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Cabeça de porco: morte de torcedor atribuída à Mancha nunca foi solucionada

do UOL

Do UOL, em São Paulo

07/11/2024 12h00

Osni 'Cicatriz' mencionou o assassinato de seu "irmão" corintiano ao se apresentar à polícia por ter arremessado a cabeça de porco para dentro da Neo Química Arena no Dérbi paulista. Na porta da delegacia, ele lembrou da morte causada por membro de torcida organizada rival e que completará dez anos em janeiro sem um desfecho.

O que aconteceu

Osni chamou atenção para o caso de Felipe Augusto Belo Oliveira, conhecido como Dime, jovem torcedor morto em 2015 após sofrer ataque de torcedores rivais. O torcedor citou o assassinato do colega para criticar a repercussão que seu ato está tendo diante de outros eventos no esporte, aludindo à emboscada da Mancha Verde à Máfia Azul que deixou 17 feridos e um morto.

A vítima tinha 23 anos, havia saído de casa à noite para uma festa da Gaviões da Fiel, foi surpreendido por integrantes da Mancha e nunca mais retornou. Dime caminhava sozinho pela Zona Norte de São Paulo quando se deparou com o grupo rival. Foi espancado com golpes na cabeça, roubado e assassinado.

A rivalidade maior está aqui dentro da capital, a desgraça está acontecendo aqui. Está na hora de parar com isso. Agora, por que eu joguei uma cabeça de porco está sendo mais repercutido [que o caso da Mancha Verde]. Osni Fernando Luiz, o Cicatriz

dime - Reprodução/Redes sociais - Reprodução/Redes sociais
Dime, jovem corintiano morto em 2015 por torcedores da Mancha Verde
Imagem: Reprodução/Redes sociais

Não quero defender ninguém, mas eu já perdi o meu irmão para uma torcida organizada. Todo mundo sabe o que eu guardo no meu coração... O Dime, é só pesquisar. Isso já aconteceu e está guardado, eu já perdi um familiar. Eu só fiz uma provocação sadia, saudável. Estão repercutindo muito.

Na época, a polícia identificou um dos suspeitos do assassinato, mas o caso nunca teve uma conclusão em mais de nove anos. O assassinato de Dime era investigado pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) da Polícia Civil.

O integrante da Mancha em questão é um dos foragidos pela emboscada à torcida organizada do Cruzeiro. O UOL estava presente na delegacia na semana passada quando familiares de Dime foram até a Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva) pedindo esclarecimentos sobre a investigação que vai completar uma década. Os parentes decidiram agir novamente após terem conhecimento de que um dos palmeirenses com mandado de prisão pelo ataque à Máfia Azul é o mesmo suspeito de ter cometido o assassinato em 2015.

Cicatriz não é parente de Dime. Apesar de ter se referido ao jovem morto como "familiar", ele era considerado um "irmão de coração". A família diz que Dime era conhecido entre pessoas próximas como um "irmão mais novo" e amigos deram muito apoio após o assassinato.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) afirmou ao UOL que o inquérito policial do assassinato de Dime prossegue e que aguarda o reconhecimento de dois suspeitos. O caso agora está sob responsabilidade da Drade. O UOL apurou que a polícia pediu documentos antigos sobre o caso e que disse à família que as investigações nunca pararam.

O caso citado é investigado pela 6a DEATUR/ Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE). Seguindo uma requisição ministerial, o inquérito policial prossegue, aguardando que testemunhas protegidas façam o reconhecimento de dois suspeitos identificados como possíveis autores do crime. Mais detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial. SSP

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