Sim, os tempos são outros, o mundo é outro, mas o homem continua a ser o homem, cheio de contradições, de defeitos, de idiossincrasias. Daí que uma personagem como Odete Roitman, criada por Gilberto Braga em 1988, corre o risco de virar, assim que a nova versão da novela "Vale Tudo" estrear, a malvada favorita da estação. Afinal de contas, o que fica mesmo das novelas são os personagens mais maldosos, polêmicos, mal comportados, politicamente incorretos. Os outros, os bonzinhos, parecem ser todos iguais. Já os malvados são maus cada um a sua maneira.
No caso de Odete Roitman, essa maneira se traduz numa elegância ao se vestir e uma deselegância total de modos e comportamentos. Manuela Dias, autora dessa "Vale Tudo" versão 2.0, confessou que não sentiu medo de encarar esse projeto e que essa recriação toda faz parte do seu trabalho de escritora e roteirista. E mesmo com um elenco bastante estrelado, do qual fazem parte Thaís Araújo, Paola Oliveira, Cauã Reymond, Alice Wegmann, Humberto Carrão e Bella Campos, quem está causando antes mesmo da estreia é a Odete Roitman de Débora Bloch.
Sim, depois da mítica versão de Beatriz Segall, inesquecível, agora é a vez dela: Débora Bloch. As duas têm em comum esse jeito meio "importado", fisicamente falando: um jeito de mulher europeia, mais precisamente do leste europeu, de onde provavelmente as suas famílias de fato vieram, e também uma elegância natural, um porte, um jeito de mulher rica.
Débora na vida real já é uma mulher elegante, não exatamente nessa categoria nem nesse estilo, mas tem uma parceria com o stylist Antônio Frajado, o mesmo que vestiu Fernanda Torres para todos os tapetes vermelhos, inclusive pro Oscar. Isso já demonstra seu gosto apurado, portanto não será difícil pra ela carregar roupas caras e sofisticadas assim como não era para Beatriz Segall. As duas sempre souberam o que era bom. O quesito cabelo é outro departamento, muito importante para compor a personagem: no caso da antiga Odete, ela tinha uma mecha descolorida e um cabelo mais curto. Na versão atual, o especialista Vini Kilesse criou um modelão armado, bem desfiado para compor a personalidade tirana. Ele é o preferido de Fernanda Torres e também de Patricia Pilar e Marjorie Estiano. Fera!
Mas afinal como seria a Odete Roitman nos dias de hoje? O que nos aguarda? Como será a madame em pleno 2025, nesse nosso cenário atual? Vai continuar rancorosa e fazer de tudo para alcançar seus objetivos? Quais deverão ser suas táticas e ferramentas devidamente atualizadas para os dias de hoje?
Na versão original , a construção de sua persona foi gradual, criando um clima quase de terror. Fico aqui tentando imaginar como seria essa mulher hoje em relação às questões do século 21, tipo igualdade racial, inclusão social, a questão LGBTQIA+ e tantas outras nuances que ganharam luz nesses últimos anos: como será que ela vai enfrentar tudo isso?
Um dos muitos desafios da autora será incluir todas essas modernidades, redes sociais, influenciadores e blogueirinhas na trama, assim como a reação dessa tirana power perante isso tudo. Estou ansiosa. Louca para odiar com todas as minhas forças essa nova Odete Roitman, bem vestida, chique e terrivelmente péssima. Dia 31 de março: venha logo!