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Como são feitas as palavras cruzadas, que comemoram 100 anos no Brasil?

Montar palavras cruzadas é um trabalho que exige muitas mãos e cabeças - Getty Images
Montar palavras cruzadas é um trabalho que exige muitas mãos e cabeças Imagem: Getty Images
do UOL

De Splash, em São Paulo

22/03/2025 12h00

Neste ano, as palavras cruzadas comemoram 100 anos no Brasil. O primeiro jogo foi publicado em 1925, no jornal A Noite. Desde então, o passatempo se solidificou como um dos preferidos do público. Com o passar dos anos, a tecnologia se tornou uma aliada na criação das cruzadinhas, mas ainda assim, esse processo exige muitas mãos e cabeças pensantes.

Como são feitas as palavras cruzadas

O jogo de palavras cruzadas é montado em um programa específico para isso. A Coquetel, principal editora do gênero no Brasil, desenvolveu um programa próprio para produzir seus passatempos.

O cruzadista começa escolhendo as palavras de acordo com o nível de dificuldade do jogo. Começa-se, geralmente, pelas palavras maiores, que dão o tom da cruzadinha. As demais palavras, que completam o passatempo, são cruzadas pelo próprio programa ou selecionadas pelo cruzadista.

As palavras curtinhas, que costumam se repetir nos jogos, são chamadas de palavras-cimento. São palavras de três, quatro ou até duas letras que ajudam o leitor a fechar o diagrama.

A pessoa que monta o passatempo com as palavras não é a mesma que escreve as dicas. Há um definidor para escrever as dicas e ainda há uma terceira pessoa que checa se cada palavra "casou" com a definição. A partir daí, o jogo pode ser testado por outros profissionais. Uma página de palavras cruzadas pode passar por até 12 pessoas antes de chegar às mãos do leitor.

As definições das palavras maiores são escritas pelo definidor. Isso porque as palavras-cimento, por exemplo, já têm milhares de definições prontas.

Palavras cruzadas têm algumas regrinhas

Há um critério para as palavras que entram em cada cruzadinha, como a quantidade de diagonais e a quantidade de termos estrangeiros, por exemplo. Também ficam de fora palavrões e termos que não tenham relevância nacional.

Não se pode repetir palavras de mais de cinco letras na mesma página. É preciso ter variedade de vocabulário e conteúdo.

Fatos históricos podem entrar na cruzadinha. Personagens que ainda estão sendo julgados ou casos que ainda estão se desenrolando são exemplos de termos evitados.

O mais importante é que o passatempo seja prazeroso, lúdico e possa ser resolvido por leitores em todo o país. Afinal, as palavras cruzadas alcançam leitores no Brasil inteiro.

A palavra cruzada é uma ginástica cerebral. A gente malha e desperta muitas coisas no cérebro com esse passatempo.
Adriana Lima, editora da Coquetel

Banco de palavras é precioso para os cruzadistas

Para garantir que as palavras cruzadas atenderão a um público variado, a Coquetel conta com colaboradores externos com as mais variadas profissões. Na equipe há engenheiros, jornalistas, médicos, advogados, professores, psicólogos, farmacêuticos, entre outros profissionais. Mais de 90 títulos são publicados pela editora por mês.

Para ser um cruzadista, é muito importante ter uma boa bagagem, um bom vocabulário e entender bem do "cruzadês". O "cruzadês" é o vocabulário já conhecido por quem costuma fazer palavras cruzadas.

Os cruzadistas ficam muito atentos a termos que ouvem na televisão, leem no jornal, ou que encontram no dia a dia para manter o banco de palavras sempre atualizado. O banco está sempre sendo renovado para manter os passatempos atuais.

A inteligência artificial não invadiu todo o processo, mas se tornou uma aliada na hora de montar as palavras cruzadas. Atualmente, a IA é usada para pesquisas de tema e vocabulário, por exemplo.

Nossa equipe tem muita gente apaixonada pelo passatempo. Isso faz com que a gente preserve nossa qualidade e continue sendo líder de mercado.
Adriana Lima, editora da Coquetel

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