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Savério cita divergência de Leila e conta que tipo de relação planeja ter com organizada do Palmeiras

01/11/2024 05h00

A Mancha Alviverde, uma das principais torcidas organizadas do Palmeiras, foi colocada em foco nos últimos dias devido à suspeita de participação em emboscada a um ônibus do Cruzeiro, na Rodovia Fernão Dias, no último domingo. Candidato à presidência do Verdão e opositor de Leila Pereira, Savério Orlandi conversou com a Gazeta Esportiva e falou qual tipo de relação pretende construir com os organizados, caso eleito no pleito do clube.

"Eu tenho uma experiência de quando eu fui diretor de futebol por quatro anos, de manter um relacionamento institucional. É um lugar meio comum falar relacionamento institucional, mas é um relacionamento institucional. E o que é isso? Eu entendo e considero as torcidas uniformizadas como um dos agentes do universo futebolístico. Então você tem arbitragem, as federações, patrocinadores, o torcedor comum e o torcedor organizado. Ele é um agente. Ele é um ator desse mercado e assim ele tem que ser tratado dentro do que é institucional, do que é o clube com seu torcedor organizado. Isso não se traduz com benevolências, com gratuidades, isso nunca aconteceu, na nossa passagem, nos nossos anos. Nunca teve ingresso de graça, nunca teve ônibus fornecido", disse.

Em agosto deste ano, membros da Mancha Verde invadiram a Academia de Futebol, na intenção de cobrar o elenco, que não vivia um dos seus melhores momentos. A situação aconteceu um dia após a derrota para o Flamengo, por 2 a 0, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Posteriormente, a equipe acabou eliminada da competição. À Gazeta Esportiva, Savério comentou esse tipo de situação e lembrou algo semelhante que ocorreu enquanto esteve na diretoria de futebol, entre 2007 e 2010.

"A torcida, às vezes quando tem um momento ruim esportivo, exige determinadas coisas, isso nunca aconteceu e nós nunca nos subordinamos a isso. O exemplo mais recorrente que vem é 'ah, queremos falar com o jogador, queremos fazer reunião'. Isso não acontece. Eu tive um episódio assim, eu passei momentos ruins, eu fui ameaçado de morte em 2008, em 2009 tivemos o momento que trancaram o portão da Academia de Futebol. E naquele dia a gente resolveu com conversa. Eu falei assim 'vocês não vão conversar com jogador, mas se vocês abrirem essa porta nesse momento e retirarem daqui esse grupo grande, um grupo de não menos que três e não mais do que cinco pode ser recebido em meia hora lá dentro'. E foi o que aconteceu. Então, isso é um relacionamento institucional, sem promessa e sem nada", declarou.

No domingo, ônibus do Cruzeiro foi alvo de uma emboscada na Fernão Dias, em Mairiporã, na região metropolitana da Grande São Paulo. A Polícia identificou membros da Mancha Verde como participantes da ocasião e pediu a prisão de seis deles, incluindo o presidente e o vice. Nos dias seguintes ao ocorrido, a Organizada se manifestou através das redes sociais e negou qualquer envolvimento. A FPF proibiu a entrada de torcedores com qualquer objeto que faça alusão à Mancha nos estádios em São Paulo.

"O que se passou no final de semana é algo lamentável, reprovável, não dá nem para falar. Eu acho que é chover no molhado. Eu também condeno expressamente um tipo de episódio desse que foi premeditado, com requintes de crueldade, um negócio, em todos os aspectos, reprovável. Acho que a violência a gente tem que condenar em tudo que é lugar, não tem mais espaço para isso hoje. Não é propriamente uma torcida inteira, é um extrato dela. Não é a única, o Palmeiras tem outras torcidas uniformizadas, tem outra tão tradicional, pode não ser tão numerosa quanto a Mancha Verde, mas é tão tradicional e até anterior a ela e tem aí mais uma umas duas ou três novas, algumas grandes também como a Savóia", disse Savério à Gazeta Esportiva.

Atualmente, a atual gestão, encabeçada por Leila Pereira, tem relação rompida com a Mancha Verde. Contudo, esse cenário foi diferente enquanto a mandatária era apenas conselheira no clube. Antes de assumir a presidência, Leila tinha relação estreia com os organizados, fez investimentos na escola de samba e contribuiu financeiramente com viagem para Dubai, no Mundial de Clubes em 2022.

No início de sua gestão, a relação de Leila com a organizada mudou. No final do último ano, Leila foi duramente criticada por torcedores, que chegaram a pichar muros da sede social do Palmeiras e lojas da Crefisa, empresa gerida pela mandatária e patrocinadora do clube. A empresária, inclusive, chegou a ser ameaçada por perfis falsos nas redes sociais, e pediu medidas protetivas contra os líderes da Organizada.

"O que aconteceu especificamente com a torcida Mancha Verde e com a presidente, eu não sei exatamente as razões que levaram, o que eu sei é que a lua de mel que existiu durante um bom tempo se apoiava, era a chave para acabar mal, para não acabar bem. Eu sempre tive muita clareza disso e sempre falei isso muito dentro do clube para todos. Aquele exagero que aconteceu, que na minha visão, não foi um relacionamento institucional, na medida que batizou quadra esportiva, na medida que deu o dinheiro para ir para Dubai, que deu o nome da torcida ao cachorro de estimação", seguiu.

"Enfim, eu acho que ultrapassou o limite do razoável. Eu acho que isso não pode acontecer. O Palmeiras teve dirigentes anos atrás, por exemplo, que participou de jogo junto com a torcida na arquibancada. Isso, na minha visão, não é correto. Então, extrapolar esse relacionamento aí você perde esse caráter institucional, aí não é mais instituição que está falando. É o cara que é bacana, é o presidente que ele é legal, que assiste ao jogo com a gente, e não é esse o cara que eu quero ser", finalizou.

Em meio à campanha presidencial, Savério Orlandi e Felipe Giocondo (4° vice) da chapa "Palmeiras, Minha Vida é Você", se reuniram com a Mancha Verde para apresentar os planos de gestão. A Organizada, inclusive, evidenciou, no registro do encontro, que a conversa não significava, necessariamente, o apoio ao grupo.

Leila Pereira e Savério Orlandi tiveram suas chapas aprovadas pelo filtro no Conselho Deliberativo do clube e agora aguardam a assembleia dos sócios, que acontece dia 24 de novembro. Nesse processo, ficará definido quem ficará na cadeira presidencial do clube no triênio de 2025 a 2027.

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