Topo
Esporte

Jornalista conta bastidores de saída da Globo e relata trauma após assalto

Guido Nunes pediu demissão do Sportv no início de 2023 - Reprodução/Instagram/guidonunes
Guido Nunes pediu demissão do Sportv no início de 2023 Imagem: Reprodução/Instagram/guidonunes
do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/06/2024 12h02

O jornalista esportiva Guido Nunes contou no Charla Podcast os bastidores de sua saída de Rede Globo. Ele atuou na emissora por mais de uma década até sua despedida, no início de 2023.

O que aconteceu

Guido ressaltou que estava feliz na Globo e que vivia seu melhor momento profissionalmente. Ele já tinha dado os primeiros passos e estava próximo de se firmar como apresentador, além de ter participado da cobertura de grandes eventos.

No entanto, o jornalista recebeu uma proposta de outra empresa que o balançou. Ele foi convidado para ser gerente de conteúdo e braço direito de Tiago Maranhão, seu ex-colega na Globo, em uma plataforma de transmissão, a Stages. O salário era maior e ele não precisaria mais trabalhar em finais de semana ou feriados.

guido - Reprodução/Instagram/guidonunes - Reprodução/Instagram/guidonunes
Guido Nunes foi repórter e apresentor no Grupo Globo
Imagem: Reprodução/Instagram/guidonunes

Guido contou que não foi uma fácil, mas que o desgaste da rotina pesou na decisão. Ele queria passar mais tempo com a família, mas ponderou que, se não tivesse a oferta de trabalho, continuaria na emissora.

Além disso, ele ficou traumatizado após ser assaltado e feito de refém perto do Nilton Santos em uma "experiência de quase morte". O jornalista estava com uma equipe indo gravar uma matéria quando criminosos armados abordaram o carro em que estavam já nos arredores do estádio do Botafogo.

Guido presenciou trocas de tiros entre policiais e bandidos e relatou como "cena de guerra". Ele foi coagido a dirigir o veículo, mas policiais chegaram a tempo e os criminosos fugiram. Depois disso, decidiu deixar a Globo, mudou de carreira e saiu do Rio de Janeiro para morar em São Paulo.

O que Guido Nunes disse

Feliz na Globo: "Eu não pensava em sair da Globo. Inclusive, eu estava profissionalmente em um dos meus melhores momentos, tinha acabado de assumir a parte de apresentação. Já fazia o stand-by da lista de apresentadores do Troca de Passes, quase um ano e meio, fiz o programa da morte do Pelé, foi um primeiro passo (...), o segundo foi quando fiz as férias do Rizek completas no Seleção Sportv, em fevereiro de 2023."

Proposta de trabalho: "Durante esse processo, o Tiago Maranhão, que também foi apresentador da Globo, foi convidado pela "Stages", plataforma própria de transmissão, para ser diretor de conteúdo e me chamou para ser o braço direito, gerente de conteúdo. Aí começa a pensar em um 'zilhão' de coisas".

Balançado: "É aquilo, se eu tivesse insatisfeito na Globo, era uma decisão muito fácil para se tomar. Mas era o contrário. Eu estava em um momento de crescimento. Diretores tinham até falado que tinha um email já pronto dizendo que iam me oficializar na apresentação, isso seria um caminho muito legal. Mas é uma questão que as pessoas às vezes não entendem, projetam o que elas veem na televisão e não o que de fato é a profissão. Muitos me encontram e falam que deve ser maravilhoso viajar para fazer jogo, um dia no Maracanã e outro na Champions, Copa, Olimpíada... De fato é absurdamente legal, só que para a família isso tem um peso.

Fator família: "Tenho uma filha que está com cinco anos agora, começa a ficar muito tempo ausente e isso pesa. Minha família sempre deu apoio, mas sentia que começava a pesar. Quando você é jovem, beleza, mas quando a idade vem chegando... Estava em momento desgastante que se não tivesse vindo a proposta, eu ia seguir porque estava muito feliz. Só que aí vem um salário bem maior, sem trabalhar feriado nem final de semana".

Assalto perto do Nilton Santos: "Uma outra coisa que teve peso muito grande. Teve uma vez que estava indo para um treino do Botafogo e a equipe da Globo sofreu um assalto perto do Nilton Santos, foi bem pesado. O carro estava cheio, era de dia, umas 14h30, três caras armados falando para sair, cabeça no chão, tenso para caramba. Foi tenso porque eu estava no chão, fiquei deitado na merda, sem ver nada, mas alguns conseguiram fugir.

Experiência de quase morte e cena de guerra: "Daí me chamaram que eu ia dirigir. Entrei no carro, nunca dirigido carro automático, estava com arma na cabeça. Quando fui botar marcha, sem querer botei a ré. Daí quando fui botar o 'drive', estava vindo na contramão um carro da polícia já com os caras com fuzil na mão. Foi pesadíssimo. Nessa os caras saíram do carro e fugiram. Nisso eu me escondi e eles começaram a trocar [tiros], cena de guerra. Um policial passou, eu disse que era a vítima e ele me falou para ir do outro lado. Depois fomos para a delegacia, mas gerou um trauma muito forte. Qual era o lance? Eu ia para o Nilton Santos com frequência, aí dá um bloqueio, fica meio travado. Ali eu tive certeza que experiência de quase morte. Falei: 'Fudeu'. O policial me disse: 'Se você anda e não para, o alvo é sempre o motorista'. Depois isso nunca mais aconteceu, mas gerou um trauma para mim".

Esporte