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Agressões e processos: violência de Chris Brown contra mulheres divide fãs

O cantor Chris Brown, acusado de violência contra mulheres diversas vezes, canta no Allianz Parque com ingressos esgotados - Samir Hussein/WireImage
O cantor Chris Brown, acusado de violência contra mulheres diversas vezes, canta no Allianz Parque com ingressos esgotados Imagem: Samir Hussein/WireImage
do UOL

Bruna Calazans

Colaboração para Splash, em São Paulo

19/12/2024 05h30

Chris Brown retorna ao Brasil após 14 anos longe do país. Ele se apresenta no fim de semana (sábado, 21, e domingo, 22), no Allianz Parque, em São Paulo. Levou apenas uma hora para ele vender 50 mil ingressos na capital paulista (ainda restam opções para o dia 22, com valores entre R$ 790 e R$ 210).

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Jamais esqueceremos: Rihanna em foto que mostra as marcas de violência de Chris Brown
Imagem: Reprodução

Mas como explicar o sucesso de um cantor que coleciona acusações de agressão contra mulheres, a mais famosa em 2009, que deixou a namorada dele na época, a cantora Rihanna, com o rosto deformado?

Quem é Chris Brown

O cantor surgiu na música em 2005, com faixas românticas e coreografias bem elaboradas. Naquela época, ele foi definido por alguns veículos de crítica especializada como o "novo Michael Jackson".

Com a faixa "Run It!", um de seus primeiros singles, ele ficou em primeiro lugar no Hot 100, chart de músicas mais ouvidas do mundo da revista Billboard. Ele permaneceu 38 semanas entre as mais ouvidas.

A vida pessoal do então astro também chamava atenção. Em 2007, quando tinha 18 anos, começou a namorar a também estrela em ascensão Rihanna, de 19. Eles retornaram rapidamente o casal queridinho da mídia com aparições públicas e em premiações.

Tudo mudou quando, dois anos depois, em 2009, quando ela apareceu com o rosto desfigurado após levar socos do cantor. "Ela começou a me bater, dentro do carro", contou Chris Brown no documentário "Welcome to My Life,", lançado em 2017.

Eu realmente acertei ela. Com o punho fechado, dei um soco e isso rasgou o seu lábio. Quando vi, fiquei em choque. Chris Brown

Imagens da agressão circulam na internet até hoje, como um lembrete da personalidade do cantor. Naquela época, foi condenado a prestar 180 das de trabalho comunitário, e cinco anos de liberdade condicional. Em 2014, precisou ficar mais 131 dias na cadeia por violar a condicional.

Com o passar dos anos, ele se envolveu em mais polêmicas de agressão contra mulheres. Em 2019, foi preso em paris, na França, após ter sido acusado de estupro por uma mulher de 24 anos.

Em um recente documentário lançado sobre o história de violência do cantor, "Chris Brown: A History of Violence", uma mulher que preferiu não se identificar o acusa de estupro. O caso teria acontecido em Miami durante uma das polêmicas festas de P.Diddy.

Essa mesma mulher entrou com um processo contra ele em 2022. A Justiça, porém, rejeitou o caso por "falta de acusações".

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Diga-me com quem andas... P. Diddy recebe Chris Brown em uma de suas festas, em 2009
Imagem: Jason Merritt/Getty Images

Este histórico problemático não impediu que Chris Brown saísse da mídia —e do coração dos fãs. Ele já recebeu 65 indicações ao Grammy. Na edição 2025, prevista para acontecer em 2 de fevereiro, ele concorre a três, incluindo melhor álbum de R&B com "11:11".

"Sempre fui fã de hip-hop e filmes de dança, e posso dizer que a minha admiração por Chris Brown começou em 2006", conta Letícia Farias, publicitária de 34 anos. Ela explica que, para além da música, também se encantou com a atuação dele no filme "Poder do Ritmo", de 2007.

Evelyn Ferreira, de 28 anos, também começou a acompanhar Chris Brown na adolescência. "Comecei a gostar por conta do meu pai. Sempre ouvíamos juntos. Eu passava horas na frente da televisão tentando aprender as coreografias. Ele foi o meu primeiro amor platônico."

Apesar do amor de ambas pelo mesmo artista, elas tomaram decisões diferentes diante da vinda do ídolo da adolescência ao país. "Assim como qualquer fã, tenho meus momentos de reflexão sobre as atitudes dele", confessa Letícia.

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Chris Brown, que se apresenta em São Paulo no sábado (21) e no domingo (22), no Allianz Parque
Imagem: Prince Williams/WireImage

No entanto, consegui separar a pessoa dele do artista e, embora tenha sido algo muito triste, sempre admirei seu talento musical. Evelyn Ferreira, fã de Chris Brown

Ela comprou ingressos para a apresentação do cantor em São Paulo, e até uma camiseta personalizada para demonstrar seu amor. "Nós, brasileiros, estamos esperando ansiosamente por esse show, e com certeza vai ser um momento incrível".

Letícia também era fã de outros cantores que se envolveram em polêmicas, como R. Kelly, mas decidiu parar de consumir qualquer coisa dele depois de sua prisão por pornografia infantil e tráfico sexual. "Para mim, a ética e o respeito são fundamentais, e no caso do Chris, ele tem mostrado evolução, o que me fez continuar a apoiar sua carreira."

Evelyn, por outro lado, não acompanha mais a carreira de Chris de perto, apesar de se pegar ouvindo as músicas antigas apoiada na nostalgia que elas lhe trazem. "Sem hipocrisia", brinca.

Na época em que o caso de violência aconteceu eu era adolescente, e foi muito difícil perceber que, apesar do rostinho bonito e simpático que ele tem, ele ainda assim foi capaz de cometer tantas atrocidades. Mas acho que jamais conseguiria vê-lo ao vivo. Acho que ele é um dos poucos artistas que não consigo separar a obra do artista, e pelo visto, muitas pessoas conseguiram fazer isso. Letícia Farias, ex-fã de Chris Brown

A brasileira Liziane Gutierrez também foi vítima da violência de Chris Brown contra mulheres. O cantor acabou pagando indenização de US$ 70 mil para a modelo.

Ela entrou com um processo contra o músico em fevereiro de 2016. Liziane alegou ter sido agredida por Brown enquanto tirava o celular de sua bolsa para fazer uma foto em uma festa realizada no quarto dele, em um hotel de Las Vegas. A modelo participou do reality "A Fazenda", em 2021, na Record.

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