"Sabemos que esse é um grande dia para vocêsl. Nada de eleições americanas. Foi o dia em que o Oasis conformou seus shows aqui", disse Fran Healy, vocalista do Travis, para um público emocionado na noite desta terça-feira (5), em São Paulo.
Havia tantos fãs com camisa do Oasis quanto do Travis lotando a Audio, casa de shows com capacidade para 3.200 pessoas. Foi uma festa nostálgica em um dia especial para os fãs da onda de pop-rock inglês que tomou o mundo entre a metade dos anos 90 e comecinho dos 2000.
Sucessos
Os fãs, todos aparentemente na faixa dos 30 e tantos ou 40 e poucos, entenderam quando o simpático Healy disse que iria tocar músicas do álbum mais recente, "LA Times", mas não esqueceria as antigas, que obviamente eram o motivo para todos estarem lá.
"Writing to reach you", de 1999, foi acompanhada do discurso que abre esse texto e mais um caso sobre como Noel Gallagher, líder do Oasis e admirador de primeira hora do Travis, chamou a banda para fazer turnê mesmo que a faixa tire sarro e roubei acordes do seu maior hit, "Wonderwall".
Ele tocou um pedaço da música do Oasis no meio da sua. Claro que Healy sabe que a banda de Gallagher é mil vezes maior do que a sua. A contraposição é interessante: mostra como o Travis sempre foi desencanado com a megalomania que acometeu seus colegas de geração — no início, eram também comparados ao Coldplay, que ficou ainda mais distante hoje.
Eles sempre se concentraram em nas melodias redondas com pequenas inquietações filosóficas ("Driftwood", "Side"), romantismo ("Closer"), algum humor ("Writing to reach you"), lamentos em geral ("Why does It always rain on me", o hit que marcou a carreira) e, lá no início, barulheira à la Oasis ("Good Day To Die").
Low profile
Tudo com muita emoção dentro das músicas e nenhuma na carreira, com estabilidade inversamente proporcional à do Oasis. Se as melodias estão entre as melhores e mais típicas do britpop, a postura low profile, que aparece durante todo o show, marca a diferença do Travis em sua geração.
O momento em que o quarteto se junta no centro do palco para cantar só com coro e violão "Flowers in the window" é a cara do talento sem complicação e da simpatia do Travis. A cover de "Baby one more time", de Britney Spears, passa o recado que o Travis dá desde o começo: somos boa música pop e nada mais.