Filme "Branca de Neve" estreia nos cinemas cercado de polêmica
Por Dawn Chmielewski e Danielle Broadway
LOS ANGELES (Reuters) - "Branca de Neve", da Disney, chega aos cinemas nesta semana, depois de ter sido perseguido por controvérsias que arrastaram a nova versão do clássico de 1937 para as guerras culturais, potencialmente ameaçando seu desempenho nas bilheterias.
A adaptação de grande orçamento da história original da princesa de Walt Disney está sendo trabalhada desde 2016, após uma série de sucessos de bilheteria com refilmagens semelhantes em live-action de filmes de animação da Disney, incluindo "Alice no País das Maravilhas", "Cinderela" e "Mogli: O Menino Lobo".
O diretor de "O Espetacular Homem-Aranha", Marc Webb, concordou em dirigir uma versão musical em live-action do filme que atualizaria o conto de fadas para o público contemporâneo.
O projeto, com um orçamento estimado em US$270 milhões, ficou atolado nas divisões nos Estados Unidos em relação a raça, eleições de 2024 e conflito israelense-palestino.
A Disney não quis fazer comentários para esta reportagem.
"'Branca de Neve' aparece como um estudo de caso de Hollywood sobre como o mundo pode mudar sob seus pés", escreveu Richard Rushfield, diretor editorial do boletim informativo do setor de entretenimento The Ankler. "Ele se aproxima da linha de chegada tendo coletado mais escândalos, embates e problemas do que alguns estúdios veem em uma década."
"Branca de Neve" caiu no que Rushfield descreveu como "mira da guerra cultural" -- um lugar que a Disney tem trabalhado para evitar desde 2022, quando se envolveu em uma disputa com o governador da Flórida, Ron DeSantis, sobre um esforço legislativo para limitar a discussão em sala de aula sobre sexualidade e questões de gênero.
A escolha da Disney por Rachel Zegler, uma atriz de ascendência colombiana, para o papel principal, fez com que alguns críticos online ridicularizassem o projeto como "Neve Woke".
Zegler, de 23 anos, alimentou parte da polêmica.
A atriz antagonizou apoiadores de Trump com uma série de stories temporários no Instagram publicados após a eleição de 2024, condenando aqueles que votaram no presidente.
"Que os apoiadores de Trump, os eleitores de Trump e o próprio Trump nunca conheçam a paz", escreveu ela, desculpando-se mais tarde por ter se deixado levar pelas emoções.
A atriz de origem israelense Gal Gadot, que interpreta a Rainha Má do filme, provocou pedidos de boicote ao filme depois de expressar apoio ao seu país natal após o ataque de 7 de outubro de 2023. Manifestantes pró-palestinos e pró-israelenses se enfrentaram na terça-feira, quando Gadot recebeu uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
Zegler, por sua vez, tem se manifestado sobre sua "posição pró-Palestina" no X, tendo uma visão oposta à de Gadot sobre o conflito israelense-palestino.
Diante desse cenário, a Disney restringiu o acesso a entrevistas no tapete vermelho da estreia do filme em Los Angeles, que foi transferido do Hollywood Boulevard para uma área com tendas atrás do teatro El Capitan por causa da Maratona de Los Angeles.
O filme recebeu uma reação entusiasmada na estreia. Integrantes da plateia aplaudiram após muitos dos números musicais.
(Reportagem de Dawn Chmielewski e Danielle Broadway em Los Angeles, com reportagem adicional de Lisa Richwine)