'Você é um m*': B. Henrique foi expulso nos acréscimos em jogo investigado
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi expulso nos minutos finais após "peitar" o árbitro no jogo que motivou a operação da Polícia Federal que investiga possível manipulação de cartões. A partida em questão foi disputada há um ano, em novembro do ano passado.
O que aconteceu
O UOL apurou que o jogo sob suspeita foi Flamengo 1 x 2 Santos, disputado no Mané Garrincha, em Brasília, em 1ª novembro de 2023. O jogo foi válido pela 31ª rodada da última edição do Campeonato Brasileiro.
Bruno Henrique levou cartão amarelo e vermelho após cometer falta e confrontar o árbitro aos 52 minutos do 2º tempo. Ele primeiro atingiu Soteldo em jogada perto do escanteio e depois discutiu com Rafael Rodrigo Klein.
O árbitro relatou na súmula que Bruno Henrique o ofendeu: "Você é um merda". Na ocasião, Rafael Klein escreveu que expulsou o jogador após o xingamento.
Informo que expulsei por me ofender com as seguintes palavras: 'você é um merda', com o dedo em direção ao meu rosto, após a marcação de uma falta e também após ter sido advertido com cartão amarelo. Rafael Klein, na súmula do jogo
A operação contra BH
A PF deflagrou na manhã desta terça (5) a operação Spot-fixing. Mais de 50 policiais federais e seis membros do Gaeco/DF cumpriram 12 mandados de busca e apreensão. Os nomes dos alvos não foram divulgados, mas o UOL apurou que Bruno Henrique é um deles.
Os agentes foram à casa de Bruno Henrique. Ele foi acordado pelos policiais, que levaram documentos e eletrônicos do atleta do Flamengo. Não há mandados de prisão.
Sede de empresa em que Bruno Henrique é sócio é alvo da PF. A reportagem apurou que os agentes realizaram mandado na BH27 Oficial Ltda, empresa cujo nome é formado pelas iniciais do jogador e pelo número que ele usa no Flamengo, e na DR3 - Consultoria Esportiva Ltda.
A polícia também esteve em instalações do Flamengo. Os agentes estiveram no Ninho do Urubu e na Gávea, sede social. No CT, foram ao quarto do jogador.
Outro lado: a assessoria de Bruno Henrique informou que o atleta não vai comentar o caso por enquanto. O UOL entrou em contato com a assessoria do Flamengo e aguarda um retorno.
Mandados foram expedidos pela Justiça do Distrito Federal. A operação da PF ocorre nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG).
A investigação
Investigação começou a partir de comunicação realizada pela CBF. "De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro", informa a PF, em nota.
No decorrer da investigação, os dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração. "Trata-se, em tese, de crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão", diz o MPRJ.
Flamengo se pronuncia
O Flamengo se manifestou e disse que Bruno Henrique seguirá "exercendo suas atividades profissionais normalmente". O Rubro-negro informou que ainda não teve acesso ao processo, mas afirmou que zela pela presunção de inocência do jogador, que "desfruta" da confiança do clube, e que aguardará o desenrolar da investigação.
"O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, nesta data, da existência de uma investigação, ainda em curso, versando sobre eventual prática de manipulação de resultados e apostas esportivas.
O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência.
O Flamengo esclarece, por fim, que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, a qual já foi arquivada, mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação.
O atleta segue exercendo suas atividades profissionais normalmente. Treina e viaja com a delegação nesta terça-feira, para Belo Horizonte."