Seu Barriga explica sucesso de 'Chaves': 'Somos iguais aos personagens'
Há poucas coisas tão duradouras quanto "Chaves", a série mexicana setentista que continua relevante até os dias de hoje. Não só o seriado clássico continua sendo exibido na TV e no streaming, como seus astros seguem famosos no Brasil, como é o caso de Édgar Vivar, o eterno Senhor Barriga.
O comediante mexicano, imortalizado pelo personagem que cobrava o aluguel do Seu Madrugada, esteve presente na CCXP 24. O evento aconteceu em São Paulo na semana passada, onde ele conversou com Splash sobre os fãs brasileiros e o evento em sí. "É minha quarta visita à CCXP", afirmou ele.
Dessa vez, porém, o escopo gigantesco do evento deu certo cansaço no senhor de 75 anos. "Está cada vez maior e mais complicada, tem muita segurança, guardas-costas e tudo isso", afirmou Vivar, que já elegeu a edição brasileira a "maior Comic Con do mundo".
Ficou muito complicado. Acho que também virou muito comercial, principalmente comparada com a primeira CCXP, que era mais para os fãs. Agora temos [empresas grandes como] Paramount e outras. É mais voltada para o mercado do que uma festa de fãs, mas tudo bem. Cresceu muito, virou a maior Comic Con do mundo. Eu gosto, e estarei aqui sempre que for convidado.
O ator, carismático e surpreendentemente cheiroso, mostrou que os mexicanos são tão apaixonado pelo Brasil quanto os brasileiros são por "Chaves". "Estar aqui é como estar em casa, parece que nunca saí daqui. Recebo mais beijos e abraços aqui do que no México", afirmou.
Os mexicanos são um pouco mais distantes, frios. Aqui os brasileiros são muito emotivos e apaixonados. É compreensível, toda a sua cultura é assim, das cores à música festiva. É interessante, vocês têm uma influência muito grande de Portugal, mas a música portuguesa é triste. Essa mistura de culturas do Brasil resulta em uma cultura muito festiva. Eu adoro e sou apaixonado pela cultura brasileira, pela comida e pelos meus fãs.
Mas por que raios "Chaves" continua tão relevante, mesmo 50 anos depois de sua criação? É uma pergunta carregada, e Vivar reage aos risos, dizendo: "Boa pergunta... Não sei!", mas logo depois emenda um raciocínio muito válido: o seriado mexicano, em seu humor pastelão e produção de baixo custo, é universal da experiência latino-americana.
"Acredito que tenha algum ponto de contato com o espectador, que encontra algo semelhante em sua vida ou conhece alguém parecido", continuou. "Temos isso em toda a América Latina: o cara que é esperto o bastante para não pagar o aluguel, o menino que não é muito inteligente e passa fome. É universal, e os personagens não são totalmente bons ou maus, mas têm lados luminosos e sombrios, assim como somos todos. Acima de tudo, acho que Chaves, o personagem principal, é um menino que não tem nada, nem pai e nem mãe, mas é otimista."