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Brinquedo 'mais perigoso do mundo' tem urânio e é leiloado por R$ 100 mil

O Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238, vendido no início dos anos 1950 - Divulgação/RR Auction
O Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238, vendido no início dos anos 1950 Imagem: Divulgação/RR Auction
do UOL

Colaboração para Tilt

21/12/2024 05h30

Lançado originalmente nos anos 1950 como um item infantil, o Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238 hoje em dia é considerado item de colecionador. Na última semana, uma unidade do "brinquedo", que contém substâncias radioativas, foi leiloada por mais de R$ 100 mil.

O que aconteceu

Considerado um dos brinquedos mais perigosos da história, o Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238 foi leiloado nos Estados Unidos. O produto foi avaliado em US$ 16.500, cerca de R$ 103 mil, conforme a cotação atual. Segundo o anúncio do produto, a oferta foi fechada no último dia 11.

A casa responsável pelo leilão descreveu o item como um exemplar 'raro e completo'. Com menos de 5.000 unidades vendidas ao redor do mundo, o kit foi produzido somente por dois anos. Segundo a RR Auction, o kit de laboratório está em sua mala original e contém uma câmara que permite "observar partículas alfa viajando a 19 mil quilômetros por segundo".

O "minilaboratório nuclear" leiloado conta também com um dispositivos científicos. O kit tem um espintariscópio, para observação da desintegração radioativa, e um eletroscópio, que detecta a radioatividade. O conjunto oferece amostras das seguintes substâncias radioativas: carnotita, autunita, torbernita e uraninita.

'Mala' original do Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238 - Divulgação/RR Auction - Divulgação/RR Auction
'Mala' original do Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238
Imagem: Divulgação/RR Auction

Além dos materiais do laboratório, documentos raros também fazem parte do kit arrematado. Estão inclusos no produto o "Manual de Energia Atômica de Gilbert", o "Guia de Prospecção de Urânio", publicado pela Comissão de Energia Atômica dos EUA e pelo Serviço Geológico dos EUA, e uma história em quadrinhos chamada "Dagwood Divide o Átomo".

Uma carta da companhia responsável pelo brinquedo explica o encerramento da fabricação do Laboratório de Energia Atômica. Datada de setembro de 1953, o documento que completa o kit leiloado é assinado pela A. C. Gilbert Co. "Lamentamos profundamente informar que descontinuamos a fabricação deste Laboratório, foi muito difícil obter alguns dos materiais e também devido a restrições governamentais" relata a carta.

Parte documentos presentes no kit leiloado do Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238, nos Estados Unidos - Reprodução/RR Auction - Reprodução/RR Auction
Parte documentos presentes no kit leiloado do Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238, nos Estados Unidos
Imagem: Reprodução/RR Auction

O kit oferecia perigo às crianças?

A Gilbert Toys lançou duas versões do brinquedo, uma em 1950 e a segunda em 1951. Segundo o Museu da Radiação e Radioatividade, nos Estados Unidos, o brinquedo não foi primeiro produto "atômico" para crianças, mas o Laboratório de Energia Atômica foi o mais elaborado já comercializado.

Em 1952, o produto foi substituído por outro conjunto de energia atômica, que tinha menos urânio. Um dos motivos da substituição foi o alto preço: na época, cada unidade do kit custava US$ 50 (cerca de R$ 309).

Apesar de não ser possível fazer uma reação nuclear com o kit, os itens do brinquedo emitiam radiação. Segundo uma publicação de 2020 da revista científica IEEE Spectrum, a provável exposição à radiação emitida pelo produto era "mínima, aproximadamente o equivalente a um dia de exposição aos raios UV do sol", desde que as amostras radioativas não fossem removidas dos seus recipientes, conforme orientações presentes no manual de instruções do kit.

Parte dos itens do kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238: à esquerda, o eletroscópio. À direita, o contador Geiger - Reprodução/YouTube/Atlas Obscura - Reprodução/YouTube/Atlas Obscura
Parte dos itens do kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238: à esquerda, o eletroscópio, utilizado para detectar cargas elétricas. À direita, o contador Geiger, que mede a radiação
Imagem: Reprodução/YouTube/Atlas Obscura

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