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Ju Oliveira fala de denúncia contra Mesquita: 'O SBT não fez p*rra nenhuma'

do UOL

De Splash, em São Paulo

15/04/2025 18h30

Juliana Oliveira, ex-assistente de palco de Danilo Gentili no The Noite (SBT), falou pela primeira vez sobre a acusação de estupro contra Otávio Mesquita. Ela afirma que o SBT não tomou as devidas medidas depois que ela denunciou o caso à emissora. Splash procurou o SBT, que ainda não se manifestou.

O que aconteceu

Juliana afirma que Otávio Mesquita fugiu do que havia sido combinado na hora de gravar. "Na hora de [gravar] valendo, é o que vocês viram. O cara já chegou com as duas mãos na minha bunda, no meu peito. Eu dei um chega pra lá nele, mas ele não parava. Quando ele desvirou, foi pior ainda. [...] Não contente com isso, ele ainda me volta no meio do palco pra falar sobre meu corpo. Aquilo não foi consentido.", disse.

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Ele me agarrou à força. Aquilo foi uma violência. Até minha cabeça no meio das pernas dele ele colocou. Ele não parava.
Juliana Oliveira

Ela desmente Otávio Mesquita, que afirmou que a esquete havia sido combinada. "Esse cara andou falando que aquilo foi uma brincadeira combinada. Combinada com quem, Otávio Mesquita? Com quem você combinou aquela brincadeira? Aquilo não foi uma brincadeira, foi uma violência. É nítido meu desconforto no vídeo."

1 - Reprodução/Divulgação - Reprodução/Divulgação
Juliana Oliveira acusa Otávio Mesquita de estupro durante gravação no SBT em abril de 2016
Imagem: Reprodução/Divulgação

A ex-assistente de palco diz que reclamou do ocorrido para Danilo Gentili, o diretor e a produção. "Eu falei que esse cara tinha passado do ponto, que ele passou a mão em todo o meu corpo. Eu expliquei isso para o meu apresentador, pro diretor, pra produção."

Otávio Mesquita teria sido "banido" do programa, mas ainda costumava invadir o estúdio. "Uma forma que eles acharam para me blindar foi que a partir daquele dia, foi [decidir que] o Otávio não seria mais convidado para entrevista no The Noite. [...] Ele nunca mais foi dar entrevista, mas não quer dizer que ele não invadia o The Noite quando estava rolando gravação para gravar bastidor."

Juliana afirma que ela era trancada pela produção no banheiro para não ter que lidar com o apresentador. "A produção me escondia no banheiro. Isso não aconteceu, uma, duas, três vezes, nem dez vezes. Aconteceu muito mais."

Eu era trancada no banheiro como se a errada fosse eu. Como se a culpada fosse eu. Como se a criminosa fosse eu. Eu fiquei por muitos anos assim, sendo trancada no banheiro.
Juliana Oliveira

Ela diz ter percebido a gravidade da situação quando viu Danilo Gentili defender Dani Calabresa de Marcius Melhem, em 2020. "Eu falei: 'Caramba, Danilo. Isso aconteceu debaixo do seu nariz e você não fez nada? Eu tenho que ser branca, rica, tenho que ser o quê pra você me defender? Sua comoção é seletiva?'. Acho que ele entendeu a gravidade, o diretor entendeu a gravidade e eles me ofereceram denunciar o Otávio na empresa."

Ela teria evitado denunciar Mesquita inicialmente por medo de perder o emprego. "Eu tinha medo de denunciar esse cara e perder o emprego. Eu tave mexendo com gente grande, eu tinha noção disso. Meu pânico era ele falar que eu queria o dinheiro, ele falar que jamais faria isso com a mulher e o filho dele na plateia. Tudo isso está registrado por mensagem. Eu tinha pânico. Eu só falei: 'Não quero estar perto desse cara. Não quero lidar com ele' A partir dali, ele nunca mais invadiu o The Noite e eu não fui mais trancada no banheiro."

Juliana afirma que, quando saiu do The Noite, procurou a direção do SBT para fazer uma denúncia. "Eu precisava que a diretoria do SBT soubesse de tudo que tinha acontecido comigo. Eu fiz uma série de reuniões pra explicar tudo. A própria direção do SBT me encaminhou para o compliance. [...] Eles viram a gravidade, eles viram como eu tava transtornada da cabeça, eles viram como tava minha saúde mental.

Após a denúncia, ela diz que sua presença na emissora diminuiu até que ela fosse demitida. "Minha carreira estava em ascensão no SBT, mas foi só eu denunciar, que foi se perdendo. [...] O compliance aconteceu entre agosto e setembro. [...] Passou dezembro, janeiro, fevereiro, me chamaram para conversar e [me dispensaram]."

Eu fiz uma denúncia pra uma empresa comandada por mulheres e nem ao menos elas me ouviram. [...] Todo o ódio que eu recebi na internet falando: 'por que eu não fiz tal coisa', eu fiz. Eu fiz todo o procedimento. Eu nunca quis que isso se tornasse público. Eu fui na Justiça porque o SBT não fez p*rra nenhuma. Juliana Oliveira

Splash procurou o SBT, caso a emissora deseje se manifestar sobre as declarações de Juliana. Assim que houver retorno, a nota será atualizada.

Otávio Mesquita nega acusação

Ele diz que tudo se tratou de uma "brincadeira combinada de maneira informal". "Tudo foi ao ar há quase 10 anos e hoje nasce aí essa essa acusação caluniosa contra mim, gente. Que absurdo isso, né? Então, sinto muito, se exagerei na brincadeira, agora vendo o vídeo com o olhar dos tempos atuais, sei que não repetiria isso, né? Porque naquela época podia brincar muito, mas enfim. A distância entre o que aconteceu no palco e um estupro é gigantesca mesmo, é absurdo isso", disse.

Otávio diz ainda que "não tem idade para fazer nada de errado". "Fico muito triste quando as pessoas fazem coisas que não são reais. Agora, eu saio fora e deixo que a parte jurídica siga. Agradeço todos que são meus amigos."

Cena foi ao ar em 2016

Em contato com Splash, Hédio Silva, advogado que representa Juliana, alega que a ex-assistente de palco de Danilo Gentili foi alvo de atos libidinosos sem consentimento. O profissional afirma que jurisprudência atual aponta que "a prática de atos libidinosos configura estupro", ainda que não haja penetração. "Lei passou por reformulação em 2009. O judiciário tem reconhecido o estupro mesmo quando a pessoa não toca na vítima, por exemplo".

No programa disponível no YouTube, é possível ver Juliana Oliveira sendo tocada nos seios após a chegada de Otávio Mesquita, que ingressa no palco de ponta-cabeça, pendurado por um cabo de aço. Em seguida, enquanto Juliana tenta retirar os equipamentos de segurança do apresentador, ele a segura e simula movimentos de sexo.

Quando vi o vídeo, eu fiquei estupefato. Como alguém grava um vídeo daquele jeito? É um sentimento de impunidade. Ele aproxima as partes íntimas da boca dela, joga a Juliana no sofá... Quase quatro minutos de agressão. Ela reage, dá tapa, chuta, protesta. Depois, o Danilo Gentili a chama de volta para o palco, ela volta constrangida. Ela saiu com a noção exata de que foi violentada, mas não entendia a gravidade. Quando me contratou, analisei o material e disse: 'Isso foi estupro com tudo gravado'. Ele ainda confessa no final ao se referir aos seios de Juliana como 'durinho'. É uma violência sem tamanho.
Hédio Silva, advogado de Juliana Oliveira

Defesa alega que cada pessoa tem um tempo diferente para denunciar, o que é reconhecimento pelas cortes de Justiça, e que Juliana tentou buscar apoio do SBT, mas sem sucesso. "No último trimestre de 2024, ela levou a questão ao conhecimento da emissora, mas não teve a resposta que esperava. Isso adoece a pessoa. E entra o componente racial, a ideia de que o corpo da mulher é público".

Advogado de Juliana diz que Mesquita entraria pendurado e que Juliana iria auxiliá-lo, mas sem que ele tocasse nela. "Ele apalpa as nádegas, os seios, simula o ato. Nos primeiros segundos, ela defere tapa, chutes... Quando volta ao palco, a expressão é de descontentamento. O Danilo Gentili chegar a falar 'a Ju está com cara de que não está curtindo, mas ela gosta'".

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