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Como teste vocacional 'mudou a vida' de lutador brasileiro em alta no UFC

Renato Moicano, lutador brasileiro de 35 anos - Chris Unger/Getty
Renato Moicano, lutador brasileiro de 35 anos Imagem: Chris Unger/Getty
do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/09/2024 05h30

Renato Moicano fez há mais de dez anos um teste vocacional cujo resultado ele não só lembra como também leva como uma espécie de mantra até os dias atuais. O lutador brasileiro faz neste sábado (28) a sua segunda luta principal da carreira no UFC Paris, encarando o francês Saint-Denis.

Teste vocacional

Moicano tinha 17 anos na época e ainda não sabia o que queria fazer da vida. O peso leve contou ao UOL que já treinava artes marciais, mas desabafou que não acreditava ter capacidade para virar lutador nem recebia apoio da família para seguir na profissão.

Ele foi levado pelo pai para fazer um teste vocacional e ouviu do aplicador um conselho que o marcou: "Você gosta muito de aprender. Um dia que você não aprendeu algo novo, esse dia foi em vão", acrescentou o responsável pelo teste. A partir de então, ele fez disso uma missão pessoal, e o mesmo pai que dizia que o filho era "maluco" por querer seguir carreira na luta acabou influenciando na decisão.

O aplicador do teste veio e falou para mim: 'Você é um cara que gosta muito de aprender, então, pensa o seguinte: um dia que você não aprendeu algo novo é um dia em vão'. Depois disso, eu sempre tento aprender alguma coisa todo dia, e acho que isso resume um pouco o que foi minha vida nas artes marciais.

Todo dia eu chego na academia e quero aprender algo novo, fazer algo novo. Isso me dá motivação. E aí desde esse conselho que o cara me deu eu nunca mais esqueci. Já faz bastante tempo, quase 20 anos. Moicano, ao UOL

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Renato Moicano na pesagem do UFC Paris
Imagem: Chris Unger/Getty

A frase ajudou Moicano a definir seus próximos passos, investindo de vez na luta e moldando a sua trajetória nas artes marciais. Natural de Brasília, ele começou a carreira no jiu-jitsu, mas se empenhou em dominar outros estilos para criar uma mistura própria, e hoje acredita estar bem completo: "É personalidade mesmo, não é nada que programei, não", disse.

Eu passei muitos anos dedicando ao jiu-jítsu, aí eu comecei a treinar luta em pé, depois passei muitos anos treinando wrestling. Eu passei muito tempo treinando muita coisa diferente e fiquei bom em várias áreas. Hoje eu sou bem completo, mas também eu não sou um cara que é destacado absurdamente por causa de um... A não ser mais a questão do grappling. Meu grappling está muito eficiente, mas é uma mistura.

A busca por conhecimento também se aplica à vida fora do MMA: ele tem variados hobbies, gosta de estudar política e economia e até virou youtuber. Moicano gosta de investir no mercado financeiro, grava um podcast em inglês e recheia seu canal no YouTube com vídeos de diversos assuntos, incluindo análise sobre o programa Shark Tank Brasil. Está lendo um livro sobre economia austríaca que quer recomendar no centro da Accor Arena após ganhar a luta.

Eu tenho muito interesse em política, em economia e história. Eu não faço nenhum curso, mas eu estou sempre lendo alguns livros, principalmente de economia austríaca, que é uma área que eu gosto. Eu tenho lido alguns bons livros que eu planejo vencer e recomendar, como eu fiz da última vez. Vamos ver, primeiro eu tenho que vencer lá.

O lutador aproveitou a estadia na França, sua primeira vez na Europa, para conhecer um pouco mais da história do país. Nos dias livres que teve, passeou pelos pontos turísticos de Paris e também se aprofundou no passado. "Essa semana assisti a alguns podcasts e aprendi um monte de coisa sobre a Revolução Francesa. Eu vou me interessando por vários tópicos e tentando aprender e eu acho que foi disso", complementou

Luta contra francês

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Renato Moicano enfrentará o francês Benoit Saint-Denis na luta principal do UFC Paris
Imagem: Chris Unger/Getty

Moicano vem embalado por três vitórias e está perto de registrar seu ano mais produtivo no MMA. Ele já lutou duas vezes em 2024, vai para a terceira, igualando 2022, e ainda pensa em um quarto combate em dezembro. "Eu tenho que aproveitar. Estou com saúde, feliz e quero lutar o máximo que der", afirmou.

O brasileiro volta a encabeçar um evento cinco anos depois de seu primeiro main event. Em 2019, ele foi derrotado por Chan Sung Jung, e agora quer ter outro desfecho enfrentando o lutador da casa.

Perto do top 10 dos leves, o lutador busca seguir galgando posições no ranking. Ele vê uma vitória na luta principal como um potencializador no caminho por uma disputa de cinturão e aposta nos cinco rounds como uma estratégia para vencer. "O cara é muito forte, agressivo, mas ele tende a cansar bastante. Então, acredito que os cinco rounds vão me favorecer", encerrou.

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