Como um filme é indicado ao Oscar? Entenda etapas da corrida à premiação
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulga nesta terça-feira (17) a lista de pré-indicados ao Oscar 2025.
Entenda o processo de indicação
O filme precisa seguir alguns critérios para se candidatar. A obra deve ser exibida em um cinema por, pelo menos, sete dias consecutivos —no caso dos candidatos a Melhor Filme, esse cinema deve estar em uma das áreas determinadas pela Academia (Los Angeles, Nova York, Bay Area, Chicago, Miami ou Atlanta). O filme que for lançado em outros formatos (como streaming, DVD ou televisão) antes do cinema é desclassificado.
Os candidatos a Melhor Filme Estrangeiro seguem regras distintas. O filme não precisa ser exibido nos Estados Unidos, e mais de 50% das falas devem ser em um idioma que não o inglês. A Academia só aceita um filme de cada país por ano —no Brasil, é a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais quem faz a seleção.
Cada categoria tem diferentes prazos de candidatura. Segundo o site da Academia, o processo de candidatura envolve um envio de formulário e materiais sobre cada filme, com regras diferentes dependendo da categoria. Neste ano, quase todos os prazos de candidatura se encerraram até 14 de novembro.
A lista de pré-indicados costuma ser divulgada cerca de um mês após o fim das candidaturas. São centenas de nomes, e os eleitores não são obrigados a assistir a todos para votar. Por isso, estúdios investem bastante tempo e dinheiro em campanhas de publicidade, para que seus filmes sejam notados pelos membros da Academia —em entrevista ao UOL, Fernanda Torres comparou a divulgação a uma campanha política.
Eu me lembro de quando minha mãe fez a campanha de "Central do Brasil": ela praticamente desapareceu, foi como se tivesse sido abduzida. Fernanda Torres
Quem vota? A Academia do Oscar tem mais de 10 mil membros, todos eles profissionais da indústria —atores, diretores, produtores, profissionais de figurino, direção de arte, etc. 95% deles votam no Oscar, segundo a revista Vanity Fair. Quem não é convidado pela Academia para se tornar membro só consegue entrar caso seja indicado por dois outros membros de sua área. Ou seja, atores só podem indicar outros atores.
Como os indicados são escolhidos? Membros da Academia são divididos em seções, correspondentes à sua área de atuação. Cada membro vota apenas nas categorias das suas seções, ou seja, diretores só votam nas categorias de direção. As exceções são as categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Curta-Metragem, em que todos os membros podem votar. Nas categorias gerais, os filmes mais votados são indicados ao Oscar.
A categoria de Melhor Filme Estrangeiro é especial. Os eleitores são obrigados a assistir a uma porcentagem mínima dos filmes da categoria antes de votar em dois turnos —dando notas para cada um. Os 15 filmes com melhores notas entram para a lista de elegíveis à indicação. Uma nova votação é realizada e a lista é reduzida para cinco indicações definitivas ao Oscar.
Janeiro define a disputa. As votações preliminares, que definem a lista de candidatos à indicação em algumas categorias (como filme estrangeiro), acontecem entre 9 e 13 de dezembro. A lista de filmes elegíveis —isto é, que podem competir por uma indicação— deve ser publicada nesta terça-feira (17). Entre 8 e 12 de janeiro, os membros devem votar nos filmes que querem que sejam indicados ao Oscar no dia 17 de janeiro.
Os vencedores do Oscar serão votados entre 11 e 18 de fevereiro e cada eleitor escolhe um candidato por categoria. Mais uma vez, há uma exceção: a categoria de Melhor Filme, em que cada membro da Academia deve elaborar uma lista em ordem de preferência de seus indicados. Os vencedores serão anunciados em 2 de março.
Apoio dos brasileiros nas redes pode fazer a diferença?
Filmes têm regras para serem promovidos. Há casos na história do Oscar em que ações consideradas irregulares durante a campanha de promoção de um filme levaram à retirada de indicações. Em 2023, a indicação de Andrea Riseborough ao Oscar de Melhor Atriz gerou polêmica e foi "revista" pela Academia, depois que o time do filme realizou uma forte campanha de bastidores entre atores de peso, pedindo a estrelas que promovessem o filme nas redes. No fim, sua indicação foi mantida, mas a questão gerou mal-estar.
O apoio popular a Fernanda Torres nas redes pode ser uma ferramenta poderosa, sim, para trazer visibilidade a "Ainda Estou Aqui" em diferentes categorias. Quanto mais barulho, torna-se mais possível que os eleitores da Academia fiquem sabendo que o filme existe e acabem assistindo ao trabalho dela e de toda a equipe. Ou seja, mais chances de ser indicado —e até trazer a estatueta para a casa.
Grandes estúdios têm mais poder. É importante ter em mente que há um enorme investimento financeiro em Hollywood na promoção de curtas e longas —e isso pode pesar contra Fernanda e "Ainda Estou Aqui" na disputa. No entanto, até o momento, a paixão dos brasileiros pela atriz parece ter aberto os olhos da Academia para a relevância da produção, apostam jornalistas e críticos.