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Caso Daniel: Prima diz que Cristiana estava "desmaiada na cama"

Adolescente de 17 anos é prima de Allana e Cristiana Brittes  - GIULIANO GOMES/PR PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Adolescente de 17 anos é prima de Allana e Cristiana Brittes Imagem: GIULIANO GOMES/PR PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
do UOL

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

27/02/2019 13h43Atualizada em 01/03/2019 15h04

A última testemunha de acusação do caso Daniel depôs ontem em Foz do Iguaçu, onde mora com a família. Trata-se da adolescente de 17 anos, prima de Cristiana Brittes, que estava hospedada na casa dos parentes para a comemoração do aniversário de 18 anos de Allana, na noite anterior à morte do jogador. Ela disse que Cristiana dormia profundamente na suíte dos Brittes e que encontrou Daniel no local quando usava o banheiro e que mandou o atleta sair do local.

A reportagem teve acesso ao depoimento da prima de Cristiana Brittes, o qual cita Cristiana 'desmaiada' e Daniel querendo usar o banheiro. 

"Ocorreu um fato que eu não falei no meu outro depoimento, mas estou preparada para falar agora e falar a verdade. Quando a gente estava dormindo eu desci para ir ao banheiro e estava ocupado o banheiro da área de festa. Como eu cresci ali, eu tinha toda a intimidade de usar o banheiro do casal. Eu fui ao banheiro dela e minha prima estava desmaiada na cama, ela estava dormindo. Eu gritei com ela: 'Cristiana, acorda'. E ela estava dormindo. Eu fechei a porta do quarto, encostei, e deixei a porta do banheiro aberta. Fui fazer xixi. Alguém entrou no quarto, achei que fosse o marido dela, o Júnior, Edison. Eu falei 'espera aí, primo'. Eu falei, 'cara, não vem' e continuou vindo". 

O depoimento segue: "Era o Daniel. Ele parou na porta do banheiro e ficou olhando. Eu falei 'o que você estava fazendo aqui? A festa é lá fora'. Ele ficou por uns 3 segundos e falou 'me desculpe' e fechou a porta. Eu terminei ali, abri a porta e ele estava no quarto". 

"Eu perguntei o que ele estava fazendo ali, o banheiro é lá fora. Ele disse que precisava usar o banheiro. Eu disse 'não o que vão pensar se pegarem você dentro do quarto do casal com a guria dormindo. Ele disse que 'não, eu estou totalmente ciente que você tem namorado, você já me disse e ela é casada'. Eu falei 'então tudo bem'. Ele disse que ia usar banheiro e sair. Eu falei 'quando você sair, fecha a porta do quarto', a porta estava fechada. Eu achei que não tinha problema, subi e dormi, um tempo depois a Cristiana subiu chamando a gente", diz a prima no trecho. 

Em conversa com o advogado da adolescente, Silvio Rogério Galiciolli, o profissional chegou a dizer que a prima dos Brittes acredita que Daniel entrou no quarto pela janela. "Ela esclareceu as perguntas que fizeram a ela. O fato novo foi que ela acrescentou que ela usava o banheiro da suíte antes de tudo acontecer e o Daniel adentrou (no quarto), ela acha que pela janela. Ela usou o banheiro por ter intimidade com as pessoas da casa. Ela chaveou a porta da suíte. Como a porta estava trancada, ela acredita que ele foi pela janela. Ela estava no vaso, ela gritou com ele: 'rapaz, sai daí'", contou o advogado. 

Depois Silvio Galiciolli admitiu que cometeu um equívoco ao se referir à porta trancada. "A porta estava fechada, mas não trancada. Era um ambiente de intimidade da família, de qualquer forma", disse. 

A adolescente não soube dizer se os fatos que levaram à morte de Daniel aconteceram logo ter ido deitar. Ela também não soube responder sobre a faca usada para degolar e cortar o pênis de Daniel. Edison Brittes Júnior, Eduardo da Silva, Ygor King e David Vollero levaram o jogador de carro para a morte. 

Adolescente afirma ter sido importunada por Daniel 

Silvio Galiciolli contou que sua cliente relatou seguidas tentativas de Daniel 'ficar' com ela na festa de Allana Brittes e na casa da família. "Ele tenta algo com ela. Ele assediou ela a noite toda. Ela foi dormir mais cedo para evitar conflito com o Eduardo. Ela não contou nada para o Eduardo para evitar tumulto. Na boate, o Daniel colocou a mão sobre o ombro e, na casa, há tentativa mais agressiva". 

Daniel enviou uma mensagem em áudio a um amigo falando sobre uma "novinha" e uma "coroa" na casa antes de ser assassinado. A testemunha acredita que ele se referia a ela. "Ela acha que foi ela. Ele dizia para ela: 'Eu vou cuidar de você, fica comigo'", relatou Galiciolli.

O advogado da família de Daniel, Niltou Ribeiro, classificou o depoimento da adolescente como "uma tentativa de manchar a imagem de Daniel". "Ela inventa que o Daniel deu em cima dela também, mas não falou isso na delegacia. A gente vê uma tentativa clara de arranhar a reputação do Daniel. Eu estou muito tranquilo e não muda nada no processo", comentou. 

Prima nega que foi coagida a limpar casa 

Silvio Galiciolli disse ainda que a adolescente nega ter sido coagida a limpar a casa dos Brittes após o crime. Todos os réus respondem, além dos crimes conhecidos, também por coação de menor por causa da adolescente de 17 anos. 

"Todo mundo permaneceu na casa, ninguém falou em destruir provas no dia da limpeza e tentam colocar o crime de corrupção de menor, mas ela não fez nada com coação. Ela não participou de nada, nem da limpeza, não existe o fato de corrupção", ressaltou. 

Uma tia de Cristiana Brittes também falou à Justiça em Foz do Iguaçu como testemunha de defesa. 

Os depoimentos do caso Daniel serão retomados em 1º, 2 e 3 de abril, quando testemunhas de defesa e os réus do caso serão ouvidos. 

Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes, Allana Brittes, Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David Vollero estão presos por participação em diferentes níveis no assassinato do jogador. Evellyn Perusso, que ficou com Daniel na noite anterior ao crime, responde por falso testemunho. 

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