Pai de presidente da Mancha chora na delegacia e diz que filho é inocente
O pai do presidente da Mancha Verde, Jorge Luis Sampaio, chorou ao chegar na delegacia do Dope, na Barra Funda, em São Paulo, e disse que o filho é inocente. A polícia cumpre mandado de prisão contra Jorge e outros cinco líderes da torcida organizada na investigação da emboscada à Máfia Azul, organizada do Cruzeiro.
O que aconteceu
Balbino Santos disse que não sabe onde seu filho está: "Se soubesse, falava". Ele estava na casa de Jorge e foi convidado pelos policiais a prestar depoimento na delegacia sobre objetos apreendidos na residência do filho. Balbino atendeu a imprensa antes de depor no local.
Ele se emocionou, disse que o filho não cometeu o crime e criticou: "Querem jogar a culpa nas costas dele". Balbino ainda disse que tentou fazer com que Jorge não fosse de torcida organizada. O pai de Jorge também se solidarizou com a família da vítima da emboscada.
Se eu soubesse [onde Jorge está] tinha entregado para a polícia há muito tempo. Me solidarizo com a família [da vítima]. Balbino Santos, pai de Jorge, presidente da Mancha
É uma emoção de pai, que jamais esperava passar por uma situação dessa. Agora também tenho a dizer: estão querendo jogar a culpa nas costas dele, que é o presidente da Mancha. Se dependesse do pai e da mãe, ele jamais seria de torcida organizada. Eu lutei para isso quando ele tinha 12, 13, 15 anos e não consegui tirar.
Minha opinião como cidadão brasileiro: estão querendo incriminar ele, coisa que ele não deve. Por ele ser o presidente da Mancha Verde, estão querendo jogar um crime nas costas dele, que ele não cometeu. Isso para mim não é justiça.
Balbino já foi liberado e deixou o local junto de Gilberto Quintanilha, advogado que representa Jorge e a Mancha Verde.
Mandados contra Mancha
A Polícia Civil de São Paulo cumpre na manhã desta sexta (1) os mandados de prisão e de busca e apreensão contra lideranças da Mancha. Policiais saíram ainda na madrugada para realizarem os mandados. A Justiça decretou as prisões e a busca e apreensão na última quarta (30).
Duas viaturas voltaram ao prédio do Dope por volta das 6h20 (de Brasília), vindos da sede da Mancha, com os primeiros materiais apreendidos. Os agentes tiraram dois malotes do interior dos veículos. O conteúdo ainda não foi revelado.
São cumpridos seis de prisão e dez de busca e apreensão em endereços em São Paulo, Taboão da Serra e São José dos Campos. Os policiais tentam localizar celulares, computadores, roupas e armas usadas no ataque aos ônibus, além de três veículos identificados na cena do crime.
Os seis integrantes da Mancha com mandados de prisão são o presidente Jorge Luis Sampaio Santos, o vice Felipe Matos dos Santos , conhecido como, Fezinho, e outros quatro integrantes ligados à diretoria. A prisão temporária foi solicitado pela polícia e endossada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
Os mandados são de prisão temporária por 30 dias. O relatório da investigação policial apontou o presidente da Mancha como o "mentor intelectual e principal interessado" na ação, considerada um revide de confronto anterior entre as torcidas ocorrido em 2022. Já os demais foram identificados por gravações ou tiveram participação na emboscada indicada por seus carros sendo flagrados nos arredores da ataque por câmeras de monitoramento.
Todos eles foram enquadrados pela polícia nos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal, delito hediondo, incêndio e associação criminosa, além de promover tumulto, praticar ou incitar a violência.
A investigação
O incidente que aconteceu no início da manhã de domingo (27) envolveu cerca de 150 torcedores de Palmeiras e Cruzeiro. O caso foi inicialmente registrado na Delegacia de Mairiporã (SP), que apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames de IML às vítimas.
Uma parte dos responsáveis pelas agressões que mataram um homem e feriram outros 17 foi identificada pela Polícia Civil do estado de São Paulo através da emissão de sinais dos celulares dos suspeitos e imagens de câmeras de segurança da rodovia.
A investigação está sob responsabilidade da Drade (Delegacia de Repressão as Delitos de Intolerância Esportiva) para a identificação e responsabilização dos envolvidos.
A emboscada
A emboscada deixou um morto e 17 feridos na madrugada do domingo (27). Durante a confusão, um ônibus foi incendiado e a rodovia Fernão Dias chegou a ficar interditada no sentido Belo Horizonte.
José Victor Miranda, de 30 anos, morreu após sofrer queimaduras e lesões graves provocadas por barras de ferro.
Segundo as autoridades, todas as vítimas foram torcedores do Cruzeiro. Eles foram surpreendidos pelos palmeirenses que carregavam artefatos como barras de metal e madeira e atearam fogo no ônibus em que estavam.
As agressões começaram por volta de 5h20 no quilômetro 65 da Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã.
Mancha se pronuncia
Na última segunda (28), a Mancha emitiu comunicado e negou qualquer participação na emboscada. A organizada disse que vem sendo "apontada injustamente" de envolvimento no caso, que classificou como "fatídico e lamentável".
A torcida organizada afirmou que não pode ser responsabilizada por "ações isoladas de 50 torcedores". A Mancha afirmou que conta com mais de 45 mil associados e repudiou o ocorrido, ressaltando que é contrária a atos de violência, e também se colocou à disposição das autoridades.
A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27). O incidente resultou tragicamente na morte de um torcedor do Cruzeiro e deixou outros feridos. Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nosso consternamento aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência.
Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos.
A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo.