Mancha: Polícia pede busca e apreensão em sede da torcida e escola de samba
A Polícia Civil de São Paulo sugeriu a realização de mandados de busca e apreensão na sede da torcida organiza Mancha Verde, na sub-sede de Guarulhos e também na sede da escola de samba.
O pedido está no relatório de investigação da emboscada sofrida por torcedores da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, no último final de semana. O documento foi feito pela equipe encarregada e destinado ao delegado César Saad, da Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva).
A torcida organizada e a escola de samba possuem diferentes CNPJs. Mesmo assim, ambas foram consideradas no pedido para os mandados. A escola de samba Mancha Verde é filiada à Liga SP e ficou em 5º no grupo especial do Carnaval de São Paulo de 2024.
No documento, a polícia também solicita a prisão temporária de seis envolvidos, entre eles o presidente e o vice da torcida organizada, "com a finalidade de não obstruírem as investigações".
O MP-SP endossou tanto o pedido da polícia pela detenção temporária quanto pelos mandados de busca e apreensão. "O MP entende que deve ser integrada a representação com a inclusão da ordem de busca e apreensão e autorização do acesso ao entorno digital dos investigados. (...) A continuidade da investigação depende do deferimento de busca e apreensão nos endereços vinculados aos investigados", escreveu o órgão para opinar sobre o acolhimento da representação.
Veto à Mancha e pedido de prisão de líderes
A Mancha Verde está proibida de entrar em estádios de São Paulo após a emboscada contra um ônibus com integrantes da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, no último final de semana. Em outra ponta da investigação, a Polícia Civil de São Paulo pediu a prisão temporária do presidente e do vice da organizada, além de outros quatro integrantes, por envolvimento no ataque.
O veto à presença da torcida em jogos foi determinado pelo MP-SP, e a decisão já foi acatada pela FPF (Federação Paulista de Futebol). Em comunicado, a FPF informou "atender integralmente a recomendação para que seja proibida a entrada, nos estádios de futebol do Estado de São Paulo, de qualquer indumentária e objetos (faixas, bandeiras etc.) que identifiquem os associados da torcida organizada" Mancha Verde.
Já o pedido de prisão envolve o presidente da organizada, Jorge Luis Sampaio Santos, o vice Felipe Matos dos Santos, conhecido como Fezinho, e outros membros ligados à diretoria: Leandro Gomes dos Santos, Henrique Moreira Lelis, Aurélio Andrade de Lima e Neilo Ferreira e Silva, o Lagartixa. O relatório da polícia aponta o presidente como o "mentor intelectual" da ação e "principal interessado" no revide por confronto anterior entre as torcidas ocorrido em 2022. Fezinho e Leandro foram identificados como envolvidos na emboscada por meio de gravações.
O advogado Gilberto Quintanilha, que representa o presidente da Mancha Verde, está no prédio do Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), na Barra Funda, para prestar esclarecimentos ao delegado Cesar Saad. Jorge Luis foi convocado pela Polícia Civil por suposto envolvimento no caso. Outro advogado, Luiz Ferretti, também compareceu como representante da organizada.
A gente não sabe nem quem é, não sabe nem quem são os mandados. Tem que entrar no processo para ver quem está listado para ver se vai apresentar. Gilberto Quintanilha, advogado de Jorge, e Luiz Ferretti, representante da Mancha Alviverde
A investigação
O incidente que aconteceu no início da manhã de domingo (27) envolveu cerca de 150 torcedores de Palmeiras e Cruzeiro. O caso foi inicialmente registrado na Delegacia de Mairiporã (SP), que apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames de IML às vítimas.
Uma parte dos responsáveis pelas agressões que mataram um homem e feriram outros 17 foi identificada pela Polícia Civil do estado de São Paulo através da emissão de sinais dos celulares dos suspeitos e imagens de câmeras de segurança da rodovia.
A investigação está sob responsabilidade da Delegacia de Repressão as Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) para a identificação e responsabilização dos envolvidos.
A Polícia Civil qualifica a emboscada como homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.
A emboscada
A emboscada deixou um morto e 17 feridos na madrugada do domingo (27). Durante a confusão, um ônibus foi incendiado e a rodovia Fernão Dias chegou a ficar interditada no sentido Belo Horizonte.
José Victor Miranda, de 30 anos, morreu anos após sofrer queimaduras e lesões graves provocadas por barras de ferro.
Segundo as autoridades, todas as vítimas foram torcedores do Cruzeiro. Eles foram surpreendidos pelos palmeirenses que carregavam artefatos como barras de metal e madeira e atearam fogo no ônibus em que estavam.
As agressões começaram por volta de 5h20 no quilômetro 65 da Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã.
Dos 17 feridos e hospitalizados, dois seguem internados no Hospital Estadual de Franco da Rocha e um deles está em estado grave.
Mancha Verde se pronuncia
Na última segunda (28), a Mancha emitiu comunicado e negou qualquer participação na emboscada. A organizada disse que vem sendo "apontada injustamente" de envolvimento no caso, que classificou como "fatídico e lamentável".
A torcida organizada afirmou que não pode ser responsabilizada por "ações isoladas de 50 torcedores". A Mancha afirmou que conta com mais de 45 mil associados e repudiou o ocorrido, ressaltando que é contrária a atos de violência, e também se colocou à disposição das autoridades.
Confira o comunicado da Mancha
A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27). O incidente resultou tragicamente na morte de um torcedor do Cruzeiro e deixou outros feridos. Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nosso consternamento aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência.
Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos.
A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo.
Mancha Alvi Verde