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Modelo e agente criticam termo 'modelo' para acompanhante do caso Neymar

Montagem: Natália Seipel Nikolic, advogada, modelo e Miss Ilha de São Luís Mundo 2024; e Anderson Baumgartner, fundador da Way Model - Silas Ribeiro/ Reprodução/Instagram @nataliaseipel | Divulgação
Montagem: Natália Seipel Nikolic, advogada, modelo e Miss Ilha de São Luís Mundo 2024; e Anderson Baumgartner, fundador da Way Model Imagem: Silas Ribeiro/ Reprodução/Instagram @nataliaseipel | Divulgação
do UOL

Colaboração para Splash, em São Paulo

18/03/2025 14h58Atualizada em 18/03/2025 15h26

O empresário de top models Anderson Baumgartner, fundador da Way Model, e a advogada e modelo Natália Seipel Nikolic repudiaram uso do termo "modelo" para se referir a mulheres acompanhantes de luxo como está repercutindo desde a última semana devido ao "caso Neymar". A influencer e criadora de conteúdo adulto Any Awuada afirmou ter recebido R$ 20 mil para relações sexuais com Neymar e amigos em festa.

O que aconteceu

Desde que a polêmica envolvendo Neymar surgiu, diversos sites de notícias e páginas de fofoca têm se referido à influenciadora e criadora de conteúdo adulto erroneamente como modelo. Profissionais da área criticam terminologia.

Uma carta de repúdio chegou a ser elaborada por Anderson Baumgartner, fundador da maior agência de modelos da América Latina, a Way Model: "Recentemente, o caso da 'Garota de programa' envolvida com jogador de futebol [Neymar], creditada como 'Modelo' na maioria das vezes, acabou gerando indignação entre profissionais da moda", diz trecho da carta.

Profissionais da área da moda reconhecem que o uso indevido da palavra modelo para se referir às garotas de programa é recorrente. Até mesmo termos comuns, como "job" — que virou sinônimo do serviço sexual das profissionais do sexo — foi abolido pelo meio. "Paramos totalmente", disse Baumgartner em entrevista a Splash.

Responsável por nomes gigantes na indústria como a brasileira Alessandra Ambrósio e a sul-africana Candice Swanepoel, Anderson disse que mudança não causou estranhamento: "Não tem problema a gente passar a avisar a modelo que ela tem um trabalho no dia seguinte, ao invés de um job".

Baumgartner explica que para trabalhar, todas as modelos precisam ser profissionais: "Elas têm DRT, contribuem [com impostos], são modelos profissionais. Até porque uma modelo não pode ir para um estúdio, um set ou pisar em uma passarela de um São Paulo Fashion Week sem ter DRT. A partir do momento que uma modelo vira profissional a primeira coisa que nós agências fazemos é tirar o DRT dela".

Na carta de repúdio, Anderson abordou sobre a atribuição errada de profissões para diferentes profissionais: "Há muito tempo referem-se na mídia a garotas de programa como modelo. Muitas também se denominam 'modelo'. A culpa é da falta de apuração. (...) Não dá pra confundir duas profissões que são completamente diferentes, denominando garota de programa como modelo", repudiou.

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Natália Seipel Nikolic, advogada e Miss Ilha de São Luís Mundo 2024
Imagem: Raffael Rodrigues/Miss Brasil Mundo @raffarodriguess @rrfotoss @missbrasiloficial

Para a advogada de direito internacional Natália Seipel Nikolic, que já desfilou como miss e realizou trabalhos como modelo fora do Brasil, associar modelos às profissionais do sexo desvalorizam "o trabalho sério" de quem constrói uma carreira na moda. "Antes a mídia tentava se utilizar das dançarinas para criar esse eufemismo da prostituição, [hoje são as modelos] e precisamos nomear as coisas como elas de fato são", disse a Splash. Ela publicou vídeo em rede social em tom de desabafo e explicativo.

Na legenda da publicação, ela explicou a dinâmica das modelos profissionais com DRT: "Modelos estudam poses, aperfeiçoam a passarela, trabalham com grandes marcas e seguem uma disciplina rigorosa para alcançar reconhecimento profissional. Reduzir essa profissão a um rótulo vazio não é apenas irresponsável, mas também prejudicial".

A advogada reforça que, além do impacto na reputação, a generalização da profissão pode ter consequências jurídicas: como difamação, quando um site de fofoca ou uma pessoa afirma publicamente que "toda modelo também é garota de programa", prejudicando a imagem da categoria; ou calúnia, caso alguém acusa falsamente uma modelo específica de cometer um crime, como envolvimento em prostituição ilegal.

Anderson Baumgartner também criticou na carta de repúdio as chamadas de matérias: "Tenho lido inúmeras matérias com a chamada 'A modelo (?) recebeu R$ xxx para fazer sexo com fulano'. Então, NÃO É MODELO. Não exerce a profissão de modelo. Ou seja, aos que dão este pronome, por favor, parem. É tudo bem colocar 'garota de programa', que é o que é. Ela exerce esta profissão e está tudo bem, só é preciso denominar corretamente".

Ele lembra como era o mercado há 26 anos: "Em 1998, quando comecei a trabalhar com top models em São Paulo, isso era uma forma preconceituosa de taxar a profissão das modelos genuínas. Mães e meninas tinham receio do mercado da moda, então existe todo um trabalho da indústria, que é uma indústria muito importante para a economia brasileira, de profissionalização e quebra de estigmas".

Modelos profissionais são meninas que saem de casa cedo e vão morar em países que elas não dominam nem o idioma, recebem 'nãos' durante muito tempo até começar a receber os primeiros 'sim'. Requer empenho em um trabalho profissional, disputado, onde elas batalham muito para conquistar um espaço. O mercado da moda já entende isso, mas esse tipo de associação indevida faz um desserviço para as modelos profissionais, cria estigmas. Anderson Baumgartner, fundador da Way Model, em carta de repúdio

A liberdade de expressão não pode ser usada para espalhar desinformação e manchar a reputação de quem constrói sua trajetória com dedicação e seriedade. Natália Seipel Nikolic, advogada, modelo e Miss Ilha de São Luís Mundo 2024, no Instagram

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Títulos chamando garota de programa erroneamente de modelo em diversos sites
Imagem: Reprodução

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