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Governo Lula chama fim da checagem na Meta de 'convite à extrema direita'

do UOL

Do UOL, em Brasília

07/01/2025 12h46Atualizada em 07/01/2025 20h12

O secretário de Políticas Digitais do governo Lula (PT), João Brant, criticou a decisão da Meta de acabar com o sistema de checagem de fatos, como anunciado nesta terça-feira (7). Quem também não gostou do anúncio de Zuckerberg foi a presidente do partido do presidente, Gleisi Hoffmann, para ela redes sociais estão "se curvando diante de Donald Trump".

O que aconteceu

A empresa, dona do Facebook e do Instagram, vai remover agências de checagem profissionais e usar um sistema de notas da comunidade, como no X. Segundo seu CEO, Mark Zuckerberg, a medida vai ser adotada primeiro nos Estados Unidos e posteriormente em outros países.

"Significa um convite para o ativismo da extrema direita reforçar a utilização dessas redes como plataformas de sua ação política", disse Brant, em postagem no LinkedIn. "Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos."

Para o secretário, a decisão está alinhada ao governo Donald Trump. Ele argumenta que a empresa vai "atuar politicamente no âmbito internacional" junto à nova gestão, que assume em 20 de janeiro, contra "países que buscam equilibrar direitos no ambiente online", como Brasil, membros da União Europeia e Austrália.

A declaração [de Zuckerberg] é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump.
João Brant, secretário de Políticas Digitais de Lula

Presidente do PT considerou decisão da Meta gravíssima. "É gravíssima a noticia de que a Meta (Instagram, Facebook, WhatsApp e Threads) está se alinhando à extrema direita", afirmou Gleisi Hoffman.

Para ela, rede sociais podem se tornar "plataformas políticas tendenciosas", se se curvarem ao que chamou de "anseios de Donald Trump". "Semelhante ao que já acontece no X [antigo Twitter], utilizando falsos pretextos como 'liberdade de expressão', 'tribunais secretos' e 'censura'."

Uma declaração de guerra à democracia ao redor do mundo. Por isso precisamos combater a desinformação, fiscalizar as plataformas digitais e exigir mais transparência junto aos usuários. [...]estabelecer leis para as redes sociais é urgente, antes que seja tarde demais.
Gleisi Hoffmann (PT)

Zuckerberg citou "cortes secretas da América Latina" para falar que STF censura redes — sem apresentar provas. Ele também disse estar alinhado com Trump e o empresário detentor da rede social X, Elon Musk, contra as imposições feitas pela União Europeia. Para Gleisi, Trump, Zuckerberg e Musk usam de poder econômico para "atropelar direitos dos usuários".

Zuckerberg tem feito vários acenos a Trump. O executivo se encontrou com o presidente eleito dos EUA em novembro de 2024. Antes do jantar, o criador do Facebook afirmou, segundo a Fox News, que "deseja apoiar a renovação nacional da América sob a liderança do presidente Trump".

"Meta vai asfixiar financeiramente as empresas de checagem de fatos", afirma Brant. Segundo ele, isso vai acontecer porque a medida "afetar as operações delas dentro e fora das plataformas".

Comunicado alinhado a Trump

Zuckerberg publicou o anúncio por meio de vídeo no Instagram. Com mais acenos nominais a Trump, ele acusou as agências de checagem de serem "enviesadas politicamente" e "destruírem a confiança" dos cidadãos.

Checagem de fatos ocorre em propriedades da Meta desde 2016. Os verificadores identificam boatos e, caso algo seja falso, o alcance é reduzido e havia uma notificação na publicação. Temas como covid-19, eleições e desastres naturais costumavam receber algum tipo de sinalização.

O UOL Confere, estação do UOL para checagem e esclarecimento de fatos, faz parte dos programas de checagem da Meta no Brasil.

O novo presidente dos EUA sempre se posicionou contrariamente à checagem de fatos nas redes sociais. Trump chegou a ser expulso do Twitter (hoje X) por conta de divulgação de notícias falsas —isso antes de Elon Musk, seu futuro secretário, tornar-se dono da plataforma.

Mudança tem como objetivo "reduzir erros", segundo Zuckerberg. O executivo diz que a Meta quer simplificar políticas de conteúdo e "restaurar a liberdade de expressão nas plataformas". O bilionário cita que a rede conta com sistemas complexos de moderação e que eventualmente errava, censurando milhões de pessoas.

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