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'Minha escola foi a rua': Thais Macedo exalta as mulheres no pagode

Imagem do projeto da cantora Thais Macedo, "Resenha das Minas 2" - Divulgação
Imagem do projeto da cantora Thais Macedo, "Resenha das Minas 2" Imagem: Divulgação
do UOL

Tarso Oliveira

Colaboração para Splash, em São Paulo

01/11/2024 19h00

Foi ao ar, no último dia 18, o volume 2 do projeto "Resenhas das Minas", o mais recente lançamento da cantora Thais Macedo, que contém participações das cantoras Amanda Amado e Mannda Lym.

O artista, que usa uma banda composta apenas por mulheres, disse a TOCA que o projeto é uma realização pessoal colaborando para um coletivo de mulheres que vem buscando espaço na cena do pagode, dando continuidade à trajetória de mulheres como Jovelina Pérola Negra, Leci Brandão, Beth Carvalho, Clara Nunes.

Quem é Thais Macedo?

Nascida em Macaé e criada nas cidades de Conceição de Macabu e Rio das Ostras, Thais Macedo é uma família de músicos e compositores, principalmente da parte do seu pai.

Na adolescência, frequentando o restaurante Casa da Praia, na cidade do Rio de Janeiro, começou a se destacar como intérprete em rodas de samba participando de shows de Diogo Nogueira e Arlindo Cruz, e convivendo com grandes artistas da velha guarda como Monarco, Mauro Diniz e Luiz Carlos da Vila.

A artista comenta que a maior escola musical dela foi a "rua", frequentando locais históricos do samba, como na quadra da Portela, no Samba do Trabalhador e Samba Luzia. As famosas canjas nesses pagodes trouxeram convites para projetos musicais como da Rádio Mania proporcionando espaço para gravações de músicas autorais.

Eu não sei o que seria da minha vida sem música. Já nasci dentro de um ambiente musical por conta da minha família e não consigo lembrar da existência da Thais Macedo sem ter música no meio. Ter o apoio deles foi fundamental e um alicerce para construção da minha carreira. A minha escola foi a rua. Me comunicando com a comunidade trouxe um crescimento artístico e profissional muito grande. Para trabalhar profissionalmente com a música, primeiro você tem que viver a atmosfera.

Essas participações geraram o desenvolvimento do seu primeiro disco da carreira intitulado "Borogodó", produzido por Wilson Prateado em 2015, até chegar a gravadora Som Livre no ano de 2022 com o álbum "Mil Maravilhas", que teve participações Mumuzinho, Marvilla e Cynthia Luz.

A a cantora destaca que o repertório do samba tradicional é o seu pilar como cantora, mas diz que gostaria de encontrar a sua faceta musical explorando outros caminhos e experimentações dentro do pagode por ser uma intérprete que sempre consumiu outros estilos musicais.

Rolou uma certa resistência do público que me acompanhava cantando os sambas tradicionais, mas eu gostaria de mostrar minha arte de uma forma mais autêntica e original, com outros elementos que eu sempre ouvi e consumo. Esses projetos foram um pontapé inicial muito importante para a construção da minha música, para viver o que estou vivendo hoje!

Thais Macedo - Divulgação - Divulgação
Imagem do projeto da cantora Thais Macedo, "Resenha das Minas 2"
Imagem: Divulgação

Sobre 'Resenha das Minas'

A artista afirma que a diferença do cenário musical para homens e para mulheres não acontece apenas em relação a espaço, mas também na parte financeira. Apesar disso, o disco surge de forma despretensiosa e traz um resgate da sua origem familiar musical. Trazendo um ambiente leve, festeiro, colocando mulheres na roda cantando pagodes marcantes.

Com o sucesso do primeiro volume, o volume dois veio com uma estruturação maior com parceiros e também incluindo novos Pot-pourris de clássicos como "Eu Vacilei/Estrela da Paz" e a faixa inédita "Fuso Horário". Com mais de 30 milhões de players, o álbum vem se tornando um divisor de águas na sua carreira, mesmo ter surgido de forma despretensiosa trouxe a verdadeira energia do pagode que é a definição clara das reuniões de amigos cantando samba!

"Mulheres como Tia Ciata, Dona Ivone Lara e Clementina de Jesus quebraram muitas barreiras para que o 'Resenhas das Minas' existisse hoje! Temos uma falta de presença feminina no pagode a partir dos anos 2000, era muito menor do que a presença dos homens. Sinto que o projeto foi um desafio importante para nós, mulheres no samba!"

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