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'Evidências' eterniza noite da NFL no Brasil e impressiona americanos

do UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/09/2024 12h00

Quando eu digo que deixei de te amar, é porque eu te amo

A primeira estrofe de um dos maiores hinos do Brasil ecoou num misto de espanto e empolgação pelas arquibancadas da Neo Química Arena já mais perto do fim do jogo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers.

Àquela altura, o torcedor brasileiro já tinha deixado seu cartão de visitas aos fãs da bola oval. Tudo havia começado no hino nacional, que foi cantado tão forte das arquibancadas em suas estrofes finais que abafou a bela performance de Luísa Sonza.

O início do jogo demonstrou uma torcida dividida pelas arquibancadas multicoloridas. Para onde quer que se olhasse era possível ver camisas das mais variadas franquias da NFL, muito além de somente os times que jogavam em campo. Dos 32 times que disputam a liga, quase todos foram representados no 'Sao Paulo Game'.

No primeiro ataque dos Packers, comemoração foi ouvida. Em seguida, uma boa jogada do time de Green Bay também foi seguida de vibração. Na eclética arquibancada brasileira, havia espaço para todo e qualquer time.

Quando o primeiro touchdown do jogo foi anulado por falta, o torcedor não teve dúvidas sobre o culpado. "Ei, juiz, vai tomar no c*" entoou a arquibancada em bom português.

Na primeira troca de posse de bola do jogo, mais um toque brasileiro: a bateria da Gaviões da Fiel, organizada do Corinthians, passou a ser ouvida no estádio por alguns momentos em ritmo de samba.

Durante todo o jogo era fácil escutar conversas ao pé do ouvido explicando regras ou apenas informando o que havia acontecido naquela jogada. Os papos só eram parados por acontecimentos tipicamente brasileiros, como um grito "tomar no c*, Eagles" após uma jogada ruim ou erguer os braços para participar de uma ola que rondava o estádio.

As câmeras diversas distraíram o público com danças, câmera do beijo e até um pedido de casamento. Havia certa interação com as câmeras, e podia-se votar na música que tocaria na sequência. E foi pouco depois de uma dessas câmeras que o hino tocou.

E nessa loucura, de dizer que não te quero. Vou negando as aparências, disfarçando as evidências

As palavras já tinha ganhado a boca dos presentes enquanto a partida se preparava para um kickoff de reinício após pontuação. Já posicionados em campo, os americanos não entenderam nada do que estava acontecendo.

Muitos americanos que estavam no campo sacaram seus celulares para filmar a apoteose vinda de cima; o mesmo acontecia com os brasileiros.

Mas pra que viver mentindo, se eu não posso enganar meu coração. Eu sei que te amo.

Nesta estrofe, a música parou no sistema de som para que a mágica acontecesse. O kickoff foi chutado, a bola não foi retornada e os times voltaram a fazer suas substituições no gramado.

Fora dele, a Arena Corinthians cantava em uníssono.

Chega de mentiras, de negar o meu desejo, eu te quero mais que tudo, eu preciso do seu beijo, eu entrego a minha vida, pra você fazer o que quiser de mim. Só quero ouvir você dizer que sim

As mãos brasileiras foram no alto e flutuaram de um lado para o outro. O que menos importava naquele exato momento era qualquer coisa que estivesse acontecendo em um retângulo verde no centro do local.

Diz que é verdade, que tem saudade. Que ainda você pensa muito em mim. Diz que é verdade que tem saudade. Que ainda você quer viver? pra mim

Já perto do fim da partida, a última estrofe foi quase um recado à liga americana. Obrigado por ter "pensado em mim", o Brasil vai ficar com saudade, é verdade, e louco para voltar a viver mais uma noite mágica: de evidências e de um futebol americano cada vez mais brasileiro.

Clima e estádio

Nas arquibancadas, um ensaio de grito pró-Corinthians chegou a acontecer antes do início do jogo, mas foi logo abafado por vaias. A partir dali, a torcida tomou o espirito de uma arquibancada de NFL, mas esqueceu de fazer barulho durante o huddle para atrapalhar a comunicação durante reunião onde o quarterback passa as jogadas aos atletas. As vaias só chegavam no momento pré-snap, incentivadas pelo telão que pedia barulho, e atrapalhavam no máximo a contagem.

Se o símbolo de Packers e Eagles dominou o grande telão da entrada da Neo Química Arena, dentro do estádio não foi diferente. Foram diversas as referências com pôsteres e faixas de vários dos jogadores de ambos os times.

No Fielzone, o mais tradicional camarote do estádio, a área de churrasco ganhou uma churrasqueira personalizada com os capacetes dos dois times, enquanto os lanches ali produzidos entraram em um menu especial com duas opções: o Lambeau Field (referência à casa dos Packers) e o Philly Cheese Burguer (referência à cidade do Eagles). Os ingressos para o local chegaram a bater R$ 300 mil — o espaço com jacuzzi e capacidade para dez pessoas.

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