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VAR demora para tomar decisão por medo de errar, diz ex-árbitra

Nadine Basttos - Reprodução
Nadine Basttos Imagem: Reprodução
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/11/2024 11h00

Nadine Basttos ponderou que a demora dos árbitros de vídeo durante as partidas de futebol deve-se ao medo de errar um lance que já está sob análise. Ao Alt Tabet, do Canal UOL, a ex-árbitra refletiu que, mesmo com esses detalhes que precisam ser ajustados, o VAR trouxe melhorias para os jogos.

Para Nadine, a demora na análise dos lances é motivada "pela insegurança e o medo de errar" dos árbitros. "É o perfeccionismo. São tantas imagens que eu quero olhar todas, sendo que na primeira imagem você já teria tomado a decisão final. Então esse medo de errar fica um perguntando para o outro, aquela conversa demais. É insegurança mesmo".

Basttos afirmou ser "totalmente a favor do VAR", mas admitiu a necessidade de "melhorias" no recurso. "Principalmente a interferência, qual o critério [adotado] pela arbitragem, mas o futebol ficou mais justo, principalmente nos lances claros. Por exemplo, um lance de expulsão claríssimo, que ninguém viu, um gol que seria impedido. Sou totalmente a favor da tecnologia".

Sálvio Spínolla, que participou do programa, também defendeu a tecnologia para melhorar a qualidade da arbitragem. "A solução encontrada é a tecnologia. Agora não dá para aceitar cinco minutos para [analisar um lance], precisa de um melhor protocolo".

Ex-árbitros revelam salário e defendem profissionalização

Spínolla destacou que apenas os cinco árbitros mais requisitados no Brasil ganham bem, com uma média salarial entre R$ 200 mil e R$ 250 mil por ano. "Os cinco principais árbitros do Brasil ganham por ano R$ 250 mil, os demais não. Não é só a questão financeira, o problema é que isso é seleto, para poucos. O mais importante é a segurança jurídica e financeira. O pior desse cenário é que você perde talentos. Vi várias pessoas competentes que abandonaram o futebol porque não tem segurança [na profissão de árbitro]".

Basttos concordou e ressaltou que a maioria dos árbitros não são convocados para apitarem jogos toda semana. "A grande maioria dos árbitros não consegue sobreviver de arbitragem. A gente exerce uma atividade... Antes de eu começar na arbitragem, já se falava que iam profissionalizar [o ofício]. Trabalhei, saí, estou há quase oito anos como comentarista e nada foi feito em relação a isso. Na minha opinião, é necessário. Acho que melhoraria muito o nível".

Ex-árbitro lembra ameaça de presidente do Equador

Spínola contou que a partida terminou em 2 a 1 para o Uruguai e, com o resultado, o Equador ficou fora da Copa — a edição disputada não foi revelada. "Já tive na televisão presidente da República falar: 'vou dar pena de morte para esse árbitro, quero saber onde ele está'. Foi um jogo do Equador e Uruguai, e o Equador ia para Copa com o empate, festa no país, [mas] aos 46 minutos de jogo teve um pênalti. O assistente falou para mim: 'torce para o Furlan chutar para fora ou a gente não sai vivo daqui'. Furlan fez o gol, Uruguai vence por 2 a 1, última rodada das eliminatórias e o Equador ficou fora da Copa".

O ex-árbitro recordou que ao fim da partida precisou de auxílio para deixar o Equador. "Para sair do país foi uma loucura. Acionei o Itamaraty, a FIFA, a CBF. Ninguém me deu assistência. Quem me ajudou foi um amigo árbitro do Equador, porque tinham retido meu passaporte".

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