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Ex-Santos é investigado em golpe do FGTS aplicado a jogadores

Marcelo Silva, ex-Santos, investigado como facilitador do golpe do FGTS aplicado a jogadores - Reprodução/TV Globo/Fantástico
Marcelo Silva, ex-Santos, investigado como facilitador do golpe do FGTS aplicado a jogadores Imagem: Reprodução/TV Globo/Fantástico
do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/06/2024 12h32

Marcelo Silva, ex-Santos, é investigado pela Polícia Federal no chamado golpe do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) aplicado a jogadores de futebol. O caso foi detalhado no Fantástico, da TV Globo.

O que aconteceu

O ex-jogador é investigado como facilitador da fraude. Não foi especificado pela reportagem do Fantástico, no entanto, como se daria o envolvimento dele nos desvios.

Marcelo Silva teria participação no golpe durante a primeira fase, que tinha como alvos apenas atletas brasileiros. Elano, Maikon Leite e Ramires foram alguns dos afetados entre dezenas de atletas, segundo a PF.

A investigação aponta que a operação envolve empresários do ramo do futebol, bancários, advogados e ex-jogadores. A quadrilha age desde 2014.

Pessoas que já transitavam nesse meio do futebol podiam utilizar desse acesso para obter documentos e poder iniciar essa atividade de fraude. Caio Porto Ferreira, delegado

Marcelo Silva não respondeu à reportagem da TV Globo. O UOL tenta contato com ele e atualizará o texto em caso de resposta.

Já a segunda onda de golpes mira apenas jogadores estrangeiros, mas muitos não registraram ocorrência. De acordo com a PF, o grupo mudou o foco para aproveitar o desconhecimento de tais atletas sobre o benefício do FGTS

O atacante Paolo Guerrero, ex-Corinthians, Flamengo e Inter, foi um dos alvos, assim como Cueva e Joao Rojas. O atacante peruano teve R$ 2,3 milhões desviados. Já Cueva teve um prejuízo de R$ 318 mil, enquanto Joao Rojas perdeu R$ 585 mil. O FGTS de Rojas foi sacado em 9 de março de 2022 e ele ainda não conseguiu reaver o dinheiro.

Provavelmente por eles se mudarem para outro país, não terem pleno conhecimento do benefício do FGTS, decidimos fazer uma investigação em bloco que culminou nos mandados de busca que cumprimos nessa semana. Após o inicio da investigação, alguns suspeitos procuravam esses atletas no sentido de devolver as quantias subtraídas. Caio Porto Ferreira, delegado

Golpe em Guerrero

Guerrero teve R$ 2,3 milhões transferidos de seu FGTS para uma conta aberta ilegalmente no nome do jogador em um banco privado. A conta foi aberta em 5 de maio de 2022 em uma agência no bairro do Bom Retiro, no centro de São Paulo. Naquela data, o jogador estava nos EUA realizando um tratamento no joelho.

O dinheiro do jogador foi enviado para contas de cinco pessoas. O cadastramento da biometria no banco foi feito a partir de um celular cadastrado na conta falsa do jogador. O advogado do atacante peruano disse que ele recebeu ligação de um ex-motorista falando que pessoas que sacaram o montante queriam devolver.

Guerrero tinha rescindido há poucos meses o contrato com o Inter e não tinha vindo ainda sacar por causa de compromissos profissionais. Quando chegou na Caixa, o FGTS dele havia sido sacado cerca de um mês antes. Claudio Leite Pimentel, advogado de Guerrero

Como funciona o esquema

Segundo a PF, a quadrilha pesquisa atletas recém-desligados do clube. Depois, com documentos e assinaturas falsificados, o grupo acessa o fundo e abre contas em outros bancos. Por fim, movimenta-se o dinheiro desviado para a conta de laranjas.

De alguma forma acessaram documentos verdadeiros dos jogadores para falsificá-los e abrirem contas correntes para receber esses desviados recursos do FGTS. Caio Porto Ferreira, delegado da PF/força-tarefa caixa-PF

Os envolvidos

Segundo o Fantástico, Gustavo Gonçalves de Barros recebeu R$ 402,7 mil. Ele é sócio de uma empresa chamada FGL Marketing e Esporte.

Seu sócio, o empresário de futebol Fernando Costa de Almeida, mandou em troca de mensagens uma procuração supostamente assinada por Guerreiro à empresa. De acordo com a TV, o empresário contratou um escritório especializado para averiguar situações previdenciárias de atletas profissionais e cuidar das transferências.

José Orlando de Almeida também é investigado. Ele é pai de um terceiro sócio da FGL Marketing e Esporte e parente de pessoas que receberam valores do FGTS do jogador peruano

A polícia ainda apura o envolvimento de Sergio Rogério Melo da Costa no esquema. Em 2021, ele foi preso por estuprar garotas de programa e mantê-las em cárcere privado no Rio de Janeiro.

É de Sérgio o rosto utilizado no processo de reconhecimento facial de Guerrero para abrir a conta, e as autoridades investigam a participação de uma funcionária do banco privado. As fotos de ambos não foram comparadas em 2022.

O que disseram os investigados

Ao Fantástico, a defesa de Gustavo Gonçalves de Barros afirmou que ele desconhecia a origem do dinheiro depositado em sua conta e que buscou as vitimas voluntariamente para restituir os valores.

O advogado de José Orlando de Almeida disse que seu cliente não tem participação no delito e que está contribuindo com as investigações

Os representantes de Fernando Costa de Almeida disse que ele recebeu com surpresa a noticia de envolvimento no caso e que registrou boletim de ocorrência.

Em nota, a Caixa afirmou ao Fantástico que trabalha junto à PF em uma força tarefa e que os casos em apuração possuem caráter sigiloso.

Quem é Marcelo Silva

Ex-jogador de 48 anos. Começou a carreira no Juventus, de São Paulo.

Ficou no Santos no início da década de 2000, entre 1999 e 2002. Jogou junto da geração de Diego, Robinho e Elano, mas não terminou o ano do título do Campeonato Brasileiro.

Teve passagem na Europa pelo futebol russo. Ficou um ano defendendo o Spartak Moscou após sair do Santos, mas logo retornou ao Brasil.

Encerrou a carreira em 2009, ao retornar ao Juventus. No país, também atuou por Bahia, Atlético-MG, Vitória, Goiás, Athletico-PR, Náutico e Bragantino.

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