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'Retrocesso': além de Lula, Alckmin e AGU criticam fim da checagem da Meta

Zuckerberg, que anunciou suspensão de sistema de checagem em redes da Meta, tem se aproximado do futuro governo de Donald Trump - DREW ANGERER/AFP
Zuckerberg, que anunciou suspensão de sistema de checagem em redes da Meta, tem se aproximado do futuro governo de Donald Trump Imagem: DREW ANGERER/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo*

09/01/2025 14h05

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e a Advocacia-Geral da União (AGU) criticaram nesta quinta-feira (9) a decisão da Meta — dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp — de encerrar a checagem de fatos em suas plataformas nos Estados Unidos. Mais cedo, o presidente Lula também repudiou a mudança anunciada e convocou uma reunião de governo sobre o tema.

O que aconteceu

Para Alckmin, medida representa "retrocesso". "Não é possível você ter plataformas e órgãos de comunicação de presença global, sem responsabilidade, sem responsabilização. Não pode desinformar as pessoas, não pode mentir, difamar, precisa ter responsabilidade. O convívio em sociedade tem direitos e deveres", afirmou o vice-presidente em entrevista à rádio Eldorado nesta quinta.

A democracia é uma conquista da civilização e nós não podemos permitir abuso do poder econômico e estruturas econômicas muito fortes prejudicarem o conjunto da sociedade, os direitos individuais e coletivos. (...) Não é porque alguém é bilionário que pode fazer o que quer.
Geraldo Alckmin, em entrevista à Rádio Eldorado nesta quinta

AGU divulgou que Brasil "não é terra sem lei". Em nota, o órgão informou que irá agir contra as mudanças na política de moderação de conteúdo das redes sociais da Meta caso elas afetem a democracia ou violem leis brasileiras.

Ministro Jorge Messias destacou que a decisão da Meta vai aumentar a desinformação nas redes sociais. Segundo o chefe da AGU, responsável por representar a União no âmbito judiciário e extrajudiciário, o anúncio da empresa irá prejudicar os usuários das plataformas da empresa, que já enfrentam problemas com fake news e discursos de ódio.

Nosso país não é terra sem lei. Não vamos ficar de braços cruzados em relação a ataques à democracia e às garantias previstas na nossa legislação. Não é possível entender que liberdade de expressão é passe livre para disseminação, no ambiente virtual, de informações deliberadamente falsas que, na prática, são as que impedem as pessoas de exercer livremente seus direitos fundamentais.
Jorge Messias, AGU, em nota

Lula repudiou decisão e convocou reunião com sua equipe. "Vou fazer reunião hoje para discutir questão da Meta. Acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma responsabilidade do cara que comete crime na imprensa escrita", afirmou a jornalistas também nesta quinta.

Como se um cidadão pudesse ser punido porque faz coisa na vida real e pudesse não ser punido porque faz a mesma coisa na digital. O que nós queremos na verdade é que cada país tenha sua soberania resguardada. Não pode um cidadão, dois cidadãos, três cidadãos acharem que podem ferir soberania de uma nação.
Presidente Lula, em declaração à imprensa

Entenda decisão

CEO da Meta anunciou mudança na última terça-feira (7), em vídeo postado nas redes sociais. Na prática, a empresa vai remover agências de checagem profissionais para ter um sistema de notas da comunidade. O UOL Confere, estação do UOL para checagem e esclarecimento de fatos, faz parte dos programas de checagem da Meta no Brasil.

No novo esquema, os próprios usuários das redes podem explicar ou comentar algo, incluindo links e imagens, e o comentário é votado por outras pessoas. Atualmente, o X, comandado por Elon Musk, conta com um sistema de checagem de informação similar. A medida primeiro vai ocorrer nos Estados Unidos, e posteriormente pode ser adotada em outros países.

Zuckerberg tem feito acenos a Donald Trump. O executivo se encontrou com o presidente eleito dos EUA em novembro de 2024. Antes do jantar, o criador do Facebook afirmou, segundo a FOX News, que "deseja apoiar a renovação nacional da América sob a liderança do presidente Trump".

O novo presidente dos EUA sempre se posicionou contrário à checagem de fatos nas redes sociais. Trump chegou a ser expulso do Twitter (hoje X) por conta de divulgação de notícias falsas.

*Com Estadão e Agência Brasil

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