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Conheça três novas habilidades que o yoga pode ensinar durante a gestação

Você sabe que pode e o que não pode na prática de Yoga durante a gestação? - Getty Images
Você sabe que pode e o que não pode na prática de Yoga durante a gestação? Imagem: Getty Images
do UOL

Beatriz Zogaib

21/10/2024 05h30

Quais os principais benefícios da prática de Yoga na gravidez? O que ela faz pela mulher e pelo bebê? Ajuda no parto? E no pós parto? Todas suas dúvidas serão devidamente respondidas, mas antes, que tal se inscrever na newsletter de Materna, colocando seu e-mail e semana de gestação no box abaixo você recebe textos semanais para ter conselhos cheios de informação.

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Para começo de conversa, você sabia que Yoga significa união? União consigo mesma. Com o Universo. Com o Divino - independentemente de religião. A prática acabou ficando conhecida como uma atividade física, mas é essencial ter consciência de que suas posturas movimentam mais que os músculos, elas movimentam energia. Há contraindicações e cuidados a serem tomados, não proibitivos, mas que garantem sua saúde, segurança e o melhor da prática.

Quando a mulher conhece mais seu corpo e como as energias e emoções correm por ele, ela respeita mais seus limites e consegue sentir mais liberdade para viver esse momento de forma plena, confiante e realizada. A gestação e o parto podem e devem ser eventos amorosos, familiares, divertidos, profundos e iniciáticos, e o Yoga é tudo isso, ensina o corpo a recepcionar essa experiência.Carla Labate, professora de Yoga Sahaja e Kriya Yoga, especialista em experiência somática e aulas para gestantes

Segundo a especialista, a gestação e o trabalho de parto podem ser experiências profundamente espirituais, onde nossos instintos se conectam com nossa intuição. É como um rito na vida da mulher, que embarca em uma profunda jornada de autoconhecimento. "E essa é a essência do Yoga", diz ela.

Mas, claro, você quer saber dos benefícios práticos, certo? Em resumo, o Yoga atua no sistema respiratório, circulatório, nervoso e endócrino, promovendo mais saúde e bem-estar para corpo e mente. A prática ajuda a reduzir o estresse físico e mental e a expandir a sensação de calma, confiança e conexão - o que cria um ambiente muito mais saudável para o desenvolvimento do bebê.

"As posturas (asanas) bem realizadas, proporcionam mais flexibilidade e tônus para o corpo, e relaxam as tensões musculares, aliviando desconfortos físicos e emocionais. Esse processo cria uma circulação energética que aumenta nossa disposição e vitalidade", explica Carla. Sem falar no papel fundamental de tudo isso na hora do nascimento.

Isso porque o parto pode ser uma experiência intensa e sutil, que exige o que há de mais natural em nós. "Como professora de Yoga Somático, eu sinto que as práticas gentilmente acostumam as mulheres com a liberdade de ser mais selvagem, ou seja, mais conectada com sua verdadeira natureza e expressão espontânea - algo que estamos precisando recuperar depois de tanta repressão."

Carla Abate e sua aluna depois de aula de Yoga - Kim Riccelli - Kim Riccelli
Carla Abate e uma de suas alunas gestantes, Marina Campolina, depois de aula de Yoga
Imagem: Kim Riccelli

Práticas específicas para gestantes podem contribuir muito para a preparação da musculatura do assoalho pélvico, que sustenta mais peso durante a gestação: ele precisa estar forte, mas ao mesmo tempo flexível, para o parto, e o pós-parto. Pode fechar os olhos e visualizar: a prática, naturalmente, aumentará a confiança na sabedoria inata do seu corpo, o que será benéfico independente da via de parto. Ela pode te ajudar, inclusive, a sentir o caminho certo para você, a ouvir e respeitar seu corpo durante o trabalho de parto.

Por falar em visualizar, as práticas de meditação, visualização e mentalização são técnicas muito poderosas para nos preparar para qualquer momento da vida, e nesta fase não seria diferente. "As mães que praticaram Yoga na gestação descrevem o quanto as mentalizações sobre seu parto as ajudaram nessa travessia e ampliaram sua conexão consigo mesmas e com o bebê", conta a professora.

A respiração consciente (pranayama) pode ser sua maior aliada no momento do parto, além de ser uma ferramenta para ser usada sempre que precisar aliviar sintomas de ansiedade, tão comuns na gestação. Assim, o Yoga amplia a capacidade de autorregulação do sistema nervoso e facilita lidar com as transformações gestacionais e com o processo do parto.

Conheça benefícios e desenvolva novas habilidades

Praticar yoga pode ser muito proveitoso durante a gestação, mas confirme a liberação para a prática com seu obstetra - Getty Images - Getty Images
Grávidas fazem yoga juntas/ Gestantes meditando
Imagem: Getty Images

Na gravidez, são recomendadas práticas leves, acolhedoras com o corpo e emoções, e sempre gentis, respeitando os limites do corpo da mulher. São muito indicadas posturas que preparam o corpo para o parto, com foco na abertura do quadril, fortalecimento, alongamento e relaxamento do assoalho pélvico. São muito bem-vindas também posturas que proporcionam liberação de tensão de toda musculatura conectada com a região do sacro, que desempenha um papel vital na estabilidade, movimento e suporte da coluna vertebral e da pelve.

Posturas que massageiam os órgãos internos vão aumentar a sensação de alívio das pressões internas. Posturas que massageiam e tonificam a musculatura lombar também são muito indicadas, por ser uma região que a mulher pode sentir desconfortos por conta do peso da barriga. São ótimas ainda as posturas que aumentam a circulação das pernas e pés, sem intensidade, pois são áreas que muitas gestantes relatam que sentem inchaço. E desfrute de posturas meditativas e relaxantes!

"A prática é um momento em que a gente dedica pra estar em contato com nosso corpo e todas as emoções que correm por ele, ou seja, todas as informações que estão passando pelo nosso sistema nervoso e regem nossa relação com o mundo interno e externo", salienta Carla. Isso nos ajuda a desenvolver três habilidades:

  1. Regulação emocional: Amplia a sensação de segurança e autoconfiança e acolher emoções desafiadoras, possibilitando liberação de cargas de medo que podem estar no corpo.
  2. Resiliência mental: Aumenta a nossa capacidade de lidar com desconfortos e momentos desafiadores, proporcionando uma sensação de firmeza interna e ampliando a sensação de empoderamento.
  3. Liberdade no corpo: É a habilidade de fazer ajustes espontâneos no corpo, pra tornar ele o mais confortável possível, criando espaço e aliviando tensões.

Saiba que, com a prática, o corpo vai produzir mais hormônios ligados à felicidade, confiança, tranquilidade e bem-estar, o que interfere diretamente na disposição e estado físico, mental, emocional e espiritual da gestante e - consequentemente - na saúde e formação do bebê. "O Yoga é um dos maiores presentes que você pode dar a si mesma e ao seu bebê durante a gestação", acredita Carla.

É importante lembrar que cada linhagem de Yoga tem diferentes metodologias e práticas. Apesar de no Brasil a maioria do público que pratica Yoga ser de mulheres, Carla conta que existem muitas linhagens originalmente desenvolvidas por homens e para homens. A dica é ficar atenta se sua prática não é muito masculina, perceber os sinais do seu corpo sobre como você se sente em cada momento, não exagerar, e sempre sentir-se no direito e à vontade para adaptar tudo o que precisar, com orientação.

"Eu recomendo linhagens de Yoga Somático para gestantes, pois são práticas simples, sutis, gentis e ao mesmo tempo profundas, que adaptam respeitosamente as posturas a realidade do corpo de cada mulher, a cada dia. A linhagem de Yoga Sahaja tem essa abordagem somática", conta Carla. Outras linhagens indicadas são: Yoga Restaurativo para gestantes, onde cria-se um ambiente para um profundo repouso e restauração do sistema nervoso, o Yin Yoga e algumas práticas da Kriya Yoga.

Se sua prática estiver muito forte ou desconfortável fisicamente, desconfie. Não é o ideal, pois isso pode te gerar estresse.

Nem tudo são flores, adapte o que for preciso

O que (quase) ninguém diz é que nem tudo no Yoga funciona para gestante e, que - por isso - é essencial ter aulas com quem entende do assunto, preferencialmente profissionais que atuam com gestantes há bastante tempo e se dedicam a estudar essa fase tão importante na vida da mulher.

O Yoga é uma sabedoria milenar que circula energia CHI pelo corpo, e portanto, movimenta nosso campo eletromagnético. E algumas técnicas podem ser muito fortes para o momento da gestação. Infelizmente, não é incomum professores não terem esse conhecimento, e transmitirem práticas que parecem inofensivas, mas que podem afetar o desenvolvimento do bebê. Carla Labate, professora de Yoga Sahaja e Kriya Yoga, especialista em experiência somática e aulas para gestantes

Portanto é extremamente necessário procurar um professor de Yoga qualificado e responsável. E entender o que pode ou não pode desde já. É seguro praticar Yoga durante toda a gestação, mas sempre com liberação médica, um professor especialista em gestantes e com adaptação para cada trimestre.

No primeiro trimestre, por exemplo, tudo deve ser muito leve e tranquilo, com foco em práticas restaurativas e meditativas. A partir de 12 semanas, aumenta a quantidade de asanas (posturas) recomendadas para gestantes e, nessa fase, a mulher mais tem possibilidade de se fortalecer, relaxar e alongar, preparando seu corpo para o parto.

No terceiro trimestre pode ser necessário fazer algumas ou muitas adaptações, dependendo da mulher, pois cada gestação é única. E, nas últimas semanas, o foco do Yoga deve retornar às práticas restaurativas, preparando o corpo e mente da mulher que se aproxima do parto.

Durante todas as quarenta semanas, porém, posturas que sustentam o peso do corpo na musculatura abdominal não são recomendadas, bem como sequências muito fortes que podem exigir do abdômen ou comprometer o equilíbrio ou a musculatura do assoalho pélvico. Além disso, Carla explica que algumas respirações também não são indicadas durante a gestação.

"Não são recomendadas práticas específicas de Kundalini Yoga, pois são energeticamente muito fortes e podem afetar diretamente o sistema nervoso do bebê. Assim como posturas de equilíbrio, não só pela possibilidade do desequilíbrio, uma vez que o eixo do corpo da mulher está diferente durante a gravidez, mas por também serem posturas proporcionam uma movimentação forte de energia", detalha.

Gestantes também não devem fazer posturas de barriga para baixo (algo mais óbvio, não é?), ou as famosas invertidas, pois além de serem energeticamente intensas, podem comprometer a integridade dos músculos, estrutura óssea, órgãos da mãe e do bebê.

Deve-se ainda ter cautela com posturas sentadas sobre os joelhos, também por seu potencial energético, e com posturas de extensão, flexão e torção da coluna vertebral, que devem ser adaptadas, sempre com muito cuidado e responsabilidade.

"Principalmente se a gestante nunca praticou Yoga, algumas posturas que parecem relativamente simples podem ser desconfortáveis e gerar tensão no corpo. Neste caso, devem ser adaptadas e, em caso de dor, evitadas", recomenda.

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