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'Deixei o boy controlar, em público, um vibrador na minha calcinha'  

Você toparia? - Getty Images
Você toparia? Imagem: Getty Images
do UOL

De Universa, em São Paulo*

16/11/2024 19h00

"Tudo tem a ver com sexo, menos sexo. Sexo é sobre poder." A frase de Oscar Wilde (1854-1900) ganhou um novo sentido quando pensamos que há um vibrador de calcinha que pode ser controlado através de um aplicativo de celular.

Esse tipo de brinquedo sexual não é exatamente uma novidade —apareceram até em cenas de filme, como "De Pernas pro Ar". A grande evolução é mesmo o aplicativo que funciona como um controle remoto. Houve também melhora na potência e no design, mais discreto, que permite que ele seja usado com lingeries diferentes.

Para saber se o aparelho merece o burburinho que ganhou, a jornalista Julia* deixou o boy controlar, em público e em três ambientes diferentes, o tal vibrador de calcinha. Além dos orgasmos, e experiência também rendeu um aprendizado: tesão e poder nunca tiveram uma relação tão direta.

Como usar o vibrador de calcinha

O vibrador de calcinha da Satisfyer custa cerca de R$600 - Vibre Mulher - Vibre Mulher
O vibrador de calcinha da Satisfyer custa cerca de R$600
Imagem: Vibre Mulher

O brinquedo, cujo nome oficial é "Sexy Secret Panty Vibrator", pode ser usado como vibrador comum, no qual você liga e controla a frequência. Para fazer o controle à distância, é preciso fazer o download do app da Satisfyer, a fabricante. Com o aplicativo, dá para experimentar algumas funções diferentes, como fazer o brinquedo seguir as batidas de uma música ou do som ambiente e - é claro - permitir que outra pessoa assuma o controle dele. A desvantagem é o preço, em média, R$ 600.

Aos testes! Primeiro local: bar

Casal sentado lado a lado em bar - Getty Images - Getty Images
Casal sentado lado a lado em bar
Imagem: Getty Images

Solteira na pandemia, eu pensava que a maior dificuldade seria achar um boy de confiança para testar o vibrador comigo. Mas o desafio mesmo foi achar uma calcinha que me deixasse à vontade e segura com o aparelho. Como ele não fica preso à lingerie, é preciso vestir roupas justas.

Para garantir a fixação do brinquedo no lugar certo (no clitóris, para ser mais exata), optei pela combinação calcinha + body + short jeans. Ok, perfeito! Convidei o boy para um barzinho, avisei sobre o brinquedo e fiz o desafio. Meu prazer estava nas mãos dele, literalmente.

É estranha a sensação de ser estimulada em público, com pessoas ao redor. No bar, um rock tocava ao fundo e a primeira função testada foi a do aparelho seguir as batidas da música. Foi difícil disfarçar o tesão, mas deixo aqui uma dica útil: a máscara facial pode ser uma boa aliada nesses momentos.

Fomos ao local com outros três amigos e, cada vez que um deles tentava conversar comigo, o boy aumentava a frequência do vibrador. Tortura? Sim, mas confesso que gostei. O primeiro orgasmo veio depois de uns 30 minutos de estímulo e o segundo veio em seguida. Consegui disfarçar bem, apesar dos suspiros e das mordidas nos lábios. O tesão no olhar do meu companheiro, porém, era visível.

Quantidade de orgasmos: 2

Pôr do sol na praia

O vibrador Satisfyer Sexy Secret Panty - Vibre mulher - Vibre mulher
O vibrador Satisfyer Sexy Secret Panty
Imagem: Vibre mulher

Decidi testar o aparelho ao ar livre. Convidei o boy para ver o sol se pôr na praia e, no caminho, pedi para ele abrir o aplicativo da Satisfyer, porque estava usando o aparelho. Com uma expressão surpresa, ele respondeu sim, sorrindo.

Levei uma canga, encontrei um lugar mais afastado de outras pessoas e me deitei ao lado dele. Como estava só de maiô e shorts, o aparelho não ficou estabilizado e começou a sair do lugar. Apesar da vista e do momento encantador, não consegui sentir prazer por causa disso. Ainda assim, a preliminar malsucedida deixou aquele clima de "quero mais" que foi solucionada sem a ajuda de um aplicativo.

Quantidade de orgasmos: 0

Restaurante

Restaurante é um clássico. Me senti a própria Sally, do icônico filme "Harry e Sally". Depois de um drinque, fui ao banheiro e voltei com o aparelho entre as pernas. Já encorajada pela bebida, só pedi para meu companheiro ligar o aplicativo e dar início aos jogos. "Hoje é com você, de novo."

O aparelho apresentou problema na hora de conectar, mas depois de algumas tentativas, a brincadeira começou de fato. Com 20 minutos de estímulo, entre a entrada e o prato principal, gozei. Com um beijo, agradeci meu companheiro que, também levemente alterado pelo álcool, respondeu estar excitado. O poder, senhoras e senhores, é o maior afrodisíaco da história.

Quantidade de orgasmos: 1

Vibrador não é inimigo, é aliado

Historicamente, as mulheres (principalmente as heterossexuais) estão acostumadas a deixar o próprio prazer nas mãos do homem. Isso, porém, não é saudável e, graças as mudanças culturais e sociais provocadas pelo feminismo (obrigada, terceira onda do movimento!), o debate sobre prazer está permitindo a independência sexual feminina.

Porém, não é preciso achar que está se rendendo ao machismo por dar o controle do seu vibrador para um homem. Sexo é uma brincadeira, é um ato lúdico. Muitas mulheres poderosas se sentem confortáveis quando perdem o controle na cama. É onde elas finalmente relaxam e ficam menos tensas.

Prazer do parceiro

A publicitária Nathalya Zielinski (23) também usou o vibrador de calcinha - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A publicitária Nathalya Zielinski (23) também usou o vibrador de calcinha
Imagem: Arquivo pessoal

A publicitária Nathalya*, de 23 anos, também experimentou o vibrador de calcinha. Em entrevista, ela contou que já usou o sex toy cinco vezes, todas acompanhada. "Me lembro até hoje de quando entreguei o celular na mão do meu namorado e contei da novidade. Ele ficou me vendo sentir tesão e aquilo também o excitou."

Eu achava que não ia dar em nada por ser um aparelho pequeno. Mas, como eu estava curiosa, decidi testar. Sempre via personagens de filmes usando o sex toy e nunca achava que seria tão bom. É babado, bom demais - Nathalya

Nathalya usou o brinquedinho em público uma vez, mas "ficou com vergonha" e não conseguiu aproveitar o momento. Perguntei como o boy dela reagiu. "Ele sentiu que o poder estava na mão dele. Gostou, viu que o vibrador é um aliado, não um inimigo."

A lição que fica é na batalha pelo orgasmo, o grande poder está nas mãos de quem pensa no prazer do parceiro.

Fonte: Cláudia Renzi, sexóloga

*Com matéria publicada em 08/09/2021

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