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Brigas e quebra-quebra ligam alerta de Copacabana em jogos da Libertadores

do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/09/2024 05h30Atualizada em 18/09/2024 17h45

Eternizada como a "princesinha do mar" por Alberto Ribeiro e João de Barro, o Braguinha, Copacabana é um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro. Procurada por muitos turistas, a orla do bairro também se tornou ponto de encontro de torcidas que visitam a cidade em jogos da Libertadores, algo que tem gerado muita dor de cabeça para os moradores e, principalmente, comerciantes.

As partidas entre Fluminense e Atlético-MG, Botafogo e São Paulo e Flamengo e Peñarol — todas nesta semana — ligam o alerta na região.

Quebra-quebra em quiosque gera prejuízo de R$ 9.000

Somente na Libertadores do ano passado, três quiosques da orla tiveram prejuízos por causa de brigas de torcidas no local.

No dia 8 de agosto de 2023, torcedores do Argentinos Juniors e do Fluminense entraram em confronto no quiosque "Juannas". Mesas, cadeiras e louças do estabelecimento foram utilizados pelos brigões e o balcão de vidro do local quebrou.

Para piorar, clientes que estavam em outras mesas se assustaram e saíram sem pagar. O prejuízo total foi calculado em cerca de R$ 9.000. No dia seguinte, o funcionamento aconteceu com itens emprestados por outros comerciantes.

Paraguaios pagam prejuízo após brigar

Pouco tempo depois, no dia 24 de agosto de 2023, foi a vez de torcedores do Olímpia (PAR) serem atacados por uma organizada do Flamengo no quiosque "Xodózin". Os paraguaios reagiram e itens do estabelecimento também viraram 'armas' para os vândalos. Um policial chegou a sacar uma arma no meio do tumulto.

Nas imagens que circularam nas redes sociais, uma funcionária grita: "vocês estão quebrando meu bar".

O prejuízo foi calculado em cerca de R$ 1,3 mil. A curiosidade é que os paraguaios, que estavam hospedados em um hotel próximo, depois fizeram uma "vaquinha" e pagaram os danos.

"Na confusão quebraram as banquetas, mas os paraguaios acabaram pagando depois", disse ao UOL um dos funcionários.

Final da Libertadores tem pancadaria generalizada na areia

A final da Libertadores entre Fluminense e Boca Juniors, em novembro, foi o ápice das confusões entre torcidas. Em grande número nas areias de Copacabana nos dias que antecederam a decisão no Maracanã, os argentinos foram atacados por uma organizada tricolor e muitos torcedores comuns do clube Xeneize levaram a pior. Alguns, inclusive, também foram assaltados.

As brigas aconteceram na altura do quiosque "Buenos Aires", que se tornou um point de torcidas argentinas que vêm ao Rio de Janeiro. Inclusive, no Brasil x Argentina pelas Eliminatórias, também teve briga no quiosque do lado e um vidro do estabelecimento foi quebrado.

Brasileiros acusam argentinos de racismo

Tanto na briga de torcedores do Argentinos Juniors e do Fluminense, quanto na das Eliminatórias entre Brasil e Argentina, funcionários dos quiosques da região alegaram que o motivo do início das confusões foi racismo.

No primeiro caso, os torcedores rivais estariam se provocando de maneira sadia no quiosque, até que um dos simpatizantes do Argentinos Juniors teria imitado um macaco, dando início à confusão.

Já no dia do duelo entre as seleções, um argentino teria chamado um vendedor de amendoim de macaco, o que gerou a pancadaria.

"Eles são abusados. Quebraram o vidro ali [apontando para o local] e depois o cara chamou o vendedor de amendoim de macaco", disse um dos funcionários, que preferiu não se identificar.

No Leme, briga resultou em morte

Rubro-negro Roberto Vieira foi brutalmente agredido por torcedores do Peñarol e faleceu dez meses depois - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Rubro-negro Roberto Vieira foi brutalmente agredido por torcedores do Peñarol e faleceu dez meses depois
Imagem: Arquivo pessoal

Bairro vizinho e uma continuação da orla de Copacabana, o Leme também já sofreu reflexos graves das brigas de torcidas em jogos de Libertadores. Em 2019, torcedores do Peñarol atacaram uma excursão de rubro-negros oriundos do Espírito Santo antes do duelo com o Flamengo no Maracanã.

Roberto Vieira, um senhor de 56 anos, foi brutalmente agredido com golpes de cadeira e garrafas na cabeça, ficou internado por dez meses e morreu. O caso aconteceu à luz do dia, também na beira da praia.

Três uruguaios ficaram presos por alguns meses, mas após pagarem fiança a pena foi convertida em medidas cautelares. Atualmente, o processo foi arquivado.

Clima pacífico, mas torcedores do Peñarol mantém discrição

Torcedores do Atlético-MG em quiosque de Copacabana na véspera de jogo com Fluminense - Bruno Braz / UOL - Bruno Braz / UOL
Torcedores do Atlético-MG em quiosque de Copacabana na véspera de jogo com Fluminense
Imagem: Bruno Braz / UOL

O UOL esteve em Copacabana e no Leme nesta terça-feira (17), véspera dos duelos entre Fluminense e Atlético-MG e Botafogo e São Paulo. O clima na região era pacífico.

A delegação do clube mineiro desembarcou num hotel na orla e foi recepcionada por dezenas de atleticanos que, inclusive, eram maioria na orla.

Alguns poucos torcedores do Peñarol também foram notados, mas preferiram manter a discrição. Eles não utilizavam camisas da equipe e só foram identificados pela reportagem porque um estava com um pequeno cordão do clube uruguaio. Porém, o receio foi tanto que, quando abordados por um comerciante, disseram ser "bolivianos". Flamengo e Peñarol se enfrentam nesta quinta-feira (19).

Prefeitura decreta ponto facultativo; Peñarol aciona consulado

Além dos três jogos da Libertadores nesta semana, a cidade ainda terá novamente o Rock in Rio. Ciente da dimensão dos eventos, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, decretou ponto facultativo nesta quarta (18) e quinta-feira (19).

O Peñarol, por sua vez, acionou o consulado do Uruguai para alertar sobre os riscos de confrontos de torcidas. O Flamengo também foi procurado pelos dirigentes uruguaios. Um camping na região da Praia da Macumba, na Zona Oeste, foi reservado para abrigar os torcedores.

PM utilizará reconhecimento facial

A Polícia Militar terá uma novidade nos três jogos que acontecem nesta semana no Rio de Janeiro: a utilização de reconhecimento facial nas câmeras corporais dentro e no entorno do Maracanã e do Nilton Santos.

O Governo do Estado classificou o planejamento para os jogos como "força-tarefa". Serão mais de dois mil policiais envolvidos nas partidas, somando militares e civis.

O objetivo do reconhecimento facial é tentar encontrar criminosos infiltrados nas torcidas. A ação conta também com o apoio do Ministério Público e da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj).

Diversas áreas da Polícia Militar estão na força-tarefa: Nas regiões próximas dos estádios estarão o Comando de Polícia Especializada (CPE), o Comando de Operações Especiais (COE) e todas as unidades de área da corporação.

O policiamento no entorno e no interior dos estádios ficará a cargo do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (Bepe). Já a escolta dos torcedores das equipes visitantes ficará sob responsabilidade do RECOM (Rondas Especiais e Controle de Multidões) e do novo BTM (Batalhão Tático de Motociclistas), tanto na chegada quanto na saída.

Os torcedores do Peñarol serão monitorados pelo setor de Inteligência da Polícia Militar, contando com apoio da Polícia Rodoviária Federal, já que um grande número vem do Uruguai em carros ou ônibus fretados. O policiamento será reforçado também na área hoteleira da Zona Sul e do Centro da capital.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do publicado, a música 'Copacabana' foi composta por Alberto Ribeiro e João de Barro, o Braguinha, e não por Tom Jobim. A informação foi corrigida.

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