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Confusos, pilotos querem entender como disputar na pista sem levar punições

Lando Norris, da McLaren, e Max Verstappen, da Red Bull, disputam posição - Mark Thompson/Getty Images
Lando Norris, da McLaren, e Max Verstappen, da Red Bull, disputam posição Imagem: Mark Thompson/Getty Images
do UOL

24/10/2024 20h42

A Fórmula 1 já está na Cidade do México para a 20ª corrida da temporada, mas o assunto do dia foi a punição de Lando Norris na disputa com seu rival na disputa pelo título, Max Verstappen, até porque a McLaren entrou com um pedido de revisão dos 5s acrescidos ao tempo do inglês no GP dos Estados Unidos, o que na prática significou que ele perdeu a posição para o holandês.

Primeiro, os comissários vão julgar se o pedido de revisão pode ser aceito, e isso só acontece se a McLaren comprovar que tem um elemento novo que não estava à disposição dos comissários no momento da decisão. E só depois eles discutem se isso muda a punição.

São duas questões que geraram dúvidas. Norris chega na freada da curva 12 à frente de Verstappen, então ele se torna o carro que está se defendendo. E, no ponto de vista dos comissários, ele foi julgado como o piloto que estava atacando.

Os comissários o julgaram dessa maneira porque ele chegou à tangente da curva atrás de Verstappen, e aí entra a segunda questão: ele "ganhou" mesmo a tangente ou só chegou ali na frente porque estava rápido demais e sabia que não conseguiria fazer a curva.

Para Norris, perguntado pelo UOL Esporte, está claro que foi isso o que aconteceu. "Ele só conseguiu estar na minha frente na tangente porque saiu da pista. Ele não estaria à frente na tangente se tivesse freado onde deveria ter freado para ficar na pista, então acho que essa é uma questão óbvia".

Verstappen, também questionado pelo UOL Esporte sobre essa percepção de que ele apenas tentou estar à frente na tangente para ficar dentro das regras, riu. "É impressionante que as pessoas possam ler minha mente. Eu sempre tento fazer a curva. Não estava procurando um atalho."

Norris repetiu algumas vezes que sente que está disputando contra o melhor piloto do mundo, que domina essas disputas de posição como ninguém. "Ele é o melhor no que faz", disse o vice-líder do mundial. "Seu único trabalho era ficar na minha frente, e ele fez isso, então fez um bom trabalho desse lado. E eu me diverti muito e respeitei a batalha que tivemos. Mas está claro quais são suas intenções, é algo difícil para eu contornar, poderia ter acontecido uma colisão na primeira curva ou naquele lance no final. Então ele está em uma posição muito mais poderosa do que eu, cabe a mim e à equipe tentar superar isso."

Nem pilotos se entendem sobre punições

Mas o que ficou claro nesta quinta-feira na Cidade do México é que há tanta subjetividade nessas disputas que nem os pilotos entram em acordo. Carlos Sainz, por exemplo, disse não ter entendido porque Oscar Piastri recebeu uma punição por ter jogado Yuki Tsunoda para fora da pista no sábado em Austin. Perguntado sobre isso, o australiano disse que a punição dele "foi a mais merecida de todas".

Piastri foi além. "Acho que mesmo se você perguntar a todos os 20 pilotos sobre o mesmo incidente, provavelmente há 10 que acham que é caso de levar penalidade e 10 que não acham, então é difícil. Agora temos essas diretrizes, que eu acho que na maior parte são muito positivas, mas quando você entra em detalhes, essas regras e diretrizes não podem cobrir todas as situações."

Nisso, sim, os pilotos concordam e por isso já marcaram uma conversa com a FIA logo depois da reunião que sempre fazem com a direção de prova após os treinos livres de sexta-feira.

"Acho que se você ler as regras, a forma como as penalidades são aplicadas pode ser lógica se você aplicá-las, mas pela maneira como as corridas são, sinto que às vezes é um pouco difícil aplicar o livro de regras exatamente dessa maneira. Acho que precisamos sentar todos juntos, revisar alguns incidentes, receber o feedback dos comissários sobre por que eles tomaram essa decisão e ter uma noção um pouco mais clara do que esperar ao competir com outros caras", disse Carlos Sainz.

Além disso, o presidente da associação dos pilotos, George Russell, adiantou que eles pedirão para que os comissários sejam fixos e ganhem salário. No momento, é um trabalho voluntário e há uma rotação entre os comissários. O britânico levantou a questão que várias punições são multas financeiras, e elas deveriam ser convertidas para a contratação de comissários profissionais.

"Querem que pilotemos como máquinas"

Já Yuki Tsunoda disse que os comissários estão interferindo demais nas corridas. "Eu acho que eles esperam que pilotemos como uma máquina ou IA, tentando seguir todas as regras. No final, estamos disputando. A disputa entre pilotos é como paixão, tentar lutar entre si com paixão. Se eles removerem isso, será como a IA."

Já Valtteri Bottas disse que não tem problemas em entender quais são as orientações, e salientou que "alguns pilotos estão indo mais ao limite das determinações do que outros". Perguntado pelo UOL Esporte se o fato de o posicionamento na tangente ser tão importante está fazendo com que os pilotos façam de tudo para chegar nesse ponto à frente de seu rival, não importando se vão fazer a curva ou não, como o exemplo do lance entre Norris e Verstappen exemplificou bem, Bottas concordou que esse é um ponto problemático e de difícil solução.

"É um pouco problemático. Mas aí você chega a um ponto em que, se você sair da pista, não pode ganhar vantagem, o que nem sempre é fácil de mensurar. Essa sempre foi a situação. Acho que agora, com as orientações, os pilotos estão realmente se certificando de que estão à frente na tangente, não importa se fazem a curva ou não, o que não é realmente como você deve disputar posição, mas não tenho uma solução para isso."

Hamilton concordou com o ex-companheiro. "Essa sempre foi uma área cinzenta e é por isso que ele escapou fazendo isso por tanto tempo. Eles provavelmente precisarão fazer alguns ajustes, com certeza. Eu experimentei isso muitas vezes com Max, você não deveria ser capaz de simplesmente lançar o carro por dentro e estar à frente e então sair e ainda manter sua posição. Então, eles precisam definitivamente trabalhar nisso."

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