Laudo que aponta plágio é anexado ao caso Toninho x Adele: 'Demolidor'
Um laudo técnico de 25 páginas foi anexado ao processo entre o músico e compositor brasileiro Toninho Geraes e a cantora britânica Adele e o produtor Gred Kurstin que tramita no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e aponta plágio. Informação foi confirmada por Splash, que teve acesso ao documento.
O que aconteceu
O laudo foi elaborado pelo também músico e compositor Rafael Bittencourt, fundador e guitarrista da banda Angra. Documento foi anexado no processo ontem, informou a Splash o advogado Fredimio Biosotto Trotta, representante de Toninho Geraes.
Ação de Toninho contra Adele, gravadoras e produtor ocorre por encontrar "cópia de trechos substanciais" de canção gravada originalmente por Martinho da Vila. "O pedido para que o Rafael analisasse o caso e, chegando à conclusão do plágio, emitisse o laudo, partiu de nós", declara Trotta.
O advogado de Toninho Gerais não atuou sozinho em busca do documento. "Minha colega e parceira na causa, Dra. Deborah Sztajnberg, que também é musicista [eu também sou músico, desde criança) tinha o contato dele e o acionou. (...) O laudo é demolidor, irretocável", completa.
O laudo feito por Bittencourt diz, dentre diversos elementos, que a progressão de acordes da canção de Toninho, "Mulheres", foi reproduzida "por uma escolha criativa da obra copiada", neste caso, "Milion Years Ago". Isso desmentiria a tese da defesa da britânica de que a coincidência seria apenas um padrão musical comum.
O documento, ao qual Splash teve acesso, aponta ainda que a estrutura melódica e as pausas vocais de ambas canções são idênticas. O parecer técnico ainda evidencia a semelhança da introdução de "Mulheres" — com a reprodução da estrofe apresentando mínimas variações, copiada para formar a introdução, o refrão e o final de "Million Years Ago".
Chama atenção ainda no laudo de Bittencourt uma constatação considerada inédita nos autos. Trata-se da semelhança fonética entre a palavra mulheres, nome da faixa composta por Toninho Gerais, e a expressão "Million Years", quando pronunciada por pessoa de "forte sotaque britânico", o que seria o caso de Adele.
Splash tentou contato com a gravadora Universal Music e o advogado Mateus Aimoré Carreteiro, da MAC Advogados, que representa Adele e a gravadora, para comentar os desdobramentos do caso e a repercussão do laudo apontando plágio, mas não obteve retorno. O espaço será atualizado se houver resposta.
Baseado em evidências como as apresentadas pelo novo laudo técnico, a defesa de Toninho Gerais exige o reconhecimento do compositor brasileiro como coautor da canção de Adele. Também é requerida uma indenização por danos morais e materiais.
Relembre o caso
Toninho Geraes abriu um processo de direitos autorais contra Adele, o produtor Greg Kurstin, a gravadora XL Recordings e a distribuidora Universal Music por suposto plágio da canção "Mulheres", de 1995, com a música "Million Years Ago", de 2015. O brasileiro pede indenização de R$ 1 milhão.
O TJRJ manteve válida uma decisão de dezembro de 2024, que determinou a retirada de "Million Years Ago" das plataformas digitais. Na sua sentença, o magistrado responsável pontuou que havia uma semelhança "indisfarçável" entre as duas músicas. Além de suspender a música, o juiz fixou uma multa de R$ 50 mil por ato de descumprimento.
Procurados por Splash, os advogados de Toninho Geraes afirmaram ter provas de que os réus estão descumprindo a liminar: "Isso será levado ao processo para a cobrança de multas. Eles estão cometendo uma afronta ao Poder Judiciário".
No início de janeiro, a equipe jurídica de Toninho abriu uma queixa-crime por falsidade ideológica e documental contra Adele, Kurstin e as gravadoras. Segundo os advogados, a procuração apresentada pelos réus continha "irregularidades" — como "rasuras e entrelinhas inseridas à mão".
Toninho pede R$ 1 milhão por danos morais. Também são pedidos danos materiais, que serão calculados a partir dos royalties recebidos pela cantora e pelo produtor, mais o valor auferido pelas gravadoras e editoras com o lucro.
O brasileiro deixou claro que não vai autorizar a música de Adele a voltar a tocar. "Eles nunca se importaram comigo, com o processo ou com as minhas alegações, então por que eu iria me preocupar com eles?", afirmou o músico ao O Globo.