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Qual o papel do Brasil nas últimas polêmicas de 'Emilia Pérez'? Entenda

Karla Sofía Gascón é a protagonista de "Emilia Pérez" - Divulgação
Karla Sofía Gascón é a protagonista de 'Emilia Pérez' Imagem: Divulgação
do UOL

De Splash, em São Paulo

01/02/2025 14h23

Desde que foi lançado, "Emilia Pérez" coleciona polêmicas. Contudo, acontecimentos da última semana podem ser decisivos no resultado do filme no Oscar — e o Brasil desempenhou um papel importante nessa história.

O que aconteceu

Na terça-feira (28), uma declaração de Karla Sofía Gascón no Brasil ganhou projeção internacional. Em entrevista à Folha de S. Paulo, a protagonista do filme foi questionada sobre a rivalidade entre "Emilia Pérez" e "Ainda Estou Aqui", elogiou Fernanda Torres e afirmou: "O que eu não gosto é que há uma equipe nas redes sociais, que trabalha no entorno dessas pessoas, tentando diminuir o trabalho dos outros, como o meu, ou um filme".

Eu, em nenhum momento, falei mal de Fernanda Torres ou de seu filme, mas vejo muitas pessoas que trabalham no ambiente de Fernanda Torres que falam mal de mim e de 'Emilia Pérez'. Isso fala mais deles e de seu filme do que do meu. Karla Sofía Gascón

A atriz foi acusada de violar regra do Oscar — mas não é bem assim. O regulamento da premiação proíbe qualquer pessoa envolvida com um filme elegível ao Oscar de depreciar ou criar uma imagem negativa de um filme concorrente. No entanto, segundo a revista Variety, os comentários de Karla Sofía não foram diretamente sobre Fernanda Torres ou "Ainda Estou Aqui". Por isso, apesar de polêmica, a declaração não a desclassifica do Oscar. Até o momento, a Academia não se pronunciou sobre o caso.

Karla Sofía Gascón se pronunciou sobre o caso em comunicado à revista Variety. "Sou muito fã da Fernanda Torres e tem sido maravilhoso conhecê-la ao longo dos últimos meses. Nos meus comentários recentes, eu me referia à toxicidade e ao discurso violento de ódio nas redes sociais, que infelizmente continuo recebendo. Fernanda tem sido uma aliada maravilhosa, e ninguém diretamente associado a ela foi nada além de solidário e imensamente generoso", disse a atriz. Depois, nas redes sociais, ironizou a situação.

Na quinta (30), vieram à tona tweets preconceituosos da atriz. Nas postagens divulgadas pela jornalista canadense Sarah Hagi, Karla se diz contra a presença de muçulmanos na Europa e descreve a cultura islâmica como "um foco de infecção que a humanidade deve eliminar urgentemente". A partir daí, usuários do X começaram a pesquisar outros termos na conta da atriz e encontraram postagens polêmicas sobre George Floyd (que ela descreve como um "vigarista viciado em drogas"), a diversidade no Oscar de 2021 ("eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, a uma manifestação do Black Lives Matter ou ao 8M") e até sua colega de elenco, Selena Gomez ("é uma rata rica que se finge de coitada").

A atriz pediu desculpas e apagou o perfil no X. "Como alguém em uma comunidade marginalizada, conheço muito bem esse sofrimento e lamento profundamente àqueles que causei dor. Durante toda a minha vida, lutei por um mundo melhor. Acredito que a luz sempre triunfará sobre a escuridão", disse em comunicado enviado à Variety.

Outras polêmicas

"Emilia Pérez" não foi bem recebido no México, país onde a história se passa. O filme foi criticado por ter uma única atriz mexicana: Adriana Paz, que não tem um papel de destaque na trama. A produção afirma que usou outros critérios de escolha do elenco: "Audiard olhou para todas igualmente. Ele não estava dizendo que queria uma atriz de renome. Ele só queria a melhor atriz para o papel. E acabaram sendo Selena e Zoe", disse a diretora de elenco Carla Hool em entrevista ao SAG-Foundation.

O diretor afirma que não estudou sobre o México. Questionado sobre o quanto estudou sobre a cultura do país, Jacques Audiard respondeu: "Não muito, eu já sabia o que precisava saber, pesquisei mais sobre os detalhes. E fui muito ao México para procurar atores, locações, cenários".

Outro tópico polêmico foi a representatividade no filme. Segundo a Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação (GLAAD), "Emilia Pérez" não tem uma boa representação transgênero, ao propagar estereótipos da comunidade ao reciclar os estereótipos e clichês, apesar de ter como protagonista uma atriz trans: Karla Sofía Gascón. "É um retrocesso para a representação trans", disseram.

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