Protagonismo negro na novela das 7 gera conexão poderosa com o público
Pela primeira vez, as três novelas inéditas da Globo trazem protagonistas negras simultaneamente, marcando um momento histórico na teledramaturgia brasileira. André Câmara, diretor artístico de "Volta por Cima", atual trama das sete, destaca em entrevista para Splash que essa representatividade tem gerado uma conexão poderosa com o público.
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Retrato do subúrbio carioca em "Volta por Cima"
Escrita por Claudia Souto, "Volta Por Cima" tem conquistado o púbico ao mesclar uma narrativa envolvente com uma concepção visual rica e autêntica do subúrbio carioca. André Câmara explica que a ambientação na fictícia Vila Cambucá foi construída a partir de referências reais e vibrantes da cultura local.
Nos inspiramos no comércio local, nas festas de rua, na música dos bares e nas interações cotidianas, como [nas conversas] no transporte público ou nas esquinas. Referências como o baile charme de Madureira, o Jongo da Serrinha, o jogo do bicho, o Carnaval, o Mercadão de Madureira, a Igreja da Penha, o forró, o bate-bolas e as rodas de samba.
A direção de arte da novela, sob Billy Castilho, buscou elementos visuais marcantes, como nas cores de Pedro Almodóvar. Incluiu as obras de Zeh Palito, artista visual que celebra a positividade e o cotidiano das comunidades. Segundo Câmara, "essas escolhas reforçam a conexão com a realidade de quem vive e valoriza o subúrbio, mostrando sua força cultural, alegria e criatividade."
Com mais de 20 anos de carreira, André Câmara já esteve à frente de produções como "Amor Perfeito", "Lado a Lado" e "Órfãos da Terra", ambas vencedoras do Emmy Internacional. Ele comenta que "Volta por Cima" tem recebido retornos positivos do público.
Um comentário que me emocionou foi o de uma mãe. Ela disse que, ao ver o casal protagonista, sentiu que sua filha podia sonhar em ser heroína da própria vida. Outra contou que sua filha, inspirada na personagem Madalena, decidiu usar o cabelo natural. André Câmara
Câmara ressalta a relevância de uma televisão que reflita a diversidade do país. "Esse tipo de conexão é muito poderosa, lembrando a importância de uma televisão que dialogue com um Brasil onde 56% da população é negra. O público de hoje quer se ver bem representado na tela, se reconhecer, se inspirar e sonhar."