IA? Nada disso! Jovem 'viciado' no TikTok é o que pode mudar Google de vez
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Como o Google chegou ao Brasil após comprar empresa de professores; Dar um Google na Britney Spears nunca foi tão difícil; Dilema da busca: ser ou não ser TikTok)
Talvez não seja o avanço da inteligência artificial o que tira o sono dos executivos do Google quando pensam no futuro das buscas na internet. Tampouco não são plataformas digitais, como Amazon e TikTok, terem virado fonte de pesquisas online para milhões de pessoas.
O que preocupa mesmo o Google é o comportamento das novas gerações de jovens, acostumados a tal ponto a usar TikTok que já não querem outra coisa, comenta o engenheiro Berthier Ribeiro-Neto, diretor de engenharia do centro de tecnologia do Google no Brasil por 19 anos.
Não vemos que isso está tendo um impacto negativo nas buscas, mas, se essas pessoas estão tendo uma experiência que é muito visual, quando se tornarem adultas, vão querer aquela experiência na busca ou vão se conformar com o que o Google tem?
Berthier Ribeiro-Neto
Em conversa com o Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Ribeiro-Neto comenta que esses jovens, usuários intensivos do TikTok, passam a preferir uma experiência audiovisual, distante do que a busca do Google entrega hoje.
Esse é um problema que vem sendo discutido dentro da Google há bastante tempo
Berthier Ribeiro-Neto
Ainda assim, a resposta para essa demanda futura pode não ser apenas transformar o Google em uma plataforma mais próxima do TikTok, completa.
Não é simples. A máquina de buscas tem uma experiência, e as pessoas têm uma expectativa. Se mudar radicalmente o produto, transformá-lo em um TikTok, você vai frustrar um bilhão de pessoas
Berthier Ribeiro-Neto
O problema não para aí. TikTok, Amazon e outras plataformas digitais populares de comércio eletrônico têm sido apontadas como rivais do Google em algo que a empresa é líder absoluta, a busca online.
No caso do TikTok, por exemplo, analistas detectaram que muitos jovens, usuários para lá de intensivos do aplicativo, recorrem à busca interna para encontrar qualquer conteúdo, de tutoriais a informação. Algo que antes seria feito no Google.
Já o caso da Amazon é mais problemático. Pois não tem a ver apenas com comportamento, porque a empresa de Jeff Bezos já ganha bilhões de dólares com publicidade em sua busca interna.
Para Ribeiro-Neto, porém, há uma diferença crucial: o Google desempenha o papel de ajudar indecisos a tomarem uma decisão, enquanto a Amazon é uma aposta mais certeira se a pessoa já sabe o que quer.
Frequentemente você não sabe o que quer comprar; quando sabe, a experiência na Amazon é muito melhor
Berthier Ribeiro-Neto
Ribeiro-Neto deixou o Google em julho após 19 anos acompanhando por dentro os dilemas, as soluções adotadas e as inovações da Big Tech norte-americana. Agora, ele é o diretor de tecnologia da UME, startup que opera no setor de crédito para pequenas e médias empresas varejistas. Fundada por seu filho, Berthier Ribeiro, a UME já atende mais de 2 mil empresas.
Como brasileiros salvaram Google de erro global que americanos desconheciam
O engenheiro Berthier Ribeiro-Neto, primeiro funcionário do Google no Brasil, foi diretor de engenharia do centro de tecnologia da empresa no país por 19 anos. Durante esses anos, viu o motor de buscas se tornar fundamental para a internet. Não só viu como ajudou a construí-lo.
Em entrevista ao Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Ribeiro-Neto conta que sua equipe detectou um erro que acontecia em todo mundo, mas havia passado despercebido pela equipe da Califórnia, sede do Google.
O trabalho de um engenheiro do Google no Brasil não é o de tropicalização, é o de desenvolver funções e produtos com impacto global
Berthier Ribeiro-Neto
Como o Google chegou ao Brasil após comprar empresa de professores
Era bom para a universidade, era bom para a cidade, para o estado e para o país. Tinha que fazer e nós fizemos
Berthier Ribeiro-Neto
As digitais do engenheiro Berthier Ribeiro-Neto estão presentes na chegada do Google ao Brasil no começo dos anos 2000. Ele e outros professores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) são os fundadores da Akwan, empresa de buscas que fez tanto sucesso que acabou chamando a atenção da companhia norte-americana.
Neto contou como ocorreu a aproximação com a Google, na época uma empresa em potencial, mas longe de ser a Big Tech que é hoje.
O interesse culminou na aquisição da empresa de Berthier, que virou o primeiro funcionário do Google no Brasil. Ele foi diretor de engenharia do centro de tecnologia da companhia no Brasil durante 19 anos até decidir sair em julho deste ano. Essa é a primeira entrevista após deixar a empresa.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.