No novo voo mais longo do mundo, passageiro verá o dia amanhecer duas vezes
Após anos de espera, o novo voo mais longo do mundo deverá sair do papel — e cruzar os ares — na metade de 2026, anunciou a presidente da companhia aérea australiana Qantas Airways, Vanessa Hudson, à revista americana Forbes.
Os dois novos trechos, de Sydney a Nova York (nos EUA) ou Londres (Reino Unido), poderão atingir até 22 horas ininterruptas de viagem no ar, sem escalas, dando ao passageiro a oportunidade de ver o amanhecer duas vezes sem sair do avião.
O Projeto Amanhecer
Quebrar o recorde de voo comercial direto mais longo do mundo — atualmente, este título é da rota Singapura-Nova York da Singapore Airlines, que dura quase 19 horas — é uma ambição antiga da Qantas. Em 2017, a companhia lançou o seu Project Sunrise (Projeto Amanhecer), com o objetivo de comercializar novas rotas de voos de quase um dia inteiro a partir de 2022, mas o prazo se tornou utópico devido à pandemia.
Em 2023, o jornal britânico The Telegraph entregou que a Qantas já estava trabalhando junto com a Boeing e a Airbus por versões atualizadas do Boeing 777 e do Airbus A350, aeronaves de grande porte que realizariam estas viagens. Entre os trechos programados estavam não só as ligações entre Austrália e EUA ou Reino Unido, mas também com a Cidade do Cabo, na África do Sul e também o Rio de Janeiro, no Brasil.
Mais espaço para voar por longas horas
Ainda de acordo com a Forbes e o jornal britânico Metro, a Airbus levou a melhor e firmou uma parceria com a Qantas para criar uma linha de 12 aviões adaptados do Airbus A350-1000, bem mais amplos que os tradicionais. O motivo? Quem viaja por tantas horas seguintes precisa de espaço, justamente para evitar problemas de saúde a bordo — como os circulatórios — pela falta de movimentação.
Mais de 40% do espaço das aeronaves do Project Sunrise será ocupado com cabines "Premium" — isto é, seis suítes de Primeira Classe, 52 suítes 'Business' (ou executivas) e 40 assentos Premium Economy. Já os outros 60% da aeronave comportarão 140 assentos de classe econômica convencionais e um espaço de bem-estar.
Quem voa de Primeira Classe já terá mais espaço garantido, porque a suíte fechada (como um quarto) oferecerá ao passageiro uma cama, poltrona reclinável, espaço de trabalho para até duas pessoas e um guarda-roupa. Haverá no espaço outros mimos e confortos como uma tevê de 32 polegadas touchscreen com Bluetooth e iluminação LED; a cama ainda contará com um encosto ajustável para quem quiser tomar café sem sair dela.
Aqueles que voarão pela econômica não ficarão sem comodidades também. A tela da central de entretenimento das poltronas terá touchscreen e portas USB-C para recarga de aparelhos como celulares. Além disso, o bilhete da econômica dará acesso ao espaço de bem-estar do voo, onde haverá uma espécie de bar self-service com bebidas e uma área para esticar as pernas com capacidade para oito a 10 pessoas por vez.
Como parte da estratégia de modernização da empresa, os A380 da frota receberão uma remodelação — mas será a última. Eles devem voar por apenas mais seis ou sete anos, segundo Hudson, quando serão aposentados de vez. Atualmente, esta é a maior aeronave comercial do mundo, mas sua última unidade foi fabricada pela Airbus em 2021, quando foi entregue a Emirates.