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Rio enfrenta torcida do Peñarol com fogo, saque e 'união' de organizadas

do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/10/2024 05h30

Moradores do Rio de Janeiro presentes na praia do Recreio dos Bandeirantes nesta quarta-feira (24) tentaram reagir à violência de torcedores do Peñarol e responderam com mais vandalismo. Os cariocas atearam fogo e saquearam um ônibus uruguaio, agrediram e roubaram camisas dos visitantes e também fizeram quase que uma "união" de organizadas dos quatro principais clubes da cidade.

O que aconteceu

Ônibus de torcedores do Peñarol ficou completamente incendiado por moradores do Recreio - Bruno Braz / UOL - Bruno Braz / UOL
Ônibus de torcedores do Peñarol ficou completamente incendiado por moradores do Recreio
Imagem: Bruno Braz / UOL

O gesto reativo mais evidente foi o incêndio em um dos coletivos dos uruguaios. Antes do fogo tomar conta de todo o veículo, pertences também foram furtados do interior. A maioria que praticou o crime é morador ou trabalha na região. Não houve prisões por esses delitos.

Organizadas de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama estiveram presentes "à paisana". A maioria, descaracterizada, chegou em grupos quando o tumulto já havia sido controlado pela Polícia Militar. Mesmo assim, foram registradas algumas agressões seguidas de roubos aos uruguaios que se desgarraram dos blocos dos presos.

O UOL identificou que alguns dos homens usavam algum tipo de item de organizadas cariocas. Geralmente adereços mais discretos como short ou meia, mas camisas também foram vistas. Postagens destes grupos também foram feitas em redes sociais.

Banhistas e comerciantes tentaram reagir aos ataques atirando pedras nos torcedores do Peñarol. Já a PM utilizou cassetetes e tiros de balas de borracha. Alguns uruguaios ficaram feridos. Os policiais também precisaram fazer um cordão de isolamento para os visitantes não serem linchados pelos populares após serem detidos e colocados no chão.

Moradores acusaram os torcedores do Peñarol de racismo. Outra reclamação foi o pouco efetivo de policiais no local antes da confusão e a demora para a chegada de reforço da PM após o caos se instaurar e perdurar por cerca de uma hora e meia. O comando da Polícia Militar admitiu falhas posteriormente.

Quase 300 uruguaios detidos

Torcedores do Peñarol transformaram a praia do Recreio em uma verdadeira praça de guerra. Os uruguaios saquearam um quiosque, atearam fogo em motos, depredaram carros e entraram em confronto com banhistas e policiais militares munidos de pedras, mesas e cadeiras.

Um uruguaio roubou um celular de dentro de uma padaria. O criminoso foi identificado e preso pela Polícia Militar. Logo em seguida, a confusão aumentou. Moradores também relatam que atos de racismo motivaram o tumulto.

Um dos ônibus dos uruguaios também ficou em chamas. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o fogo.

Ao todo, 283 pessoas foram detidas após a chegada do Batalhão de Choque. Entre essas, 42 eram mulheres. Uma arma foi encontrada em um dos ônibus.

No início da noite, 21 já haviam sido autuadas, continuaram presas e responderão pelos crimes. As acusações são de porte de arma, racismo, roubo, associação criminosa, incêndio, dano qualificado e resistência à prisão. O restante será escoltado até sair do estado do Rio de Janeiro.

Mais confusão e quebra-quebra no Nilton Santos

Torcedores do Peñarol no Nilton Santos antes de jogo contra o Botafogo pela Libertadores - Jorge Rodrigues/AGIF - Jorge Rodrigues/AGIF
Torcedores do Peñarol no Nilton Santos antes de jogo contra o Botafogo pela Libertadores
Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

O jogo entre Botafogo e Peñarol, válido pela semifinais da Libertadores, começou com 15 minutos de atraso. Ele estava marcado, inicialmente, para as 21h30 (de Brasília), no Nilton Santos, mas começou às 21h45.

O Peñarol afirmou que o ônibus com os jogadores da equipe foi atacado. Um dos dirigentes do clube alegou, no Twitter, que o veículo rodou por duas horas no trajeto do hotel ao Nilton Santos e que foi alvo de pedradas.

A delegação da equipe uruguaia esperou, ainda na rua, o ônibus do Botafogo entrar no estacionamento do estádio. Em meio à espera, houve confusão em uma espécie de "corredor de fogo".

Do lado de dentro, torcedores do Peñarol arrancaram cadeiras após a goleada sofrida por 5 a 0. O Batalhão Especial de Policiamento em Estádios (Bepe) reagiu e houve confrontos. Alguns uruguaios foram detidos e encaminhados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio.

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