Fantasia sexual: 7 perguntas que você deve se fazer antes de realizar uma
Nem sempre o tesão incontrolável deve servir como justificativa para vivenciar algo que há muito tempo ocupa os seus desejos e sonhos. Ponderar sobre as consequências para a relação e para si mesma é fundamental para não se frustrar nem provocar conflitos na vida a dois.
Por que quero realizar essa fantasia?
É importante descobrir o que a motiva. Curiosidade? Vontade de imitar alguma cena de filme ou seriado? Desejo de experimentar depois de ouvir a história de alguma amiga? Necessidade de provar algo a alguém ou a si mesma? Ao responder —com sinceridade— essa pergunta, você se torna mais capaz de se dispor (ou não) a realizá-la.
É um desejo meu ou quero agradar alguém?
A educação machista que ainda persiste na sociedade, independentemente de gênero, costuma levar muitas mulheres a acreditar na ideia errada de que precisam fazer de tudo —principalmente na cama— para agradar o parceiro.
Assim, mesmo que de maneira nem sempre consciente, o desejo em satisfazer o par pode confundir seus verdadeiros anseios e expectativas e fazer com que, mesmo desconfortável, você assuma a fantasia do outro como sua também. É uma atitude perigosa, pois pode causar justamente o efeito contrário, provocando traumas e conflitos no relacionamento.
Meu par quer realizá-la?
Da mesma maneira que você não deve se sentir coagida a realizar uma fantasia que não sabe direito se deseja, evite forçar alguém a ultrapassar barreiras que não quer ou não tem condições de superar. É preciso haver consenso, caso contrário, a chance de tudo dar errado é enorme.
Posso lidar com as consequências dessa fantasia?
Essa questão é crucial, porque muita gente considera apenas o imediatismo da questão - obter prazer - e não pondera sobre os resultados futuros. Dependendo da fantasia, tirá-la do plano da imaginação pode mudar completamente a forma como você lida com a própria sexualidade e/ou como o casal se relaciona, positivamente ou negativamente.
Em situações que envolvem outras pessoas - mènage a trois, troca de casais, experiências com alguém do mesmo sexo - o risco é ainda maior, pois pode detonar sentimentos de ciúme, raiva e rejeição. A decisão deve ser tomada com firmeza, assim como a relação a dois precisa ser forte o suficiente para sobreviver caso surjam ruídos. É o tipo de questionamento que ajuda a revelar seu nível de maturidade dentro de um relacionamento, por exemplo.
Estou disposta a lidar com uma possível frustração?
Não é toda fantasia que dá certo. Em alguns casos, a prática acontece de modo totalmente diferente da planejada. Às vezes, um dos dois achava que se sentiria seguro, mas na hora se arrepende. E, ainda, a fantasia pode até se iniciar, mas chegar até o fim.
Os envolvidos devem estar preparados para entender o outro, caso um deles desista. Portanto, pensar sobre uma possível frustração, não só a respeito do que pode não dar certo fisicamente, mas também emocionalmente, é muito importante.
Que benefícios essa fantasia trará para minha sexualidade?
Essa pergunta, na verdade, rende alguns desdobramentos. Você deve se perguntar, por exemplo, se realizar a fantasia vai aumentar sua autoestima por ter consciência de que sabe criar desafios e resolvê-los.
É uma forma de romper algum tabu que há tempos a incomoda? Pode ajudá-la a se soltar mais na cama ou no relacionamento? É uma maneira de alimentar a sua libido? Você Pode ser o início de uma nova forma de ver a vida, mais aberta e com mais possibilidades de ser feliz.
Que benefícios meu relacionamento pode ter?
Se questionar sobre a ação/reação que a fantasia sexual produzirá em seu relacionamento é essencial, pois nem sempre pode se tratar de algo simples. Refletir sobre as consequências que poderão surgir dentro do relacionamento é se preocupar com o outro e consigo mesmo.
A função do sexo é dar e receber prazer, mas numa relação estável ou monogâmica é preciso também pensar em vínculo, cumplicidade, confiança mútua. E, claro, no impacto para o dia a dia do casal.
Fontes: Nelly Kim Kobayashi, ginecologista e sexóloga; Raquel Fernandes Marques, psicóloga; e Ricardo Desidério da Silva, educador sexual e sexólogo
*Com matéria publicada em 2 de abr. de 2019