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Brigas, xingamentos: as polêmicas do Sepultura, que se despede dos palcos

Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura - Yuri Murakami/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura Imagem: Yuri Murakami/Fotoarena/Estadão Conteúdo
do UOL

Colaboração para Splash, em São Paulo

30/03/2025 12h00

Sepultura, que leva sua turnê de despedida para o Lollapalooza hoje, coleciona polêmicas.

Do seu início em 1984 até hoje, a banda já passou por momentos em que parecia ser seu fim e viu parcerias de longa data terminarem em xingamentos. Relembre:

Vício

Max Cavalera - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Max Cavalera contou que um momento decisivo para que abandonasse o álcool e as drogas foi uma vez em que sua esposa o pegou bebendo sabonete. "Estávamos numa turnê europeia e eu queria muito beber, mas não tinha nada no ônibus. Então eu fui ao banheiro e bebi sabonete líquido. Fui pego. Minha esposa abriu a porta e eu estava com um galão de sabonete nas mãos. Ela perguntou: 'Que p*rra você está fazendo?', e eu respondi: 'Estou bebendo sabonete. Eu preciso de ajuda'", disse, em entrevista ao podcast "Hardcore Humanism With Dr. Mike".

Max Cavalera fora

Max Cavalera se apresenta com o Sepultura no festival Monsters of Rock de 1994, em Leicestershire, Inglaterra, no dia 4 de junho de 1999 - Brian Rasic/Getty Images - Brian Rasic/Getty Images
Imagem: Brian Rasic/Getty Images

Um dos ápices de sucesso da banda foi interrompido em 1996, quando Max Cavalera anunciou que deixaria o Sepultura após o lançamento do "Roots", álbum de maior sucesso. A decisão teria vindo após os outros integrantes decidirem despedir a mulher dele, Gloria, que também era a empresária do grupo. Os anos seguintes à saída de Max foram de reconstrução, com o norte-americano Derrick Green assumindo os vocais.

Gloria, no entanto, nega que tenha sido demitida e aponta que o rompimento pode ter vindo após a morte de seu filho, Danna Wells. "De repente, eles [outros integrantes do Sepultura] viraram pessoas que eu não conhecia. Duas semanas após a morte dele, eu não conseguia comer e saí em turnê com a banda pela Europa. Meu filho tinha acabado de ser enterrado e eles não falavam comigo no ônibus", disse, em entrevista a Rolling Stone.

O baixista Paulo Jr. disse que voltou chorando em um voo da Inglaterra para o Brasil, acreditando que a saída de Max fosse marcar o fim da banda. "Eu voltei do último show que fizemos juntos, no Brixton Academy, em Londres, chorando no avião", revelou Paulo durante o "Conversa com Bial". "Na hora eu pensei: 'Fodeu, não sei o que vou fazer agora'".

Irmão de Max, o baterista Igor Cavalera continuou na banda até 2006, quando abriu mão das baquetas do grupo e reatou a amizade com o irmão, formando um novo projeto musical com ele, o Cavalera Conspiracy. Andreas Kisser contou que não mantém amizade com a dupla. "Esse contato que temos com eles hoje em dia é muito saudável. Não somos, necessariamente, amigos de trocar ideia, mas temos esse contato através dos nossos empresários e advogados, e tem funcionado bem nos últimos tempos, pois já foi bem mais conturbado", admitiu.

Em 2020, Max apareceu xingando os integrantes do Sepultura após interpretar uma das músicas gravadas pela banda em 1991, quando ele ainda fazia parte.. "Não se esqueçam, esses são meus riffs. Os impostores estão aí no Brasil tentando convencê-los. Continuam tocando essas músicas até hoje, mas nunca se lembram de onde vieram esses riffs. Vieram daqui, tá bom? E os impostores nunca nem deram obrigado, esses filhos da puta", esbravejou, em uma transmissão ao vivo publicada no perfil da Soulfly, atual banda do músico.

Documentário

Max Cavalera ficou fora do documentário sobre a banda, que demonstrou nem saber da produção da obra quando foi questionado pela Folha. As declarações do músico foram rebatidos pela produtora InterFace, porém, que afirmou que foram trocados 35 e-mails entre Sepultura e Gloria Cavalera, mulher do músico. Gloria teria afirmado que Max não tinha interesse em participar do filme.

Em entrevista a Rolling Stone, Gloria se pronunciou e reforçou que o marido estava, sim, ciente do documentário. "Quando o produtor dos shows no Brasil me disse que Max havia falado que não sabia do documentário, respondi: 'isso não é verdade, Max não está interessado'. (...) Max não viu validade em estar em um documentário com pessoas que, segundo ele sente, estão mantendo a criação dele como refém", declarou.

Saída abrupta

O baterista Eloy Casagrande, que deixou o Sepultura a poucos dias do início da turnê de despedida da banda - Ethan Miller/Getty Images - Ethan Miller/Getty Images
Imagem: Ethan Miller/Getty Images

O baterista Eloy Casagrande deixou o grupo a poucos dias da estreia turnê em celebração aos 40 anos da banda e também a sua despedida dos palcos. "Fomos pegos de surpresa, sem aviso prévio ou qualquer tipo de debate sobre como fazer a transição. A comunicação foi feita e ele se desligou imediatamente da banda, abandonando tudo relacionado ao Sepultura", dizia o comunicado assinado por Andreas Kisser, Derrick Green e Paulo Xisto. Posteriormente, Eloy se manifestou: "Somos feitos de escolhas e elas nem sempre se dão de maneira fácil. A minha saída jamais apagará meu respeito e gratidão à banda". No lugar dele entrou o americano Greyson Nekrutman.

Letras em inglês

Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

O grupo chegou a ser alvo de críticas pelas letras em inglês. No entanto, Andreas Kisser foi incisivo ao defender a escolha, citando o álbum "Roots", que teve participação de indígenas xavantes do Mato Grosso. "Os xavantes não falavam português, e aí? Vai dizer que somos mais brasileiros que eles? As pessoas se esquecem que o português é um idioma importado da Europa. Essa é uma discussão vazia, ser brasileiro vai além do idioma, tem a ver com uma série de responsabilidades como cidadão, que, inclusive, paga impostos", disse, em entrevista ao O Tempo.

"É uma imbecilidade, um conservadorismo burro. O Brasil, como os Estados Unidos, sempre teve essa cultura da absorção. A música é muito mais poderosa do que essa questão da língua. Cada um fala o que quiser. Se não gosta, o problema é dessa pessoa. Quem mantém a banda são os fãs. E, contra isso, não há argumento".

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