De Bocardi a William Waack: as demissões polêmicas de jornalistas da Globo
A Globo causou surpresa ao anunciar, nesta quinta-feira (30), a demissão de Rodrigo Bocardi, âncora do Bom Dia São Paulo, e um dos principais nomes de seu jornalismo.
Em nota, a emissora alegou que Bocardi "descumpriu normas éticas" da empresa, mas não forneceu maiores detalhes. A saída repentina do apresentador não foi a primeira feita pela Globo, que já surpreendeu os telespectadores com o desligamento súbito de medalhões.
William Waack
Waack era titular do Jornal da Globo e um dos principais nomes do jornalismo da emissora até ser demitido por fazer comentários racistas. As falas preconceituosas do apresentador foram feitas nos bastidores da cobertura das eleições dos Estados Unidos em 2016, gravadas por um então funcionário da empresa, e expostas nas redes sociais.
No áudio, William se irrita com um motorista que buzina o carro próximo de onde ele estava. "Tá buzinando por que, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é... É preto. É coisa de preto!", falou ele na época.
Posteriormente, Waack refutou as acusações de racismo. O apresentador alegou que seu comentário foi apenas uma "piada idiota, sem a menor intenção racista". Atualmente, ele é âncora da CNN Brasil.
Mauro Naves
Naves era um dos principais nomes do jornalismo esportivo da Globo até ser demitido em 2019. O repórter estava há 31 anos na emissora e foi desligado por se envolver na polêmica entre Neymar e a modelo Najila Trindade — a modelo havia acusado o atleta de estupro, mas ele foi inocentado.
Mauro Naves foi apontado como intermediador de uma tentativa de acordo entre Neymar e o então advogado de Najila. Na época, a Globo entendeu que o jornalista teria violado regras do código de ética da empresa ao tomar conhecimento do assunto e não informar aos seus superiores. Inicialmente, ele foi punido com uma suspensão, até a demissão de fato.
Globo alegou na época que a demissão ocorreu de forma amigável. Posteriormente, Mauro Naves afirmou que não esperava essa atitude da empresa e admitiu ter ficado surpreso com a decisão. "Me pegou de surpresa. Foi um grande impacto", desabafou ele na época.
Cecília Flesch
Cecília Flesch, que comandava programa na GloboNews, foi desligada após ser acusada de falar mal da emissora. Flesch era âncora do Em Ponto, mas a empresa não gostou de uma entrevista concedida por ela ao podcast É Noia Minha?, no qual a jornalista afirmou que a Globonews "tá um saco".
Na entrevista, Cecília criticou as pautas abordadas pelo canal. "Só tem política e economia, economia e política, política e economia", disse a apresentadora, que contou ainda que ela e alguns colegas chamam a GloboNews de "RivoNews", em referência ao remédio Rivotril.
Após ser desligada da emissora, Cecília Flesch criou um canal de entrevista no YouTube, que leva justamente o nome de RivoTalks.
Lívia Torres
A repórter esportiva foi desligada da Globo em 2013, após passar 14 anos como contratada. A demissão foi porque ela apresentou um evento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o que não é permitido pelas normas da empresa.
Torres apresentou sorteio da semifinal da Copa do Brasil daquele ano. Na época, Splash apurou que a emissora não permite que seus jornalistas apresentem eventos externos remunerados.
Lívia Torres participava diariamente dos telejornais Bom Dia Rio, RJ1 e RJ2, além de participações em reportagens para Bom Dia Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Globo e Fantástico. Posteriormente, ele desabafou sobre a demissão e falou em "recalcular a rota". "Foram 14 anos de Globo, de estagiária a repórter de vídeo. Toda despedida acaba sendo um momento de olhar para trás e reviver a própria história que, no caso do jornalismo, se confunde com a de tantas outras pessoas", disse na ocasião.
Dony De Nuccio
Oficialmente, De Nuccio pediu demissão da Globo. No entanto, a saída do ex-âncora do Jornal Hoje já era dada como certa porque ele teria quebrado o código de ética e conduta da empresa.
Dony se desgastou na Globo após se envolver em negociações com clientes de uma empresa dele mesmo. A empresa, chamado Prime Talk, faturou R$ 7 milhões em um mês, sem que a Globo soubesse, produzindo vídeos de treinamento para funcionários de um banco, alguns com a participação do próprio Dony, o que contraria o código de ética da emissora.
Na época, Dony alegou não saber que os serviços prestados por sua empresa contrariavam as normas da Globo. "Reitero que minha função não era negociar valores com clientes, mas sim trabalhar na concepção dos projetos e em seu conteúdo", diz um trecho da mensagem trocada entre ele e o ex-chefe do jornalismo da emissora, Ali Kamel.