Jovens e ricos sem ostentação: casal fez fortuna com site de dados vazados
Vida discreta e casa de R$ 1,5 milhão são alguns dos atributos dos donos do site Max Buscas, página tirada do ar pela PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal), durante a operação Darkspot, deflagrada em 21 de fevereiro. A página, a maior até então já descoberta, facilitava vários golpes online, além de oferecer dados de milhões de pessoas e autoridades.
O que aconteceu
Três pessoas —um casal em SC e um homem no RJ— foram presas, mas já estão fora da cadeia, respondendo em liberdade. Elas são acusadas de invasão de dispositivo informático, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A pena total pode chegar a até 17 anos de reclusão. A identidade delas não foi revelada.
O casal (homem e mulher) era responsável por manter o site funcionando e vivia uma vida de luxo, porém discreta. De acordo com o delegado Eduardo Dal Fabro, da DRRC (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos), da PCDF, eles são originalmente de Porto Alegre (RS), tinham uma casa avaliada em R$ 1,5 milhão e um carro avaliado em R$ 350 mil, mas que não era esportivo.
Eles eram jovens e foram presos em um condomínio com praia privativa em Santa Catarina. Os dois têm menos de 30 anos e faziam várias viagens internacionais, mas mantinham suas páginas trancadas nas redes sociais. Na casa do casal, foram encontrados laptops da marca Apple e um computador avaliado em R$ 40 mil.
São pessoas que vêm de famílias menos abastadas, mas que, em um ano e meio de atividade de plataforma, eles dão um salto gigantesco. Eles ficaram ricos. No entanto, são 'low profile' [discretos]. Faziam viagens boas, mas não tinha ostentação. Não são aquelas pessoas que compram carro conversível e joias
Eduardo Dal Fabro, delegado da DRRC (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos)
Detalhes sobre a movimentação do dinheiro do Max Buscas estão em sigilo, mas ganhos devem passar de R$ 5 milhões. No entanto, a investigação encontrou pelo menos 40 mil usuários cadastrados. Considerando que cada um assinou pelo menos uma vez, pagando R$ 120 (preço de uma assinatura por 7 dias), estima-se que tenham faturado pelo menos R$ 4,8 milhões. Havia ainda a venda avulsa de módulos (a consulta por placa de veículos, por exemplo, era cobrada à parte). O Max Buscas operou por pelo menos um ano e meio.
Polícia não vai atrás de quem usou o site que vendia dados ilegais. Segundo o delegado Dal Fabro, os cadastros não são necessariamente corretos (não têm exatamente o nome de quem contratou, pois muitos ocultam a identidade). "Seria uma investigação morosa e exigiria muita gente. Nosso foco, como delegacia especializada, é estancar a fonte e buscar os fornecedores dessas páginas."
Max Buscas foi um dos painéis acessados em reportagem do UOL Prime para mostrar como golpistas tinham informações sensíveis. Com uma busca por nome, era possível achar o CPF, informações de crédito, de parentes, números telefônicos e até renda. O nome da plataforma não foi divulgado na reportagem para não fazer publicidade da página ilegal.
Páginas como essa facilitam a vida de criminosos e tornam os golpes muito mais eficientes. Geralmente, os bandidos assinam esse tipo de serviço para escolher vítimas ou obter informações sobre elas. No golpe da falsa central telefônica, por exemplo, a pessoa sabe dados detalhados da vítima, como conta bancária, data de nascimento, CPF, nome de parentes, etc.
A página foi derrubada e o material apreendido está sob perícia. A investigação vai tentar entender as fontes dos vazamentos de dados que eram disponibilizados no Max Buscas e se havia mais pessoas envolvidas na operação da página.