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Título, Gabigol, desconfiança e queda: a era Tite no Flamengo em 8 atos

do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/09/2024 10h00

Tite não é mais treinador do Flamengo. A passagem pelo clube teve mudança de rota, título invicto, inúmeros desfalques, poucas chances a Gabigol, resultados ruins e muita desconfiança da torcida. Foram 70 jogos no total (68 oficiais e dois amistosos) com 43 vitórias, 11 empates e 16 derrotas.

Em 2024, Tite disputou 58 partidas, com 36 vitórias, 12 empates e 12 derrotas. Com o treinador, o Fla marcou 111 gols e sofreu 51.

Ato 1 - quebra de promessa

Tite afirmava que só voltaria a comandar um time no início de 2024, mas o Flamengo o convenceu a chegar antes. No fim de 2023, após perder para o São Paulo na Copa do Brasil, a diretoria optou pelo fim do ciclo de Jorge Sampaoli e foi atrás do ex-seleção brasileira. Com a promessa de participação na montagem do elenco, ele aceitou o projeto para iniciar na reta final da temporada.

Ato 2 - invicto

O início foi promissor. Apesar dos primeiros meses ainda de ajustes, o Flamengo foi campeão carioca de maneira invicta, a melhor campanha da história. Com Tite no comando, a equipe nem sequer sofreu gols e sobrou inclusive nos clássicos. Dentro do clube, o ambiente melhorou. Com bastante diálogo, o treinador conquistou jogadores e funcionários depois da passagem turbulenta de Jorge Sampaoli.

Ato 3 - desconfiança

A primeira instabilidade veio logo após o título. Resultados ruins, principalmente na Libertadores, deixaram a torcida com pé atrás novamente com o treinador. Empate com o Millonarios, derrota para o Palestino, vitória magra na Copa do Brasil sobre o Amazonas e um revés contra o Botafogo complicaram a situação. O clima só foi melhorar de fato com a goleada por 6 a 1 sobre o Vasco. Após o clássico, o Fla iniciou a maratona de jogos sem os convocados da Copa América e surpreendeu, disputando ponto a ponto a liderança do Brasileirão e conseguindo grandes resultados.

Ato 4 - desfalques

Tite sofreu repetidamente com desfalques, a maioria deles por problemas físicos. O pior deles foi a lesão de Pedro na seleção brasileira que o tirou da temporada, mas Matias Viña e Everton Cebolinha também tiveram problemas mais graves. A condição de Arrascaeta e De la Cruz também não é das melhores e os uruguaios constantemente precisam ficar fora ou jogar menos, além de outros jogadores que foram se alternando com lesões. Os convocados também atrapalharam a sequência. O Flamengo chegou a ter 12 jogadores fora ao mesmo tempo.

Ato 5 - queda de braço com Gabigol

Um dos atos mais marcantes da passagem é, sem dúvidas, a situação de Tite com Gabigol. Mal desde o início de 2023, o atacante praticamente encaminhou a saída do Flamengo ao final do contrato em dezembro. O jogador teve somente quatro oportunidades como titular. Foram 35 jogos no total. Sem se encaixar no que o treinador pensava para o time e na sombra da melhor temporada da carreira de Pedro, Gabi ainda somou diversos problemas físicos, uma suspensão por suspeita de fraude ao exame antidoping e a decisão em comum acordo por afastamento de algumas partidas durante a janela no meio do ano. Na ocasião ele debatia com o Palmeiras uma possibilidade de saída imediata. O camisa 99 marcou quatro gols e deu uma assistência em 11 meses.

Ato 6 - aos trancos e barrancos

Se a Copa América deu certa esperança, a volta do elenco completo a tirou rapidamente. Foram somente nove vitórias em 20 partidas após a competição de seleções. Com o calendário cheio, desfalques e desgaste de atletas, Tite e o time não conseguiram se manter a briga pelo Brasileirão. Na Copa do Brasil, mesmo com dificuldades, a equipe passou por Palmeiras e Bahia em confrontos bastante disputados. No entanto, a goleada sofrida para o Botafogo, o empate do Vasco no fim, as más atuações e a indefinição sobre poupar no Brasileiro ajudaram na derrocada.

Ato 7 - eliminação

A queda para o Peñarol foi a última gota na paciência da diretoria do Flamengo. Apesar de ele ter comandado o time pelo Brasileirão no último final de semana, os questionamentos internos, o clima com a torcida e a pressão eleitoral fizeram a cúpula do futebol decidir dar fim ao relacionamento. Contra os uruguaios, o Fla perdeu em casa e empatou fora praticamente sem chutar no gol. A atuação irritou.

Ato 8 - distância com a torcida

Tite nunca conseguiu conquistar de fato a torcida do Flamengo. Em certo momento, o treinador teve até o nome cantado nas arquibancadas, mas não durou muito. Ele já chegou ao clube cercado de desconfiança e tinha uma corrente grande que era resistente a essa contratação. O Carioca amenizou a situação e as atuações durante a Copa América também, mas o cenário geral foi desfavorável quase sempre. O último ato dessa relação teve muito xingamento, vaias e pedidos de saída.

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