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Doação, jantar e mudança na Meta: Zuckerberg coleciona acenos a Trump

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em 31 de janeiro de 2024, e o novo presidente dos EUA, Donald Trump, em 17 de setembro de 2024 - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em 31 de janeiro de 2024, e o novo presidente dos EUA, Donald Trump, em 17 de setembro de 2024 Imagem: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

07/01/2025 13h23Atualizada em 07/01/2025 18h47

A Meta, dona do Instagram e Facebook, anunciou hoje que encerrará o sistema de checagem de fatos e adotará 'notas de comunidade' como já acontece no X. Nos últimos meses, o CEO da big tech, Mark Zuckerberg, promoveu uma verdadeira transformação política de sua empresa, na direção do presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

O que aconteceu

Zuckerberg tem feito vários acenos a Trump. O executivo se encontrou com o republicano para um jantar na Flórida em novembro de 2024, após a reeleição de Trump. Antes do jantar, o criador do Facebook afirmou, segundo a FOX News, que "deseja apoiar a renovação nacional da América sob a liderança do presidente Trump".

Meta doou US$ 1 milhão (cerca de R$ 6,1 milhões pela cotação atual) para a posse de Trump. A doação da big tech para o fundo de posse do presidente eleito Donald Trump ocorreu apenas algumas semanas após o CEO da empresa se encontrar com Trump em particular em Mar-a-Lago, na Flórida.

Na semana passada, o diretor de assuntos globais da Meta, Nick Clegg, anunciou sua saída. Ele foi substituído por Joel Kaplan, um republicano que tem sido uma voz crítica ao fato de que conservadores estão sendo suprimidos das plataformas digitais.

Na segunda-feira, a empresa anunciou que a aliada de Trump, Dana White, do UFC, faria parte de seu conselho. White é um dos apoiadores mais conhecidos de Trump. Durante a campanha, ele afirmou que o presidente eleito é "o ser humano mais firme e resiliente que eu já vi". White é amigo de Trump há duas décadas, desde que o presidente ofereceu suas propriedades para eventos de artes marciais mistas do UFC.

Revisão de conteúdo poderá ser feita no Texas. A Meta ainda revelou planos para basear as equipes de revisão de conteúdo dos EUA no Texas, em vez de na Califórnia, "onde há menos preocupação com o preconceito em nossas equipes". As equipes na Califórnia seriam mais liberais e progressistas.

Durante a campanha de 2024, Zuckerberg não apoiou publicamente nenhum candidato à presidência. Apesar disso, adotou uma postura mais positiva em relação ao republicano. No início deste ano, ele elogiou a resposta de Trump à sua tentativa de assassinato e o chamou de "durão".

Aproximação representa uma reviravolta na relação entre Trump e Zuckerberg

Encontro de Donald Trump e Mark Zuckerberg em Washington - Rerodução/Twitter - Rerodução/Twitter
Encontro de Donald Trump e Mark Zuckerberg em Washington
Imagem: Rerodução/Twitter

Trump tem sido um duro crítico da Meta e de Zuckerberg nos últimos anos, acusando-os de serem tendenciosos contra os conservadores.

No primeiro mandato de Trump, a Meta passou a ser investigada por monopólio de mídia social, quando comprou o Instagram e WhatsApp. O republicano e o seus apoiadores também acusam Zuckerberg de conspirar contra a campanha republicana nas eleições presidenciais de 2020.

Trump foi banido do Facebook e Instagram. Em 2021, o presidente eleito dos EUA foi suspenso das plataformas por seus "elogios às pessoas envolvidas em violência no Capitólio em 6 de janeiro". A empresa restaurou as contas de Trump no início de 2023, com certo monitoramento. Em julho, as restrições foram suspensas pela Meta por causa das eleições presidenciais.

Em agosto de 2024, Trump ameaçou mandar Zuckerberg para a prisão perpétua, caso fosse eleito. O republicano alegou que o CEO da Meta teria direcionado suas plataformas de mídia social contra ele nas eleições de 2020 e que, se fizesse o mesmo em 2024, seria punido.

O novo presidente dos EUA sempre se posicionou contrário à checagem de fatos nas redes sociais. Trump também chegou a ser expulso do X por conta de divulgação de notícias falsas. O seu perfil foi reativado em 2022.

Entenda o que muda com o anúncio de Zuckerberg

Zuckerberg tem se aproximado do futuro governo de Donald Trump - DREW ANGERER/AFP - DREW ANGERER/AFP
Zuckerberg tem se aproximado do futuro governo de Donald Trump
Imagem: DREW ANGERER/AFP

Fim do sistema de checagem de fatos feita por agências. Checagem de fatos ocorre em propriedades das Meta desde 2016, quando Trump foi eleito. Os verificadores identificam boatos e caso algo seja falso, o alcance é reduzido e havia uma notificação na publicação. Temas como covid-19, eleições e desastres naturais costumavam receber algum tipo de sinalização.

O UOL Confere, estação do UOL para checagem e esclarecimento de fatos, faz parte dos programas de checagem da Meta no Brasil.

Em um anúncio pouco comum, Zuckerberg fala em se juntar ao governo dos EUA para lutar contra governos ao redor do mundo que atacam empresas do país. O CEO da Meta cita que a Europa tem leis que institucionalizam a censura e que na América Latina há "cortes secretas" que exigem que empresas removam conteúdos.

A medida será feita primeiro nos Estados Unidos, e posteriormente pode ser adotada em outros países. Mark Zuckerberg anunciou a mudança nesta terça-feira (7) em vídeo postado nas redes sociais

Na prática, a rede vai remover agências de checagem profissionais para ter um sistema de notas da comunidade. Nesse esquema, os próprios usuários das redes podem explicar algo, incluindo links e imagens, e essa explicação é votada pelas outras pessoas. Atualmente, o X conta com um sistema de checagem de informação dessa forma.

Depois da eleição da primeira eleição de Trump, em 2016, a mídia tradicional escreveu sem parar sobre como fake news eram uma ameaça para a democracia. Tentamos de boa-fé a endereçar essas preocupações, sem nos tornamos árbitros da verdade. Mas os checadores de fatos são muito enviesados politicamente e destruíram mais a confiança [das pessoas] do que a criaram, especialmente nos EUA.
Mark Zuckerberg

Mudança tem como objetivo "reduzir erros", segundo Zuckerberg. O executivo diz que a Meta quer simplificar políticas de conteúdo e "restaurar a liberdade de expressão nas plataformas". Zuckerberg cita que a rede conta com sistemas complexos de moderação e que eventualmente errava, censurando milhões de pessoas.

Vamos trabalhar com o presidente Trump para resistir a governos ao redor do mundo, que vão contra empresas dos Estados Unidos, e que queiram censurar mais. (...). A Europa tem um crescente número de leis que institucionalizam a censura, tornando difícil criar qualquer coisa inovadora por lá. Países da América Latina têm cortes secretas, que exigem que companhias removam conteúdos na surdina. A China censura nossos apps de funcionarem lá. A única forma de resistir a essa tendência global é com o apoio do Governo do EUA.
Mark Zuckerberg

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