O antes e depois dos astronautas que ficaram 9 meses no espaço: veja fotos
Os astronautas da Nasa Barry Eugene Wilmore e Sunita Williams retornaram à Terra na última terça-feira após passarem 9 meses na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), em uma missão que deveria ter durado somente oito dias.
Depois de 286 dias no espaço, a aparência física dos astronautas sofreu transformações esperadas pela exposição prolongada em um ambiente com microgravidade.
Confira abaixo o antes e depois dos astronautas:
Barry Eugene Wilmore, 62 anos
Sunita Williams, 59 anos
Os efeitos no organismo
No espaço, o corpo passa por várias mudanças em diferentes sistemas. As alterações são causadas, principalmente, pela enorme carga de estresse sobre o corpo. Estudos indicam que o efeito da radiação espacial é o mais significativo, já que a exposição à radiação é altamente prejudicial ao DNA, aumentando o risco de câncer e o estresse oxidativo no corpo.
A microgravidade também é uma ameaça ao corpo humano, que pode sofrer desmineralização óssea. Os astronautas podem perder entre 1% e 1,5% de densidade óssea para cada mês passado no espaço. Pode haver, também, o aumento de cálcio no sistema excretor e, consequentemente, a formação de cálculos renais (pedras nos rins). Para auxiliar na saúde dos ossos, suplementos são disponibilizados aos astronautas.
Os músculos também sentem os efeitos da baixa gravidade. No espaço, eles não precisam fazer tanto esforço para manter a postura nas costas, pescoço, panturrilhas e quadríceps, então começam a atrofiar. Após duas semanas, a massa muscular pode cair até 20%, chegando a 30% em missões de três a seis meses.
Para evitar a atrofia muscular, os astronautas treinam diariamente. Exercícios como agachamentos, levantamentos e remadas são feitos em um aparelho instalado na "academia" da ISS, equipada também com uma esteira e uma bicicleta ergométrica.
A visão também fica comprometida no ambiente espacial. Os fluidos do corpo se deslocam para a cabeça e exercem pressão sobre os olhos, que, se prolongada, pode levar à síndrome neuro-ocular associada ao voo espacial, que pode alterar a capacidade de foco, por vezes de forma permanente.
A saúde mental também recebe cuidado. O atendimento psicológico é fortalecido pela integração dos astronautas no trabalho contínuo da ISS. Wilmore e Sunita, por exemplo, se envolveram em trabalhos científicos e de apoio com os outros sete astronautas na estação.
Os seres humanos não evoluíram para viver no espaço, em gravidade próxima a zero. Os astronautas enviados ao espaço passam por treinamento altamente especializado e monitoramento cuidadoso da saúde antes, durante e depois da viagem espacial. Poupar os profissionais dos efeitos tardios da radiação faz parte dos estudos nessa área, e especialistas trabalham para criar formas de proteger os astronautas em voos espaciais e em eventuais missões na Lua ou em Marte.
O retorno à Terra
A cápsula Crew Dragon 'aterrissou' por volta das 18h57 (horário de Brasília). Os astronautas pousaram na Costa do Golfo da Flórida, nos Estados Unidos, e foram recolhidos por uma embarcação que os levou para a terra firme. O trajeto da ISS até o pouso durou cerca de 17 horas e foi considerado um sucesso pela Nasa.
Wilmore e Sunita foram enviados ao espaço em 5 de junho de 2024, em uma cápsula Starliner da Boeing, e deveriam retornar em oito dias. No entanto, devido a problemas técnicos no sistema de propulsão da Starliner, a Nasa considerou o retorno da dupla arriscado, o que prolongou a viagem dos astronautas pela ISS.
Apesar do tempo estendido da viagem a trabalho, ambos não receberão pelas horas extras. A Nasa informou, em nota, que, quando a bordo da ISS, os astronautas recebem "salários regulares de uma semana de trabalho de 40 horas", ressaltando que astronautas "não recebem pagamento por horas extras ou feriados/finais de semana".