a Máfia Azul.
O Cruzeiro joga contra o Corinthians, em São Paulo, nesta quarta-feira (20), pelo Campeonato Brasileiro. Na mesma data, a equipe feminina do Palmeiras disputa a taça do Campeonato Paulista contra o Corinthians e a partida foi transferida para Campinas.
A Máfia Azul, organizada da equipe mineira, sofreu uma emboscada de torcedores palmeirenses no fim de outubro. Uma pessoa morreu.
Operação especial
A reportagem do UOL apurou que o transporte de torcedores do Cruzeiro para o duelo contra o Corinthians, em Itaquera, será realizado por rodoviais estaduais. O confronto em palmeirenses e cruzeirenses aconteceu na rodovia federal Fernão Dias, em Mairiporã, no sentido Belo Horizonte.
Em contato com a reportagem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o policiamento para os jogos de quarta-feira (20) será reforçado não somente nos estádios como também no entorno.
A Polícia Militar realiza reuniões preparatórias antes de cada jogo com representantes de órgãos públicos, torcidas e moradores. Esse encontro proporciona a criação de um plano de ação visando traçar não só o policiamento nos estádios, mas também no entorno, terminais de ônibus, estações de metrô e demais áreas. O policiamento será reforçado, através do Comando de Policiamento de Choque e Comando de Policiamento da Capital.
Penúltima rodada do Brasileiro indefinida
Na última segunda-feira (18), Mateus Simões, vice-governador de Minas Gerais, pediu para que o jogo entre Cruzeiro e Palmeiras, pela penúltima rodada do Brasileirão, tenha torcida única.
Cruzeiro e Palmeiras devem se enfrentar na primeira semana de dezembro, com mando mineiro. A CBF ainda não confirmou a data e horário da partida pela 37ª rodada.
Segundo apurou a reportagem do UOL, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, enviou um ofício nesta terça à CBF para sugerir a mudança de local da partida em questão para uma cidade de outro estado, caso o governo de Minas entenda que não tenha estrutura suficiente para garantir a presença de torcedores palmeirenses.
O Palmeiras segue na luta pelo título do Campeonato Brasileiro e entende que não pode ser penalizado com a falta de apoio de seus torcedores em uma partida importante por um crime ocorrido em uma rodovia, em data no qual o clube alviverde não entrou em campo.
Final do Paulistão feminino sofre alteração
Além disso, a Polícia Militar sugeriu a transferência do local da final do Campeonato Paulista Feminino, entre Palmeiras e Corinthians, à Federação Paulista de Futebol (FPF). O duelo seria no Allianz Parque, mas acontecerá no estádio Brinco de Ouro, em Campinas, para evitar um possível novo encontro da Mancha Verde, uniformizada do Palmeiras, com a Máfia Azul, do Cruzeiro.
A decisão do Paulistão feminino poderia até ser adiada, mas foi mantida para esta quarta-feira por causa do acordo da Globo com a FPF, para que houvesse transmissão do jogo em TV aberta.
Relembre o caso
A emboscada da Mancha Verde à Máfia Azul ocorreu por volta das 5h da madrugada do domingo, 27 de outubro, na altura do km 65 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, no sentido Belo Horizonte. Uma pessoa morreu e sete ficaram feridas.
José Victor Miranda, de 30 anos, morreu após sofrer queimaduras e lesões graves provocadas por barras de ferro. Segundo as autoridades, todas as vítimas foram torcedores do Cruzeiro.
A polícia ainda trabalha para prender quem estava presente na ação. Até agora, uma pessoa que faz parte da Mancha acabou detida. O presidente e o vice da organizada também estão envolvidos e são considerados foragidos da Justiça. Houve, inclusive, materiais apreendidos na sede da torcida durante a última semana.
Passos lentos
A investigação policial da emboscada caminha a passos lentos. Quase um mês após o incidente, o caso mudou de delegacia, apenas um suspeito foi preso e seis seguem foragidos.
O caso deixou a delegacia especializada e passou para o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) há uma semana. A Drade (Delegacia de Polícia de Repressão Aos Delitos de Intolerância Esportiva) iniciou o trabalho de apuração, identificou suspeitos e comandou as primeiras operações. A investigação, então, foi para a 3ª Delegacia de Investigações de Homicídios Múltiplos. O UOL apurou que a mudança ocorreu porque a Drade tem menos recursos.
A reportagem ouviu que o DHPP trata o caso como complexo, o que pode fazer o avanço do inquérito evoluir lentamente. O trabalho policial necessário demanda mais investigação e a realização de novas diligências, como mandados de busca e apreensão, para então embasar novas ações.