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Mancha: líderes não são encontrados e já são considerados foragidos

Do UOL, em São Paulo

01/11/2024 12h26Atualizada em 01/11/2024 16h28

Os seis integrantes da Mancha Verde com prisão temporária decretada, incluindo o presidente da organizada Jorge Luis Sampaio Santos, não foram localizados pela polícia. Eles são procurados pela emboscada à Máfia Azul e agora já são considerados foragidos da Justiça.

O que aconteceu

A Polícia Civil de São Paulo cumpriu os mandados na manhã desta sexta-feira (1). A Justiça autorizou na última quarta (30) a prisão dos seis torcedores organizados e também decretou dez mandados de busca e apreensão em endereços em São Paulo, Taboão da Serra e São José dos Campos.

No entanto, nenhum dos integrantes da Mancha foi localizado nos endereços. Ao UOL, a polícia confirmou que eles já são tidos como foragidos. Viaturas retornaram ao prédio do Dope, na Barra Funda, trazendo materiais apreendidos, mas com nenhum preso.

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Advogado diz que não teve acesso ao processo

Gilberto Quintanilha, que representa o presidente Jorge e agora também a Mancha, afirmou que teve acesso negado aos processos. Na última quinta (31), ele disse que foi informado pela Justiça de que a liberação não seria dada porque os mandados não haviam sido cumpridos. Após a operação policial desta manhã, relatou que seguiu sem acesso.

O advogado afirmou que a defesa está sendo cerceada e citou "ilegalidade". Ele esteve na delegacia do Dope diversas vezes nesta semana.

Tivemos a informação agora de que não vão liberar o meu acesso ao processo uma vez que não foram cumpridos os mandados ainda, isso demonstra claramente o cerceamento de defesa e por esse motivo a defesa não vai se pronunciar enquanto persistir essa ilegalidade. Importante frisar que lamentavelmente a imprensa está tendo acesso a todo o conteúdo do pedido de prisão temporária Gilberto Quintanilha, na última quinta.

Quintanilha acrescentou que ainda não tratou com a polícia sobre uma apresentação de Jorge. Ele aguarda ter acesso ao processo para determinar quais serão os próximos passos da defesa..

Apreensões realizadas

Policiais foram à sede da Mancha logo cedo e voltaram de lá com os primeiros materiais apreendidos na ação. Os agentes arrombaram a porta do estabelecimento, na Rua Turiassu, e cumpriram a ordem judicial. Duas viaturas voltaram ao prédio do Dope por volta das 6h20 e tiraram dois malotes do interior dos veículos. Eles apreenderam documentos, maquininhas de cartão e um cofre.

A polícia também apreendeu uma barra de ferro, roupas, um taco de golfe e um Celta no cumprimento de outross mandados contra lideranças da Mancha Verde. Ainda não foi divulgado de qual local fizeram a apreensão em questão. O Celta foi flagrado nas imediações da emboscada por câmeras de monitoramento. O veículo é de um integrante da organizada.

Os seis integrantes da Mancha com mandados de prisão são o presidente Jorge Luis Sampaio Santos, o vice Felipe Matos dos Santos , conhecido como, Fezinho, e outros quatro integrantes ligados à diretoria. A prisão temporária foi solicitado pela polícia e endossada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

Os mandados são de prisão temporária por 30 dias. O relatório da investigação policial apontou o presidente da Mancha como o "mentor intelectual e principal interessado" na ação, considerada um revide de confronto anterior entre as torcidas ocorrido em 2022 — ele não foi identificado no local. Já os demais foram identificados por gravações ou tiveram participação na emboscada indicada por seus carros sendo flagrados nos arredores da ataque por câmeras de monitoramento.

Todos eles foram enquadrados pela polícia nos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal, delito hediondo, incêndio e associação criminosa, além de promover tumulto, praticar ou incitar a violência.

A ação está sendo realizada por policiais do Dope (Departamento de Operações Estratégicas), Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), GER (Grupo Especial de Reação) e Antissequestro. Integrantes do Ministério Público acompanham os mandados.

A investigação

O incidente que aconteceu no início da manhã de domingo (27) envolveu cerca de 150 torcedores de Palmeiras e Cruzeiro. O caso foi inicialmente registrado na Delegacia de Mairiporã (SP), que apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames de IML às vítimas.

Uma parte dos responsáveis pelas agressões que mataram um homem e feriram outros 17 foi identificada pela Polícia Civil do estado de São Paulo através da emissão de sinais dos celulares dos suspeitos e imagens de câmeras de segurança da rodovia.

A investigação está sob responsabilidade da Drade (Delegacia de Repressão as Delitos de Intolerância Esportiva) para a identificação e responsabilização dos envolvidos.

A emboscada

A emboscada deixou um morto e 17 feridos na madrugada do domingo (27). Durante a confusão, um ônibus foi incendiado e a rodovia Fernão Dias chegou a ficar interditada no sentido Belo Horizonte.

José Victor Miranda, de 30 anos, morreu após sofrer queimaduras e lesões graves provocadas por barras de ferro.

Segundo as autoridades, todas as vítimas foram torcedores do Cruzeiro. Eles foram surpreendidos pelos palmeirenses que carregavam artefatos como barras de metal e madeira e atearam fogo no ônibus em que estavam.

As agressões começaram por volta de 5h20 no quilômetro 65 da Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã.

Mancha nega envolvimento

Na última segunda (28), a Mancha emitiu comunicado e negou qualquer participação na emboscada. A organizada disse que vem sendo "apontada injustamente" de envolvimento no caso, que classificou como "fatídico e lamentável".

A torcida organizada afirmou que não pode ser responsabilizada por "ações isoladas de 50 torcedores". A Mancha afirmou que conta com mais de 45 mil associados e repudiou o ocorrido, ressaltando que é contrária a atos de violência, e também se colocou à disposição das autoridades.

A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27). O incidente resultou tragicamente na morte de um torcedor do Cruzeiro e deixou outros feridos. Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nosso consternamento aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência.

Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos.

A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo.

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