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Dupla de Guga largou tênis para ser o número 1 do Brasil no beach tênis

do UOL

Do UOL, em São Paulo

18/06/2024 04h00

Uma brincadeira com os amigos em Brusque (SC), sua cidade natal, foi o ponto de partida para André Baran se tornar o número um do Brasil — e quarto do mundo — no beach tênis. Pupilo de Larri Passos e Gustavo Kuerten, o catarinense largou o tênis após perder o "brilho nos olhos", fez faculdade e acabou conduzido de volta ao esporte, agora na areia, em 2018.

Quando eu parei de jogar tênis, não sabia o que ia fazer da minha vida. Foi uma situação muito difícil, onde eu fui fazer faculdade, me formei em administração e comecei a trabalhar. No final da minha faculdade, conheci o beach tênis e foi amor à primeira vista. André Baran

Dupla de Guga e muita cobrança

André começou no tênis aos quatro anos por influência dos pais e jogou até os 21. O atleta chegou ao profissional com 16 anos e frequentava a academia de Larri, mentor de Guga, desde os 12.

Em 2008, fez dupla com Guga na despedida do tricampeão de Roland Garros, no Brasil Open daquele ano, com derrota. Ele convivia com Kuerten há anos, mas admitiu o nervosismo ao dividir quadra com o ídolo.

Guga Baran - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
André Baran e Gustavo Kuerten em despedida de Guga
Imagem: Arquivo Pessoal

Eu convivia com ele desde os 13, 14 anos, então eu já estava acostumado, treinava quase todos os dias junto e participava da rotina. Mas óbvio que o jogo foi bastante nervoso, por estar jogando com um ídolo, com uma pessoa que a gente se espelha, que foi um grande propulsor no esporte no Brasil.

A carreira no tênis, porém, não duraria muito mais, tudo por conta de uma lesão na coluna e uma "quase depressão". A situação levou André a desistir das quadras e cursar administração.

Quando tinha 17 anos, fiquei sete meses parado por uma lesão na [vértebra] L4, uma fratura por estresse. E eu me cobrava muito, e de uma forma errada também. Comecei a não conseguir mais jogar com aquele brilho nos olhos, curtir o momento. [...] Tudo virou uma bola de neve, onde eu perdi o prazer de jogar, estava quase com uma depressão. Não conseguia curtir, não tinha mais vontade de jogar, e aí começavam a vir lesões. Eu tinha bolsa para ir para a Stanford [faculdade nos EUA], mas eu realmente não queria mais jogar tênis.

A virada no beach tênis

Apesar da "aposentadoria", Baran sabia que sua relação com o esporte não tinha acabado: "desde que eu comecei a trabalhar, a estar em outro lado da vida, eu sentia que tinha alguma coisa errada, mas não imaginava que seria o beach tênis".

Estava em Brusque, tinha um pessoal que montava uma rede lá, uma rede até de peteca, e a gente estava brincando. Eu falei 'caraca, que esporte legal'. Surgiu um campeonato estadual, e eu entrei nessa brincadeira. A gente perdeu na semifinal, e eu falei, 'caraca, vou ficar bom nisso'.

Eu vi potencial enquanto o beach tênis era pequeno, vi onde ele podia chegar. Eu falei 'vou entrar com tudo', isso em 2018. Entrei, eu me dediquei, treinei...Não foi por acaso, eu entrei para realmente poder chegar [longe], Essa foi a minha mentalidade.

André Baran - Divulgação/Maurício Nunes - Divulgação/Maurício Nunes
André Baran, número um do Brasil no beach tênis
Imagem: Divulgação/Maurício Nunes

André soma 32 títulos nas duplas e torce pelo crescimento do beach tênis para além das competições. Atualmente, ele joga ao lado do italiano Michele Cappelletti.

A gente vê que o beach tênis cresceu muito. Antes, era um esporte praticado no litoral e começou a entrar muito nas grandes cidades, e hoje está no Brasil todo. A gente observa o quanto o beach tênis está crescendo, o quanto tem potencial para entrar novas marcas, o quanto que ele realmente envolve família, crianças, e está se tornando um novo mercado, um novo esporte a ser explorado, então eu fico muito feliz por estar participando desse processo, eu acho que ele vai muito longe ainda.

O número de praticantes de beach tênis no Brasil praticamente triplicou nos últimos anos. Segundo a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), o número foi de 400 mil em 2021 para 1,1 milhão em 2024.

Dá para sonhar com Olimpíadas?

A gente fala bastante isso nos bastidores. a gente teve algumas experiências, por exemplo, em 2019 a gente disputou os Jogos Mundiais de praia, que é organizado pela mesma gestão da Olimpíada, e foi um sucesso. Tiveram muitas modalidades que estão em ascensão. Na Olimpíada tem bastante esporte, não está fácil de colocar mais, então eles estão inventando uma Olimpíada de esporte de praia.

O beach tênis não estará nos Jogos de Paris 2024 ou de Los Angeles 2028. As modalidades estreantes na capital francesa serão o breaking e a canoagem slalom extremo. Já para a edição nos EUA, o COI optou por críquete, flag football, squash, beisebol/softball e lacrosse.

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