Além de Bocardi, compliance da Globo provocou demissões de Melhem e Mayer
Rodrigo Bocardi foi demitido da Globo por "descumprir normas éticas" e, portanto, ferir o compliance da empresa, o sistema que estabelece as normas e os padrões de condutas a serem seguidos pelos funcionários da empresa.
Bocardi, no entanto, não foi a primeira estrela da Globo demitida por ferir as condutas éticas da empresa. O compliance garante que os colaboradores ajam conforme as diretrizes da empresa, que são ainda mais rígidas para jornalistas para preservar a credibilidade da informação, do profissional e, consequentemente, da emissora.
Globo não especificou exatamente quais regras éticas foram infringidas por Bocardi. No entanto, Splash apurou que o jornalista tem três empresas de comunicação — a Globo não permite que seus jornalistas façam trabalhos extras —, além de manter uma relação muito próxima com empresários e políticos de São Paulo.
Famosos demitidos pelo compliance da Globo
Marcius Melhem
O caso mais emblemático é de Marcius Melhem. O artista, que já foi o chefão do setor de humor da Globo, foi desligado após acusações de assédio sexual feitas por atrizes da emissora, entre as quais Dani Calabresa.
Atrizes acusaram Melhem de supostamente fazer uso do cargo para assediá-las. Após análise feita pelo compliance da empresa, o humorista foi dispensado em 2020, quando seu contrato foi rescindido. Atualmente, o caso envolvendo Dani e Marcius tramita em segredo de Justiça.
José Mayer
Mayer já foi um dos principais galãs da Globo. A demissão do ator em 2018 pegou os fãs de surpresa, após ele ser acusado de assédio sexual por uma figurinista.
Na época, Mayer estava no ar na novela "A Lei do Amor". À época, o famoso emitiu comunicado em que admitiu ter "passado do ponto". Desde então, ele está afastado das telinhas.
William Waack
Waack era titular do Jornal da Globo e um dos principais nomes do jornalismo da emissora até ser demitido por fazer comentários racistas. As falas preconceituosas do apresentador foram feitas nos bastidores da cobertura das eleições dos Estados Unidos em 2016, gravadas por um então funcionário da empresa, e expostas nas redes sociais.
No áudio, William se irrita com um motorista que buzina o carro próximo de onde ele estava. "Tá buzinando por que, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é... É preto. É coisa de preto!", falou ele na época.
Posteriormente, Waack refutou as acusações de racismo. O apresentador alegou que seu comentário foi apenas uma "piada idiota, sem a menor intenção racista". Atualmente, ele é âncora da CNN Brasil.
Lívia Torres
A repórter esportiva foi desligada da Globo em 2013, após passar 14 anos como contratada. A demissão foi porque ela apresentou um evento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o que não é permitido pelas normas da empresa.
Torres apresentou sorteio da semifinal da Copa do Brasil daquele ano. Na época, Splash apurou que a emissora não permite que seus jornalistas apresentem eventos externos remunerados.
Lívia Torres participava diariamente dos telejornais Bom Dia Rio, RJ1 e RJ2, além de participações em reportagens para Bom Dia Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Globo e Fantástico. Posteriormente, ele desabafou sobre a demissão e falou em "recalcular a rota". "Foram 14 anos de Globo, de estagiária a repórter de vídeo. Toda despedida acaba sendo um momento de olhar para trás e reviver a própria história que, no caso do jornalismo, se confunde com a de tantas outras pessoas", disse na ocasião.
Dony De Nuccio
Oficialmente, De Nuccio pediu demissão da Globo. No entanto, a saída do ex-âncora do Jornal Hoje já era dada como certa porque ele teria quebrado o código de ética e conduta da empresa.
Dony se desgastou na Globo após se envolver em negociações com clientes de uma empresa dele mesmo. A empresa, chamado Prime Talk, faturou R$ 7 milhões em um mês, sem que a Globo soubesse, produzindo vídeos de treinamento para funcionários de um banco, alguns com a participação do próprio Dony, o que contraria o código de ética da emissora.
Na época, Dony alegou não saber que os serviços prestados por sua empresa contrariavam as normas da Globo. "Reitero que minha função não era negociar valores com clientes, mas sim trabalhar na concepção dos projetos e em seu conteúdo", diz um trecho da mensagem trocada entre ele e o ex-chefe do jornalismo da emissora, Ali Kamel.