Felipe Gustavo inaugurou skate nas Olimpíadas e sonha com medalha em Paris
Felipe Gustavo foi o primeiro atleta a "dropar" em uma pista de skate na história das Olimpíadas. Classificado para os Jogos de Paris 2024, o atleta de 33 anos trocou a bola de futebol pelas rodinhas do skate, viu o pai vender o carro para bancar uma viagem e agora sonha com um lugar no pódio do street masculino.
Ter uma medalha olímpica é um dos maiores sonhos agora. [...] Espero poder representar meu país de uma forma boa e que o skate consiga crescer cada vez mais e que a gente possa incentivar [mais] pessoas a andar de skate. Felipe Gustavo, ao UOL
Eu fui o primeiro da história a 'dropar' nas Olimpíadas. Isso vai ser para sempre ser meu.
Felipe Gustavo não avançou para a final em Tóquio 2020, e viu Kelvin Hoefler ser o primeiro brasileiro a subir ao pódio no skate. Giovanni Vianna completou o time verde-amarelo no street masculino.
Vaga 'em cima da hora' e Olimpíada com público
Felipe Gustavo carimbou seu passaporte cerca de um mês antes dos Jogos de Paris 2024. O atleta, que é patrocinado pela Adidas, conseguiu a classificação no dia 22 de junho, após disputar o Pré-Olímpico de Budapeste, na Hungria.
Eu acho bem complicado [ter a definição das vaga perto da data dos Jogos]. No surf, eu acho que eles já estão classificados desde setembro, então conseguem treinar mais e entrar num estado de mente mais preparado pra isso. Mas eu tento tirar algo positivo de tudo. E vamos lapidar tudo que tem pra lapidar agora, para chegar cada vez mais forte nas Olimpíadas.
O skatista tenta usar as competições como "treinos" para as Olimpíadas, mas sem deixar de aproveita a "liberdade do skate". Entre as estratégias para desviar da pressão está treinar as manobras que pretende apresentar na capital francesa.
Eu quero me sentir bem, lógico, a gente que tem que treinar as manobras, mas, cara, o skate é muito livre. Eu tento me colocar em posição de 'já aconteceu', de tentar as manobras várias vezes e poder me colocar num estado de mente de 'cara, eu já fiz isso antes'. Eu tento tirar a pressão desse jeito.
E Felipe Gustavo está ansioso também para, pela primeira vez, disputar uma Olimpíada com as arquibancadas cheias. Por conta da pandemia de covid-19, os Jogos de Tóquio aconteceram sem público.
Depois que eu saí de Tóquio, eu disse 'nossa, eu quero muito disputar as Olimpíadas com público'. Quero ter a experiência de estar ali com todo mundo, de sair da Vila Olímpica e conhecer outros atletas.
Do futebol para o skate
Eu comecei a andar de skate com meus sete anos de idade por influência do meu irmão, que já andava. Antes eu jogava futebol, como todos os outros. Eu era atacante, e chegava em casa indignado porque ninguém tinha me dado a bola ou porque não tinha feito gol.
Eu acabei saindo do futebol e comecei a andar de skate. Era passava horas e horas, eu e o skate, construindo esse relacionamento. E o progresso era muito rápido, é quase um vício do bem. Meu pai me levou pelo país inteiro, ganhei vários campeonatos quando criança.
O apoio da família foi tamanho que o pai de Felipe, Paulo Macedo, vendeu o carro da família para mandar o filho para os Estados Unidos disputar um campeonato de street amador em 2006. O jovem levou um calote após vencer um evento no Brasil que tinha como prêmio a viagem para Tampa (EUA).
Eu ganhei um campeonato no Brasil e eles nunca me deram a passagem [para os EUA]. Meu pai sabia do meu sonho, do meu talento e confiava em mim antes de eu mesmo confiar em mim mesmo. Ele vendeu o carro, a gente foi para o campeonato. Cheguei lá sem falar inglês, não conhecia ninguém e acabei ganhando o campeonato.
Após o campeonato, Felipe Gustavo se mudou para os EUA, onde mora desde então. O atleta hoje tem 33 anos.
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