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Wepink, da Virginia, tem mais reclamações que bancos e empresas telefônicas

do UOL

De Splash, em São Paulo

21/03/2025 05h30

A Wepink, empresa da influenciadora Virginia Fonseca, acumula reclamações no Reclame Aqui, no Procon e nas redes sociais. Clientes relatam, principalmente, atrasos no recebimento dos produtos. A assessoria da Wepink não respondeu aos contatos de Splash.

O que aconteceu

Nos últimos seis meses, a Wepink recebeu mais reclamações que bancos e empresas de telefonia no Reclame Aqui. Com mais de 70 mil queixas nesse período, a marca está em sexto lugar no ranking, em posição pior que a Claro, a Vivo e bancos como Santander, C6 e Inter. A Wepink também acumulou mais reclamações que os principais aplicativos de transporte do país, Uber e 99, e a Shein, gigante chinesa de fast fashion.

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Só no ano passado, a Wepink foi alvo de 90.856 reclamações no site —cerca de 250 por dia. A empresa tem uma reputação "regular", respondendo a quase todas as reclamações, mas com um índice de solução de cerca de 70%. Entre os clientes que avaliaram, 55,6% dizem que voltariam a fazer negócio com a Wepink.

Os clientes reclamam, principalmente, de atrasos na entrega e produtos não recebidos. Há relatos de pedidos que demoram meses para serem entregues e de encomendas que chegam com produtos faltando.

No Procon-SP, foram 2.803 reclamações no ano passado. Neste ano, já foram 663. O índice de solução, no início do ano, era de 62,2%. Esse percentual diz respeito às soluções na primeira fase da reclamação —quando o Procon oferece uma primeira oportunidade de o fornecedor resolver a demanda do cliente. A instituição diz que a maioria das reclamações são resolvidas nessa fase. Há registros de reclamações também no Consumidor.gov.

As redes sociais de Virginia e da Wepink também têm sido inundadas por reclamações. "Total descaso, ainda apagaram os comentários. Sem SAC, sem resolução! E se pedimos o reembolso, não recebemos também", escreveu uma seguidora no perfil da influenciadora. "Muito fácil construir um império com o dinheiro alheio", criticou outra.

Mesmo com tantas reclamações, Virginia e a marca seguem fazendo grandes transmissões ao vivo com promoções e descontos. Em uma live feita ontem, por exemplo, um body splash de R$ 111 era vendido por R$ 31. Um kit com creme, esfoliante e desodorante, antes precificado em R$ 690, passou a custar R$ 109.

Em maio do ano passado, Virginia comemorou um faturamento de R$ 15 milhões em uma live de compras. Em 2023, ela celebrou um faturamento de R$ 22 milhões em uma live que durou 13 horas. Ela, inclusive, tem uma tatuagem para comemorar o alto faturamento nessas transmissões. "15 + 22 + 22 = 59M 'just in live'" ["apenas em lives", em interpretação livre], diz a tatuagem, que foi criticada por errar no inglês ao marcar a conquista na pele. O cantor Zé Felipe, marido de Virginia, e outros dois membros da equipe dela fizeram tatuagens iguais.

Virginia fez tatuagem na perna para comemorar faturamento da Wepink em live de 2023 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Virginia fez tatuagem na perna para comemorar faturamento da Wepink em live de 2023
Imagem: Reprodução/Instagram

Splash procurou a assessoria de imprensa de Virginia e da Wepink na última terça-feira e novamente nesta quinta, mas não obteve resposta. Assim que houver retorno, a nota será atualizada.

O que fazer em uma situação como essa?

O ideal é que o consumidor tente resolver de maneira direta e amigável com a empresa, diz Sara Vital, advogada da Daniel Gerber Advogados. A ideia é solucionar o problema mais rapidamente, sem intermediários. Caso isso não dê certo, o consumidor pode procurar o Procon.

Caso a reclamação não seja resolvida no Procon, o consumidor pode ajuizar uma ação judicial. "O consumidor pode exigir o cumprimento forçado da obrigação, a substituição do produto ou serviço por outro equivalente, ou a restituição de valores eventualmente pagos, conforme disposto no artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor", explica.

Nessa situação, o consumidor deve guardar documentos relevantes à reclamação. "É importante estar munido dos comprovantes de pagamento do produto, bem como das evidências das tratativas de resolução do impasse com a empresa, para [pedido de] indenização por danos morais, dado o desgaste enfrentado".

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